Poderia tratar-se de ficção. Mas esta história é real. E pode acabar como um conto de fadas. Se assim a quisermos escrever e viver.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Assim como mudam as formas de nos conectarmos, as competências core para as organizações e os meios para as desenvolvermos.

A palavra “pandemia” já nos causa alguma urticária. E, sendo quase inevitável referi-la quando falamos do lugar que o online e o digital ocupam na nossa vida, também é verdade que esta história começa bem antes de a dita pandemia se ter abatido sobre nós, com a sua nuvem de medos e incertezas.

O online já ocupava um lugar de destaque nas nossas vidas se olhássemos para a componente das redes sociais (que, infelizmente, para muitas pessoas, são quase uma extensão do seu corpo, da sua família ou da sua personalidade). Ou até para a forma como são desempenhadas determinadas funções nas empresas. Mas no que toca ao desenvolvimento de competências, o digital ocupou sempre um papel secundário. Na maioria das situações era deixado para 2º plano. Raramente lhe dávamos a oportunidade de assumir um papel principal. Esse era sempre atribuído ao presencial. Teria de haver sempre um motivo muito forte para o atribuir a outra personagem. Os obstáculos habituais como a dispersão geográfica, os tempos de deslocação, as incompatibilidades horárias, as questões logísticas ou os custos associados, entre outros, não eram suficientes para dar destaque ao digital.

E é aqui que entra a pandemia. Entre muitas outras coisas (que nos causam urticária) foi o “desastre” que nos fez parar e refletir… Então e agora? Como vamos continuar a fazer o que fazíamos se não podemos estar juntos? Perante este dilema tivemos que tomar uma decisão. E embora haja quem seja da opinião de que voltaremos ao que éramos, muitos acreditam (e nós estamos aqui) que esta é uma oportunidade única de reaprendermos a aprender. Podemos escolher entre assistir a esta transformação sentados na plateia ou entre envolver-nos no enredo desta história de forma ativa, subindo ao palco.   

O digital abre um conjunto de possibilidades infinitas que dão resposta aos tais constrangimentos com que nos cruzamos tantas vezes. Se o presencial nos confere o “human touch”, o digital também aproxima quem está longe. Passamos a estar à distância de um (ou dois) cliques de colegas, clientes e candidatos, para além de todo um universo de conhecimento que antes nos parecia inacessível.

E à infinidade do saber a que podemos aceder, há toda a diversidade de caminhos e soluções para lá chegar: video training, microlearning, e-learning, gamificação, realidades virtuais e aumentadas, entre tantos outros. Mas todos eles têm algo em comum: a missão de apoiar pessoas e organizações a realizar o seu verdadeiro potencial (curiosamente é este também o nosso propósito), criando oportunidades para que, em qualquer lado, possam conectar-se ao conhecimento e às competências que precisam de desenvolver para alcançar o sucesso neste mundo volátil e em constante transformação. 

Por fim, mas não menos importante (ou até mais importante), há que reconhecer um enorme superpoder que o online veio reforçar: a nossa autonomia. E, com ela, o respeito pelas diferenças. Todos somos diferentes. Temos ritmos de aprendizagem distintos. Interesses e áreas de melhoria próprias. Caminhos de desenvolvimento individuais, que gostamos e sempre ambicionámos que fossem feitos à nossa medida. E agora podemos fazê-lo, de forma autónoma. Porque também temos disponibilidades e agendas divergentes que, muitas vezes, se revelam impossíveis de conciliar.

O online traz consigo a possibilidade de, cada um de nós, escolher quais os conteúdos que fazem mais sentido para si, para a sua evolução. A decisão é nossa! Cabe-nos a nós querer usar diariamente (ou pelo menos de forma regular) esta atitude de aprendizagem contínua, ao longo da vida. Que possamos caminhar sempre, lado a lado, com a humildade necessária para reconhecer e assumir abertamente que haverá sempre tempo e espaço para aprender o que ainda não sabemos. Que todos os dias podemos acomodar em nós algo novo e que o online é mais um meio para lá chegarmos. Não é melhor. Nem pior. Apenas diferente.

Foi com base nestas reflexões que encontramos a solução para o nosso dilema. Estamos convictos que o online veio para ficar. Acreditamos nestas soluções como um todo e procuramos extrair o melhor de cada uma delas. Adoptamos uma plataforma onde criamos conteúdos de formação próprios, exclusivos para os nossos colaboradores, integrados no nosso plano de formação e desenvolvimento. Complementamos esta solução com outra que nos oferece conteúdos online públicos mas já selecionados e categorizados, onde sabemos que vamos encontrar qualidade e diversidade e onde cada colaborador é livre de explorar os conteúdos com que mais se identifica. Continuaremos a apostar na gamificação como forma de criar dinâmicas de competição saudável, potenciando a aprendizagem e partilha de conhecimento, de forma lúdica e leve. Através do jogo também desenvolvemos competências. Assim acontece desde que somos crianças e, sem dúvida, que assim se mantém mesmo na idade adulta. Temos a ambição de construir, em conjunto com as nossas pessoas, uma cultura em que a tal atitude de lifelong learning e de autonomia no caminho de desenvolvimento esteja bem presente. Mas orientando em momentos e temas chave. E é aqui que também o digital pode ajudar, através de learning journeys que podem facilmente ser partilhadas e ajustadas a cada área, equipa ou pessoa. 

E onde fica o presencial? Onde sempre esteve. No seu lugar cativo, que se destaca e destacará sempre no desenvolvimento de soft skills e nos momentos em que o tal toque humano faz a diferença. Pode e deve viver em harmonia com o digital, completando-se mutuamente.  

Em determinadas áreas da nossa vida, o digital tem vindo a tornar-se um inimigo, subjugando-nos aos seus algoritmos, inconscientemente, contra a nossa vontade. Muitas vezes, domina-nos e não o contrário. Mas, bem vistas as coisas, o digital não é o vilão nesta história. É sim o herói que veio salvar o dia quando a vida nos trocou as voltas e as soluções que tínhamos deixaram de funcionar. O vilão é a nossa resistência à mudança e em aceitar aquilo que é inevitável. Que cada personagem tem o seu papel nesta história mas todas elas são essenciais, desde que saibam contracenar em equilíbrio e que cada uma conheça bem o seu lugar e o seu espaço de atuação. 

Só assim teremos um final feliz.

artigo de
marta serrano
marta serrano

marta serrano

técnica de recursos humanos na randstad portugal