O COVID-19 veio acelerar abruptamente a transformação digital já iniciada por algumas empresas, mas ainda em fase embrionária em muitas outras.  A necessidade de proteger a saúde dos colaboradores obrigou grande parte das empresas portuguesas a recorrer ao modelo empregue pelo teletrabalho como forma de dar continuidade aos seus negócios remotamente.  O acontecimento tornou-se um momento de de aprendizagem para as empresas e para as pessoas. No entanto, esta mudança de paradigma veio desvendar outras dificuldades principalmente na área da Gestão de Pessoas.

Estas são as principais conclusões de uma conversa em direto entre Nuno Troni, Diretor da área Professionals, na Randstad Portugal e Catarina Tendeiro, DRH do grupo Ageas Portugal.

 

Isolamento vs trabalho remoto

 

Trabalhar em isolamento é uma condição muito diferente de trabalhar remotamente. O primeiro é uma medida que surge inesperadamente e é utilizada como recurso de sobrevivência, a segunda uma metodologia de trabalho que funciona comprovadamente.

Embora o trabalho seja feito a partir de casa, o paradigma que estamos a viver tem características muito particulares como por exemplo o facto de não só os colaboradores estarem em casa, mas também os seus filhos.

Esta mudança de rotina alerta para a importância da flexibilidade no trabalho, e em como as condicionantes da vida pessoal de cada colaborador podem impactar a sua produtividade. Para além da alteração nas prioridades no foco de cada colaborador, existe a agravante de que o gestor não se encontra por perto para auxiliar ou organizar as tarefas.

Assim sendo, torna-se mais importante a motivação para a entrega do trabalho, flexibilizando o seu processo de execução. A gestão emocional das equipas é fulcral e deve ser a principal prioridade 

 

 

Como assegurar a normalidade?

 

Falar de normalidade é difícil, principalmente quando não existe uma percepção do futuro. No entanto, cabe aos gestores de cada empresa auxiliar as suas equipas a saber ultrapassar os desafios com adaptabilidade e agilidade. 

Para tal existem pilares que devem ser assegurados:

 

  • tem de ser definidas prioridades e objectivos, e identificadas as diferentes etapas até os atingir. 
  • A comunicação é o elemento chave e reuniões diárias e semanais, digital coffee breaks até mesmo celebrações, devem ser fomentadas para que o distanciamento não se apodere da situação.
  • Assegurar o progresso tecnológico e a segurança.



 

Principais desafios para o futuro

 

É impossível prever o que o que poderá mudar no futuro, para as pessoas e para as empresas. A verdade é que a maioria das empresas está ainda a apalpar terreno e as conclusões ainda são prematuras. Inevitavelmente algumas terão mais dificuldades e outras, não irão sobreviver.

Por isso mesmo o foco deverá ser a continuidade do negócio, pois só a capacidade de reinvenção e agilidade poderá tomar partido das novas oportunidades digitais que certamente irão surgir. Existem sempre alternativas e o ser humano  tem a capacidade inata de se adaptar, o negócio não muda apenas o processo

Porém, devemos também refletir no sentimento de presença, consciência e vontade de colaborar que tem sido sentido e que deve continuar a ser reforçado para não cair no distanciamento.

Daqui para a frente tudo será diferente, mas deve haver um equilíbrio. Uma coisa é certa, a sociedade estará muito mais preparada para progressivamente ser mais digitais.