A matemática do tempo não é mais do que uma operação teórica que teima em não se concretizar na prática.

Senão vejamos. 

Dezembro é por excelência o mês “do próximo ano”, o mês em que tudo só parece poder acontecer no ano seguinte e as festividades são acompanhadas por fechos de contas e planos para janeiro. Sem culpa, o tempo passa e o foco está no primeiro mês do ano. Janeiro começa com a contagem decrescente e o fogo de artifício. O relógio avança lentamente mas com boas intenções. Parece ilimitado, construído por promessas e resoluções, brindado pela expressão “bom ano”…

Olhemos para os números.

A 1 de dezembro de 2019 91,78% do ano já tinha passado, restavam menos de 9%.

Em janeiro o 100% de oportunidades deixa de o ser com as badalas e caminha aritmeticamente até ao dia 31 atingindo mais de 8%. Hoje, dia 8, já passamos 2,19% do ano.

Ou seja, a percentagem de tempo em dezembro quando achamos que já não há tempo para nada, é semelhante à percentagem de tempo usada no primeiro mês do ano, onde achamos que conseguimos fazer tudo.

Mas a nossa relação com o tempo não liga aos números. É emocional. É cíclica e cultural. E por isso deixamos que o tempo nos crie ansiedades e vivemos num constante ignorar da sua existência, seja porque não somos intemporais, seja porque como não o controlamos deixamos que passe por nós sem o gerirmos, acreditando muitas vezes que teremos tempo para tudo.

O tempo é matemático. É o que é. Não muda porque sentimos que nos escapa ou que não passa. As nossas emoções não são numéricas  e por isso não interferem no tempo. E temos de o aceitar: 60 segundos, 60 minutos, 24 horas, 30 dias, 365…. Aceitar e gerir emoções nesta relação com o tempo. Aceitar e saber usar o tempo, tirar proveito de que este é constante e previsível e que só é imprevisível no seu impacto emocional, nas nossas sensações. Aqui ficam 5 conselhos para “dominar” o tempo:

1. pontualidade

a cultura não é desculpa para chegar atrasado. O tempo não fugiu e uma forma de o controlar é ser britânico nesta relação com os horários marcados (por isso aceitar um convite é assumir um compromisso e não uma tentativa).

2. tenha sempre uma agenda

o que quero fazer com o tempo, com aquele tempo em específico, seja sozinho ou com os outros. O tempo que me é pedido tem de ter agenda, para que me possa preparar antes de usar o tempo. 

3. planear e cumprir o planeamento

um plano não é uma declaração de intenções e tem de ser posto em prática no tempo previsto. Não quer dizer que não possa ser revisto, mas não pode ser vivido longe do tempo e muito menos pode existir longe destes números. 

4. de boas intenções…

é verdade, as boas intenções não chegam. A matemática não dá para inventar resultados, a argumentação não vai trazer o tempo de volta e por isso não vale tentar fazer em uma hora o que demora duas ou ganhar ao tempo (até porque ainda há o factor imprevisibilidade que pode fazer das suas).

5. e eu

eu que na verdade sou eu, é a minha família, o que me apaixona, é dormir, é comer, é simplesmente relaxar. E é aqui que a equação parece difícil de concretizar. Os números do tempo parecem curtos e tudo o que nos disseram em criança de que há tempo para tudo, parece não haver. Mas os pais têm sempre razão. Não vale a pena tentar ser um super herói e esquecer a dimensão do eu, ou achar que isso das 24 horas não é bem assim… é, é mesmo  assim. O dia só tem 24 horas, e temos de dormir, de estar com os nossos, de comer, de… temos tanto por fazer e temos mesmo tempo para tudo, só temos de o aceitar, de o gerir.

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José Miguel Leonardo
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