As empresas enfrentam uma pressão crescente, uma vez que, trabalhadores, candidatos e acionistas exigem cada vez mais diversidade, equidade e inclusão (DEI).
A inclusão é um pilar fundamental da DEI, mas é talvez o mais difícil de gerir. Porquê? Porque a inclusão está ligada aos sentimentos. É sobre pertença, segurança e aceitação e, por isso, é subjetiva e difícil de medir.
No entanto, a sua importância é clara. O nosso estudo Workmonitor 2024 mostra que um local de trabalho inclusivo é muito atrativo, pois é uma das qualidades mais valorizadas por quem procura emprego. E há provas de que ajuda na retenção e nos resultados financeiros.
Neste artigo, vamos explorar o emprego inclusivo com exemplos práticos e daremos ideias para medires e melhorares a inclusão na tua organização.
Porquê apostar no emprego inclusivo?
Investir em DEI, e especialmente na inclusão, não é apenas "ficar bem". É uma estratégia de negócio inteligente. Um ambiente de trabalho verdadeiramente inclusivo traz vantagens como:
- Atração e retenção de talento: profissionais valorizam locais onde se sentem aceites. Um ambiente de trabalho inclusivo atrai mais e melhores candidatos e ajuda a manter os que já tens.
- Inovação e criatividade: equipas diversas e inclusivas trazem diferentes perspetivas, o que fomenta a criatividade e a resolução de problemas.
- Melhor reputação: empresas conhecidas pela sua inclusão ganham uma imagem positiva, o que atrai clientes e parceiros.
- Resultados financeiros: estudos mostram que empresas mais inclusivas tendem a ser mais lucrativas.
O que é a inclusão no local de trabalho?
Gostamos de definir a inclusão como a diversidade em ação. É garantir que cada pessoa pode trazer o seu "eu" para o trabalho. É sentir-se aceite como um membro valioso da equipa. Todos devem sentir que podem dar contributos significativos. Isto aplica-se independentemente do género, etnia, idade, orientação sexual, deficiência ou outros fatores.
A inclusão vai além dos números. Tem que ver com a experiência vivida pelos trabalhadores. Por isso, uma empresa pode ser diversa, mas não inclusiva. Acontece se minorias sentem que não são valorizadas ou se não conseguem contribuir como os seus colegas.
Como é, na prática, um local de trabalho inclusivo?
A inclusão pode ter muitas formas, pois depende da cultura e das pessoas. Mas há qualidades comuns. Vê aqui algumas práticas que podes implementar:
Celebram um vasto leque de feriados
Muitas empresas celebram feriados como o Natal ou a Páscoa, mas podem destacar também outras datas importantes para colegas de diferentes origens (Ramadão, Diwali, etc.). Isto faz com que todos se sintam incluídos e une mais a equipa.
Otimizam a disposição do escritório
Locais colaborativos são comuns. Ajudam a quebrar hierarquias e incentivam encontros casuais, mas, por vezes, grupos diferentes ficam separados. Tenta quebrar essas barreiras físicas. Cria salas de reunião ou descanso partilhadas e incentiva a mistura entre todos.
Permitem que tragas o teu "eu" para o trabalho
Esta expressão é chave. Significa que podes ser tu próprio e agir naturalmente, sem medo de julgamento. Por exemplo, um funcionário homossexual sente-se à vontade para levar o seu parceiro a um evento de trabalho ou um trabalhador religioso reza na pausa sem olhares.
Garantem a acessibilidade e a inclusão de pessoas com deficiência
Um escritório inclusivo é acessível a todos. Infelizmente, muitas empresas falham aqui. A falta de rampas ou elevadores é um problema, assim como, portas pesadas ou secretárias não ajustáveis também o são.
A inclusão de pessoas com deficiência é vital. Num local inclusivo, todos se movem facilmente. Cumprir as quotas de emprego para pessoas com deficiência não é só uma obrigação legal, é um passo crucial. Os benefícios de contratar pessoas com deficiência são imensos para a cultura e inovação.
Os líderes dão o exemplo
O RH pode esforçar-se muito, mas são os líderes que definem a cultura. Se a liderança não praticar o que prega, pouco muda. Líderes inclusivos participam ativamente nas iniciativas DEI e ouvem os funcionários de toda a organização.
Fomentam grupos de recursos (BRGs)
Todos nos sentimos mais seguros em comunidade e, como tal, os Grupos de Recursos Empresariais (BRGs) ajudam. Colegas com passados ou experiências semelhantes reúnem-se, partilham ideias e constroem comunidade. São ótimos para o sentimento de pertença e são uma fonte de informação para a liderança.
Como medir a inclusão no trabalho?
Medir um sentimento é difícil, mas não é impossível nem desaconselhável. Tentar monitorizar a inclusão é essencial.
Realiza inquéritos de inclusão
A melhor forma é perguntar aos teus empregados e receber feedback. Eles sabem se a organização é inclusiva. Usa inquéritos normalizados e regulares ou cria os teus e usa ferramentas especializadas.
Analisa a retenção de talentos
Já deves acompanhar as taxas de saída (ou turnover). Analisa estes dados sob a ótica da inclusão. Certos grupos saem a um ritmo mais elevado? Os problemas de inclusão podem ser a causa. Investiga e identifica potenciais problemas.
Atua com base nos resultados
Fazer inquéritos e não agir pode ser pior pois pode agravar sentimentos de exclusão. Por isso, planeia a mudança antes dos inquéritos e comunica o teu trabalho a toda a organização.
Recrutamento inclusivo: o primeiro passo
Um emprego inclusivo começa no momento da contratação. Um processo de recrutamento inclusivo garante que estás a dar oportunidades justas e que estás a atrair talento diverso. É a porta de entrada para uma cultura mais rica. Queres garantir que o teu processo é o mais inclusivo possível?
Faça download da nossa checklist para um processo de recrutamento inclusivo
Criar um ambiente de trabalho inclusivo é um processo contínuo, não é um destino final. Exige compromisso, escuta ativa e ação constante. Ao investir no emprego inclusivo, não estás apenas a cumprir uma expectativa social, estás a construir uma empresa mais forte, mais resiliente e mais humana.
FAQs - Perguntas frequentes sobre a inclusão no ambiente de trabalho
-
O que é inclusão?
Inclusão é criar um ambiente de trabalho onde cada pessoa se sente segura, aceite, valorizada e capaz de ser ela própria. É garantir que todos podem contribuir plenamente para a equipa, independentemente das suas características individuais (género, etnia, idade, deficiência, etc.).
-
Quais os benefícios de contratar pessoas com deficiência?
Contratar pessoas com deficiência traz imensos benefícios. Aumenta a diversidade de perspetivas, impulsiona a inovação e melhora a resolução de problemas. Reforça a cultura de inclusão, melhora a reputação da empresa e demonstra responsabilidade social. Além disso, permite aceder a um vasto leque de talento muitas vezes subaproveitado.
-
Existem apoios do Estado para a contratação de pessoas com deficiência?
Sim, existem vários. O Estado português, maioritariamente através do IEFP, oferece incentivos. Estes incluem apoios financeiros diretos (muitas vezes majorados). Incluem também subsídios para a adaptação de postos de trabalho e abrangem possíveis reduções na Taxa Social Única (TSU). Recomendamos sempre consultar o IEFP para obter informações detalhadas e atualizadas.
-
Qual a diferença entre diversidade e inclusão?
Diversidade refere-se à representação de diferentes grupos (género, etnia, idade, orientação sexual, etc.) na tua equipa. É sobre "quem está na sala". Inclusão é garantir que todos esses grupos se sentem parte integrante, valorizados, ouvidos e com as mesmas oportunidades. É sobre "quem tem voz e se sente bem-vindo na sala".