Inteligência artificial e automação são vistas como aliadas por 82% dos profissionais de RH

  • 77% destacam o investimento na retenção de talento como uma prioridade estratégica
  • Inteligência artificial, diversidade e requalificação de talento estão entre os principais temas para os líderes de recursos humanos.

 

 

A Randstad acaba de divulgar os resultados do Talent Trends 2025, um estudo global que traça o rumo da gestão de talento à escala mundial. Com base em inquéritos a mais de mil decisores de recursos humanos e líderes empresariais em 21 mercados internacionais, o relatório identifica 10 grandes tendências que estão a transformar o mundo do trabalho.

 

Embora alguns dos desafios no mundo do trabalho se mantenham ao longo da última década, os líderes empresariais enfrentam hoje um cenário em constante transformação, com novas prioridades a moldar a gestão de talento em 2025. A mais recente edição do estudo Randstad Talent Trends revela que, apesar da persistência de fatores como a incerteza económica e a escassez de talento, os líderes demonstram um claro foco nas pessoas como motor de crescimento.

 

A inflação continua a impactar negativamente as organizações, sendo considerada uma das maiores dores por 38% dos inquiridos — ainda que tenha registado uma ligeira descida face aos 40% do ano anterior. Já a instabilidade económica permanece uma preocupação central (33%), a par da escassez de talento e de competências, referida por 32% dos participantes.

 

Num contexto de escassez de competências, envelhecimento da força de trabalho e incerteza económica, 84% dos líderes inquiridos afirmam estar mais focados em gerar valor através das pessoas do que em cortar custos. A tecnologia é vista cada vez mais como um parceiro estratégico — um motor de produtividade e inovação — e não apenas como uma ferramenta operacional.

 

Apesar destes obstáculos, os líderes empresariais mostram-se cada vez mais otimistas em relação ao futuro. Tecnologias emergentes como a inteligência artificial, a automação e a robótica são vistas como fatores de impacto positivo por 82% dos profissionais de recursos humanos, ao passo que 79% destacam a digitalização da função de RH como uma alavanca de eficiência. Além disso, há uma valorização crescente de estratégias internas centradas nas pessoas: 77% dos inquiridos destacam os benefícios de investir em retenção de talento e em culturas de coaching, e 75% assinalam a importância da mobilidade interna. Já 78% continuam a reconhecer o impacto positivo das iniciativas de equidade, diversidade e inclusão.

 

“A inteligência artificial está a transformar profundamente a forma como trabalhamos – e mais do que substituir, está a capacitar pessoas. Hoje, vemos um claro movimento das empresas no sentido de colocarem o talento no centro da estratégia, apostando em ferramentas tecnológicas para apoiar, desenvolver e reter os seus profissionais. Isto reflete-se, por exemplo, no crescimento dos marketplaces internos de talento, no foco em percursos personalizados de carreira ou na valorização de competências específicas, acima das funções tradicionais. Estes dados mostram-nos que gerir pessoas nunca foi tão estratégico. O desafio está em equilibrar inovação, cultura e propósito”, refere Isabel Roseiro, diretora de Marketing da Randstad.

 

 

Conheça as 10 principais tendências que estão a moldar o futuro do trabalho

 

   1. Reescrever a cultura organizacional com IA

A inteligência artificial está a transformar o modo como as empresas constroem a sua cultura. Ferramentas como assistentes de carreira, chatbots e plataformas de apoio ajudam a criar experiências personalizadas para os colaboradores e a reduzir viés inconsciente nos processos de recrutamento. Apesar de apenas 41% das empresas utilizarem automação para este fim, 83% reconhecem o seu potencial transformador.

 

   2. Inspirar propósito e satisfação no local de trabalho

Com a automação de tarefas repetitivas, os profissionais têm mais tempo para atividades criativas e com impacto, o que se traduz em maior envolvimento e bem-estar. O estudo mostra que 84% sentem-se mais criativos graças à IA, e 83% relatam maior satisfação profissional. A tecnologia está também a ser usada para melhorar a gestão de tempo, comunicação e reconhecimento.

 

   3. Acelerar o crescimento de carreira para todos

A personalização de percursos formativos, a identificação de lacunas de competências e o acesso a coaching digital democratizam o desenvolvimento profissional. Ferramentas de IA permitem que todos os colaboradores — e não apenas os cargos de topo — acedam a oportunidades de progressão, aumentando a retenção e a mobilidade interna.

 

   4. Potenciar o talento neurodivergente com IA

Numa altura de escassez de talento, a inclusão de perfis neurodivergentes representa uma oportunidade ainda subvalorizada. A IA pode ajudar a ajustar processos, remover barreiras e tirar partido de competências como criatividade e reconhecimento de padrões. Nos EUA, até 85% dos adultos autistas com curso superior estão desempregados, um sinal claro da urgência de mudança.

 

   5. Pensar em tarefas e competências, não em cargos

A abordagem tradicional baseada em funções está a ser substituída por uma lógica mais ágil e modular, em que o trabalho é dividido em microtarefas alinhadas com competências específicas. Esta “pixelização” do trabalho permite uma melhor afetação de recursos e reforça a flexibilidade organizacional. A IA desempenha aqui um papel central ao mapear tarefas em tempo real.

 

   6. Inovar nos modelos de trabalho num contexto de crise no mercado laboral

Com a escassez de competências e o envelhecimento da população ativa, os modelos tradicionais de trabalho dão lugar a formatos híbridos, remotos, gig economy ou ecossistemas externos. A diversidade contratual e a flexibilidade deixam de ser exceções e passam a ser partes integrantes da estratégia de talento.

 

   7. Reconfigurar a criação de valor com talento capacitado

Longe da ideia de substituição, a IA é vista como parceiro estratégico na criação de valor. Ao capacitar pessoas com ferramentas tecnológicas e dar-lhes maior autonomia, as organizações estão a potenciar a inovação. 84% dos líderes afirmam estar mais focados na criação de valor humano do que em cortes, refletindo uma nova visão sobre o crescimento sustentável.

 

   8. Fechar o fosso de liderança

As competências exigidas aos líderes estão a mudar: empatia, agilidade, literacia digital e capacidade de gerir equipas híbridas são agora cruciais. As empresas estão a investir em novos programas de mentoring e requalificação, para que a liderança se torne mais inclusiva, colaborativa e orientada para o impacto coletivo.

 

   9. Acelerar a transformação baseada em competências com foco nas necessidades do negócio

A transformação do talento passa agora por um alinhamento estratégico com os objetivos da organização. Mais de metade das empresas aumentaram os seus orçamentos para formação e desenvolvimento em 2024, com foco em competências como IA, pensamento crítico, colaboração e adaptabilidade.

 

   10. Escalar o movimento “skills-first” com marketplaces internos de talento

Ao priorizar as competências em vez dos cargos, as empresas estão a criar marketplaces internos que permitem aos colaboradores aceder a novos projetos, mentores e oportunidades. Esta abordagem reduz o turnover, aumenta a retenção e promove uma cultura de aprendizagem contínua e mobilidade interna fluida.