Os dados do Randstad Workmonitor 2021 (segunda edição) mostram que após um evento marcante como a pandemia, as expectativas em torno de objetivos pessoais e profissionais foram permanentemente alteradas. À medida que as pessoas vêm com mais clareza os seus desejos e necessidades, estão prontas e desejosas de fazer mudanças.

 

 

Não há dúvida de que a pandemia levou a uma abundância de dinâmicas inesperadas. Despedimentos em massa a nível mundial, seguidos de um aumento nas contratações em muitos mercados, levaram as pessoas a uma montanha-russa económica nos últimos dois anos. Ao mesmo tempo, porém, os desafios da COVID-19 revelaram a resiliência dos trabalhadores em todo o lado, apesar das dificuldades e desafios que enfrentaram e continuam a enfrentar durante este tempo. 

Ao longo deste período, o Randstad Workmonitor revelou uma variedade de sentimentos dignos de nota entre a força de trabalho global. Por exemplo, no início da pandemia, os inquiridos disseram que se sentiram apoiados pelos seus empregadores, mesmo quando os locais de trabalho foram encerrados e os despedimentos aumentaram em muitos mercados de trabalho. Mais tarde, um forte desejo de regressar à normalidade foi acompanhado por um sentimento de otimismo. Na última pesquisa, outra tendência surpreendente surgiu na sequência da “Grande Demissão”: a "Grande Iluminação". 

O Randstad Workmonitor revelou que, apesar da perturbação e incerteza sem precedentes provocadas pela pandemia, os trabalhadores de todo o mundo parecem mais seguros do que querem nas suas vidas e carreiras. As preocupações e inconvenientes por eles sofridos alteraram profundamente as suas perspetivas e desejos. Ser dono do seu destino, quer no local de trabalho quer em casa, tornou-se a característica que define a mão-de-obra pós-pandémica.

Independentemente do sexo, habilitações, ou idade, os inquiridos dizem que estão mais esclarecidos e motivados em resultado do que aconteceu à sua volta. Encorajados por esses sentimentos, procuram novas condições nos empregadores. Entre as exigências que os trabalhadores procuram: mais flexibilidade no emprego, melhor compensação e melhor qualificação para os ajudar a permanecerem relevantes num mercado de trabalho em rápida evolução. 

Durante este período de extrema disrupção da economia global, a mudança de sentimentos dos trabalhadores tem implicações de grande alcance para todos os stakeholders, de empregadores a decisores políticos e organizações laborais. Como a Randstad evidenciou no início deste ano, após emergirem de uma longa e difícil jornada durante a pandemia, a maioria dos trabalhadores deseja a normalidade de que desfrutava antes da crise. Agora, contudo, o seu desejo de fazer mudanças nas suas vidas pessoais e profissionais pode fazer com que os velhos métodos nunca mais voltem. 

 

Alguns dados para reflexão

- Dois terços dos inquiridos afirmaram que sentem que a pandemia os motivou a fazer mudanças no seu equilíbrio entre a vida profissional e a vida familiar, sendo que os da América Latina se sentem mais motivados e os trabalhadores do noroeste da Europa menos motivados. 

- 49% dos inquiridos dizem estar mais stressados desde a pandemia e que terão de fazer mudanças na sua vida profissional

- 75% dos trabalhadores com idades compreendidas entre os 25 e os 34 anos dizem estar mais esclarecidos sobre os seus objetivos profissionais desde o início da pandemia, a percentagem mais elevada de qualquer faixa etária.

- A maioria dos inquiridos diz que a mudança está a ocorrer tão rapidamente que têm dificuldade em discernir que competências adquirir, com 66% dos que têm entre 18 e 24 anos a sentirem isso. No outro extremo do espectro, apenas 44% dos 55 a 67 anos têm opiniões semelhantes. 

- À medida que os trabalhadores consideram uma mudança de carreira, estão a ter em conta fatores ligados às questões existenciais que têm vindo a colocar - considerações como ter um trabalho significativo e flexível, horários remotos, stress laboral mínimo e um ambiente de trabalho seguro. É claro que a compensação continua a ser o desejo mais importante, mas fatores não financeiros podem ser o que diferencia os empregadores na sua estratégia de atração. 

- Os sentimentos predominantes que os dados revelaram são que uma pluralidade de pessoas (39%) está satisfeita com a sua situação atual, mas aberta a novas oportunidades. Outros 19% estão à procura de novas funções, tencionam reformar-se em breve, mudaram recentemente de emprego, mudaram para um sector diferente ou estão a permanecer voluntariamente fora do mercado. Apenas um pouco mais de um terço (39%) afirmam estar contentes com o seu emprego e não querem mudar. 

- Um número recorde de 4,3 milhões de norte-americanos deixaram os seus empregos em Agosto. Em busca de salários mais elevados, melhores condições de trabalho e maior flexibilidade laboral, muitos trabalhadores estão a demonstrar que estão a levar a sério as mudanças. Do mesmo modo, em toda a Europa, o aumento dos salários deixou os empregadores dos estados-membros da UE a competir ferozmente por trabalhadores com todos os níveis de competências.

- A maioria dos inquiridos pela Randstad (54%) demonstraram sentir-se mal compensados pelas suas competências e estão à procura de outro emprego. Isto foi mais verdade para os homens do que para as mulheres, e especialmente entre os trabalhadores mais jovens. O grupo que mais se sente subcompensado é o que tem entre 25 e 34 anos (citado por 62%), enquanto o grupo mais velho (55 a 67) tinha menos probabilidades de se sentir desta forma (39%). 

- Um quarto dos inquiridos afirmou que ter opções de trabalho à distância é a consideração mais importante nas suas escolhas profissionais (isto era menos importante para o grupo de trabalhadores mais jovem). Em geral, um maior número (39%) quer flexibilidade no emprego, enquanto 35% dizem que um emprego com um nível de stress controlável é o mais importante. Após uma boa compensação e benefícios, o trabalho significativo (42%) é o fator mais importante. 

- A segunda edição do Randstad Workmonitor mostra que continua a haver um elevado nível de interesse nas mudanças de carreira, embora quase três quartos dos inquiridos afirmem estar satisfeitos com os seus empregos. Na região da Ásia-Pacífico, quase 40% afirmam estar à procura de um novo emprego, enquanto apenas um quarto o fazem no noroeste da Europa. Os trabalhadores na região Ásia-Pacífico também mudaram de emprego a um ritmo mais elevado do que em qualquer outra região. Os do noroeste e leste da Europa, do mesmo modo, mostraram o menor movimento na segunda metade de 2021.