Enquanto seres humanos que somos, temos uma tendência inata para separar quem nos rodeia em “nós” e “eles”. Fazemos isto a toda a hora e a todo o instante, de forma a posicionarmo-nos perante determinada pessoa e avaliar o “risco” / a “ameaça” a que estamos sujeitos. 

Este tipo de julgamento entre seres humanos fazia todo o sentido quando vivíamos em tribos e tínhamos de proteger o que era “nosso” para sobreviver. Porém, apesar de os tempos serem outros, mentalmente continuamos a carregar as mesmas bases connosco (impressas no nosso cérebro reptiliano) e a distinguir o “nós” - a nossa família, a nossa empresa, o nosso país, a nossa raça - do “eles”, muito em jeito de defesa e proteção.

Mas as fronteiras agora são outras. Evoluímos ao longo do tempo e - muito graças à revolução digital - fomos globalizando a nossa tribo. 

Atualmente, quando analisamos mais de perto quem são estes “eles”, o mais provável é que nos deparemos com seres humanos com as mesmas características base que “nós”. Poderão ter princípios orientadores diferentes, crenças díspares e experiências antagônicas - para além da própria aparência física distinta - mas todos partilhamos uma vida emocional desafiante e aspirações pessoais a concretizar. 

Neste momento excluir um “deles” por ser diferente, poderá significar eliminar uma oportunidade de expansão (pessoal, profissional e/ou de negócio) e, por esse mesmo motivo, é chegada a hora de transformar esta crença limitante, abrindo-nos à possibilidade de conhecer o “outro” antes de nos deixarmos levar por qualquer julgamento primário que carregamos ao longo de gerações. 

Se é verdade que no mundo do trabalho, na maioria das vezes, a responsabilidade de criar um ambiente inclusivo, em que aquilo que nos une - os valores, a missão, os princípios, o resultado final do nosso trabalho - é mais forte do que aquilo que nos separa, poderá estar ao encargo de “quem contrata” (normalmente a equipa de RH ou líderes), também o é que está nas mãos de cada um recodificar a sua mente e focar no que verdadeiramente importa: como é que podemos acrescentar valor?

Promover a diversidade - cultural, de género, funcional - é responsabilidade de todos os que já estamos dentro da tribo e não deveria ser mais do que dar a oportunidade a qualquer ser humano de fazer parte dela, avaliando somente as suas aspirações, competências e potencial. 

A cultura (de uma empresa, de um país, de uma sociedade) é conjunto de hábitos e crenças estabelecidos através de valores, normas e atitudes compartilhadas pelos seus membros - por “nós”. Por isso, assumamos na nossa quota parte de responsabilidade nesta evolução, porque sozinhos vamos mais rápido, mas juntos vamos mais longe.

 

sobre o autor

Ana Lopes

senior consultant & development, human consulting & assessments & outplacement na randstad portugal