Estudo da Randstad revela o que leva os portugueses a escolher (ou a abandonar) um empregador;
56% dos trabalhadores em Portugal sentem-se motivados no seu emprego atual e 41% afirmam estar mais empenhados do que no ano anterior;
O fator que mais contribui para a quebra da motivação dos trabalhadores continua a ser a vontade de obter uma remuneração mais elevada;
Microsoft, Delta Cafés e RTP são as empresas consideradas mais atrativas para trabalhar em Portugal.

 


Pelo 10º ano consecutivo, a Randstad Portugal acaba de divulgar os resultados da edição de 2025 do Randstad Employer Brand Research, o maior estudo independente a nível mundial sobre marca empregadora. O estudo centra-se nos fatores que os profissionais mais valorizam ao escolher uma empresa onde trabalhar, e revela quais são as empresas mais atrativas para trabalhar, segundo os portugueses. Esta análise crucial surge num contexto de escassez de talento e transformação do mundo do trabalho.

O que torna uma empresa atrativa para trabalhar em Portugal?
Os critérios de escolha de um empregador ideal mantêm-se estáveis face aos três anos anteriores, demonstrando uma consistência clara nas prioridades dos profissionais portugueses. Os cinco fatores mais valorizados continuam a ser (por ordem de preferência indicada):
1º - Salário e outros benefícios (74%);
2º - Equilíbrio entre vida pessoal e profissional (64%);
3º - Ambiente de trabalho positivo (64%);
4º- Segurança no emprego (58%);
5º - Oportunidades de progressão na carreira (58%).

Se olharmos para a forma como os diferentes perfis de profissionais priorizam estes cinco fatores vemos que embora o salário e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional sejam prioridades comuns a todas as especializações, os restantes critérios variam. No caso dos profissionais da área digital, o ambiente de trabalho não surge entre os cinco fatores mais valorizados, sendo substituído pela possibilidade de trabalhar remotamente, uma preferência exclusiva deste perfil profissional.

Salário é o fator que mais separa o empregador atual do empregador ideal 
Quando analisamos a forma como os profissionais inquiridos avaliam o seu empregador atual face ao perfil que traçam do empregador ideal, encontramos discrepâncias entre a realidade e as expectativas. A localização, segurança no emprego, saúde financeira e boa reputação da empresa são os quatro critérios mais referidos pelos inquiridos quando classificam os seus atuais empregadores. Contudo, salários e benefícios atrativos, equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, bom ambiente de trabalho e progressão na carreira são os critérios apontados a um empregador ideal.

“Se, por um lado, critérios como a segurança no emprego são reconhecidos nos empregadores atuais, a forte aspiração por melhores salários e benefícios é um fator crucial para o empregador ideal, o que evidencia uma lacuna nas expectativas salariais e também influencia diretamente o nível de compromisso e a motivação dos profissionais em permanecerem nas suas atuais funções. Compreender e endereçar estas prioridades é fundamental para construir uma força de trabalho comprometida e leal”, diz Isabel Roseiro, Diretora de Marketing da Randstad Portugal.

Em todas as faixas etárias, o fator que mais contribui para a quebra da motivação continua a ser a vontade de obter uma remuneração mais elevada. Contudo, surgem diferenças entre gerações quando analisamos os motivos secundários. Entre os Millennials, a diferença entre o salário e o segundo motivo mais relevante (a falta de reconhecimento) é bastante pronunciada, ao contrário do que acontece com a Geração X, onde essa diferença é menos evidente. Este padrão indica que, embora a remuneração seja uma preocupação transversal, os profissionais mais experientes podem atribuir maior importância ao reconhecimento e valorização do seu trabalho.

Mais de metade dos profissionais portugueses sentem-se motivados no seu trabalho atual 
O Randstad Employer Brand Research 2025 revela que 56% dos trabalhadores em Portugal se sentem motivados no seu emprego atual e 41% afirmam estar mais empenhados do que no ano anterior, o que reflete uma tendência positiva no compromisso profissional. No entanto, o estudo também mostra uma ligação direta entre motivação e retenção de trabalhadores: entre os profissionais menos empenhados, 53% consideram mudar de emprego nos próximos seis meses, o que representa mais do dobro da taxa registada entre os trabalhadores mais motivados (21%). No total, 12% dos inquiridos afirmam ter mudado de emprego nos últimos seis meses e 25% planeiam fazê-lo nos próximos seis meses.

“Em Portugal, os padrões de mudança de emprego mantiveram-se bastante constantes, indicando que não se verifica uma pressão generalizada para trocar de trabalho. Esta estabilidade oferece às empresas uma janela de oportunidade para apostarem em estratégias de retenção sustentadas. 
Os dados sublinham a importância de promover o envolvimento contínuo como estratégia essencial para reduzir a rotatividade e reter talento nas organizações”, afirma Isabel Roseiro.


Recurso a Inteligência Artificial é cada vez mais frequente em todas as gerações de trabalhadores 
O estudo revela uma evolução significativa na adoção da inteligência artificial (IA) nos locais de trabalho em Portugal, com a percentagem de profissionais que utilizam esta tecnologia de forma regular a subir de 11% para 17% num ano. Este crescimento é liderado sobretudo pelos profissionais da área digital, que registam a maior taxa de utilização, refletindo a natural integração da IA nas suas funções. Em contraste, os talentos operacionais apresentam os níveis mais baixos de adoção, o que evidencia uma desigualdade na penetração da tecnologia entre setores e perfis profissionais.

A Geração Z assume um papel de destaque neste avanço, com 27% dos jovens profissionais a afirmar utilizar IA com regularidade, uma subida expressiva face aos 17% registados no ano anterior. Esta geração mostra-se, assim, não só mais recetiva como também mais preparada para integrar novas ferramentas tecnológicas no seu dia a dia. Um dado relevante é que a percentagem de pessoas que nunca usaram IA diminuiu em todas as gerações, com a Geração X a registar o maior recuo, passando de 61% para 49%, o que revela uma maior familiarização intergeracional com estas ferramentas.

Paralelamente, o impacto esperado da IA no trabalho também aumentou: 37% dos profissionais preveem um efeito considerável nas suas funções nos próximos anos, face aos 31% do ano anterior. Esta perceção acompanha uma atitude predominantemente positiva ou neutra em relação à IA, com uma minoria a antecipar efeitos negativos.

Para Isabel Roseiro, Diretora de Marketing da Randstad, “estes dados sugerem que os trabalhadores portugueses estão cada vez mais abertos à presença da IA no contexto laboral, o que representa uma oportunidade para os empregadores investirem em tecnologias de forma estratégica e alinhada com as expectativas dos seus colaboradores”.


Microsoft, Delta e RTP são as empresas mais atrativas para trabalhar em Portugal  
Na edição de 2025 do Randstad Employer Brand Research, a Microsoft volta a destacar-se como a empresa mais atrativa para trabalhar em Portugal, mantendo a liderança pelo segundo ano consecutivo. A Delta Cafés conquista o segundo lugar e a RTP – Rádio e Televisão de Portugal fecha o pódio, refletindo a confiança e reputação destas organizações junto da população ativa.

O top 10 integra das empresas mais atrativas para trabalhar em Portugal conta ainda com Bosch, a OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal, a Nestlé, os Hotéis Real, a Hovione, a IKEA Portugal e o Banco de Portugal, representando um leque diversificado de setores e áreas de atuação.

Por setor, as empresas mais atrativas voltam a confirmar a sua posição de liderança nas preferências dos profissionais portugueses. No setor da saúde, a Hovione, os Lusíadas Saúde e o Hospital da Luz ocupam os primeiros lugares. No turismo, desporto e entretenimento, destacam-se a RTP, os Hotéis Real e o Pestana Group. Já no setor da aviação, a OGMA, a ANA – Aeroportos de Portugal e a TAP assumem os lugares cimeiros. A Bosch, a IKEA Industry e a Corticeira Amorim lideram o setor da indústria, enquanto na banca e serviços financeiros surgem o Banco de Portugal, a Caixa Geral de Depósitos e o Santander como as mais bem classificadas. Estas distinções refletem a capacidade das empresas em posicionar-se como empregadores de referência, num mercado cada vez mais competitivo. 
A lista completa do top 20 das empresas mais atrativas para trabalhar é a seguinte:
1. Microsoft
2. Delta Cafés
3. RTP- Rádio e Televisão de Portugal
4. Bosch
5. OGMA- indústria aeronáutica de Portugal
6. TAP - Transportes Aéreos Portugueses
7. Siemens
8. CUF
9. Banco de Portugal
10. Ikea Portugal
11. Fujitsu Technology Solutions
12. Hotéis Real
13. ANA - Aeroportos de Portugal
14. Nokia
15. Airbus
16. Pestana Hotel Group
17. Fnac
18. Nestlé
19. Volkswagen Autoeuropa
20. Hospital da Luz

O Randstad Employer Brand Research é um estudo independente que analisa a perceção da população ativa em 34 países e mais de 173.000 inquiridos em todo o mundo. Em Portugal vai já na 10ª edição e este ano contou com a participação de 4.649 participantes das diferentes faixas etárias dos 18 anos até à idade da reforma, com diferentes qualificações, bem como por estudantes, pessoas empregadas e desempregados.