• Sofia Cansado

Olá! Sejam bem-vindos ao podcast #EVERYDAYHERO. Continuamos no tema da Progressão de Carreira, mas hoje vamos falar sobre as formas de progressão dentro de uma empresa. Será que as empresas ajudam a crescer os profissionais? Para responder a esta pergunta, e falar um bocadinho sobre este tema, tenho comigo a Paula Pereira. A Paula é Commercial Manager na área de Inhouse da Randstad. Paula, muito bem-vinda!

  • Paula Pereira

Obrigada, Sofia.

  • Sofia Cansado

A tua primeira vez neste podcast, não é?

  • Paula Pereira

Sim, exatamente.

  • Sofia Cansado

Portanto, eu vou acreditar que tu ouves todos os nossos episódios mas, mesmo assim, vou-te explicar como é que eu início. Preciso só que te apresentes a quem ouve e depois fico à espera do teu Fun Fact.

  • Paula Pereira

Muito bem. Portanto, Paula Pereira. Eu sou licenciada em Gestão de Recursos Humanos. Estou na Randstad há mais de dez anos e conto com uma experiência profissional não apenas numa área dentro da Randstad. Eu iniciei a minha carreira na área de Staffing, entretanto há cinco anos atrás juntei-me à equipa de Inhouse. Em relação ao meu fun fact, eu assumo a minha postura de seriedade enquanto profissional mas, por trás desta profissional, há alguém que gosta muito de um bom conto de fadas ou um bom desenho animado. Hoje em dia tenho a desculpa perfeita que é tenho dois filhotes em casa. Mas é algo que já vem desde sempre e que me acompanha e acompanhará de certeza pela vida fora. É um fun fact.

  • Sofia Cansado

Já tens aqui toda a coleção da Disney, para depois passar...

  • Paula Pereira

Exatamente. É algo que eu acompanho bem de perto. 

  • Sofia Cansado

Muito bem. Paula, eu acho que este tema tem muito para falar e tu aqui como especialista, até da parte das empresas, melhor saberás,  qual aqui a experiência mas eu acho que nós há duas semanas falamos com a Olga, sobre como é que eu profissional me posso posicionar e planear a minha progressão de carreira. Mas agora, contigo, eu gostava de ver como é que as empresas podem ajudar um profissional a progredir na carreira. Quais são aqui as primeiras diversas formas que existem para progressão?

  • Paula Pereira

Ok. No meu entendimento, uma progressão de carreira não significa necessariamente que haja uma promoção ou uma ascensão a um nível hierárquico superior. Ok. E eu acho que isto importa ser clarificado, ou seja, pode passar também pelo assumir novas responsabilidades ou funções dentro da mesma empresa. Por exemplo, progredir na carreira pode passar por uma mobilidade interna, pode assumir outros contornos. Aliás, posso partilhar convosco metendo aqui uma inconfidência que esta foi a minha forma de progressão, a nível interno na empresa. Ou seja, a minha mudança de posição na empresa, de uma área para a outra, da área de Staffing para a área de Inhouse, passou precisamente por uma mobilidade interna que a empresa promoveu e desta forma houve a possibilidade depois de passar aqui por um assessment, por exemplo, e por um processo que incluiu entrevistas com diversos interlocutores da área, à qual eu me estava a candidatar, ou até mesmo com os recursos humanos da empresa. Esta pode ser efetivamente uma forma de progredir na carreira. Não quer isto dizer que seja a única forma, pode eventualmente dar-se a progressão quer pelos anos de experiência que a pessoa tem e que de alguma forma lhe dão alguma senioridade em termos de função e capacidades para assumir um desafio diferente. Ou então pode também vir, por exemplo, do desenvolvimento pessoal ou do investimento que a pessoa faz no seu desenvolvimento pessoal e que lhe dá aptidões e skills para poder desempenhar outro tipo de tarefas também. Ou então pelo merecimento, pelo mérito que a pessoa tem no desempenho de uma determinada função e que nesse sentido pode levar também a uma progressão de carreira.

  • Sofia Cansado

E isto sempre pensando na parte do profissional, claro. Mas na empresa... Como é que a empresa pode promover esta progressão?

  • Paula Pereira

A empresa pode ser uma excelente condutora desta progressão de carreira do colaborador. E se nós pensarmos num plano de progressão que as empresas devem ter, porque há pessoas que têm a expectativa de crescimento ou não, ou a expectativa de desempenhar diferentes funções, até por uma questão de haver tarefas diferentes para fazer e para não estarmos sempre a desenvolver o mesmo tipo de atividades pode haver de facto um investimento, por exemplo, em formação por parte da empresa. Pode haver, olha, experiências como nós temos também a nível interno. A Randstad  é um bom exemplo nesse sentido porque promove, por exemplo, uma vez que somos uma empresa multinacional, a possibilidade de conhecermos a mesma realidade de uma determinada área de negócio mas num outro país. E isto é muito enriquecedor e pode de facto ajudar a que um profissional possa ter ambições diferentes, possa ter visões diferentes e possa também clarificar aquilo que quer a própria pessoa fazer em termos profissionais. Portanto, são duas boas apostas por parte das empresas. É, claro, que também pode haver aqui a própria pessoa de querer fazer o seu plano de carreira e estrategicamente definir e focar-se naquilo que quer fazer em termos de progressão.

E nesse sentido pode também haver aqui um investimento da própria pessoa em formação. Mais uma vez haver um Reskill ou em termos de competências da própria pessoa que lhe permitam exercer outro tipo de funções ou exercer funções em níveis diferentes. Portanto, os estudos são sempre uma boa aposta. De igual forma, uma boa rede de contactos da própria pessoa também pode ser uma boa aposta em termos de progressão de carreira. O que é que eu quero dizer com isto, não raras vezes o profissional pode ter aqui uma visão de progressão que não passa necessariamente pelo crescimento dentro da própria empresa, mas também por um crescimento que estrategicamente passa por conhecer diversas realidades em diversas empresas que lhe permitem ganhar aqui um conhecimento, muitas vezes técnico em diferentes áreas de atuação que lhe permitem ascender e crescer e mesmo progredir em termos de carreira. Portanto, o que é que o profissional necessita ter em termos de progressão? Efetivamente, tem que ter objetivos claros daquilo que pretende atingir e apostar num novo desafio. Que se vê, por exemplo, quando não há a possibilidade de crescimento no seio da própria empresa onde está a trabalhar. Agora, eu costumo dizer que é necessário darmos tempo para que as coisas aconteçam, ou seja, estabelecendo aqui um paralelismo, é tal e qual aquilo que acontece com as árvores de fruto. Ou seja, é necessário que haja a plantação e dar tempo para que árvore cresça, á ganhe folhas, flores e, por fim, é que dá o fruto. Na nossa carreira as coisas são um pouco, mais ou menos ,o mesmo. Ou seja, é necessário darmos tempo e amadurecermo-nos para que as coisas aconteçam porque só desta forma é que nós também vamos poder dar o nosso melhor às empresas onde estamos a trabalhar

  • Sofia Cansado

Acho que pegaste aqui  num bom tema, a parte do tempo. Porque por muito que a empresa esteja a proporcionar a progressão, por muito que eu tenha os meus objetivos planeados, também há aqui o factor tempo, experiência, se faz sentido neste momento ou não. Não é?

  • Paula Pereira

Exatamente. Portanto, tem que haver aqui um método entre todas essas coisas que acabas de referir. Tem que haver "o" momento, tem que haver esta possibilidade. E isto tem que acontecer de uma forma natural, não pode ser de forma alguma imposto. Tem que haver tempo para que estas coisas aconteçam no tempo devido. Ou seja, tem que ser algo também minimamente estruturado, a pessoa pode ter o objetivo de querer chegar àquele patamar, mas tem que reunir as condições todas para que isso possa acontecer. E esse é um facto também ele importante.

  • Sofia Cansado

Pegando aqui num ponto atrás, tu deste aqui o exemplo de  empresas, a nossa é um exemplo, mas existem várias empresas que fazem isto numa perspectiva global. Quando falamos de empresas que têm a sua empresa em vários países, a parte da experiência global, tu consideras que a empresa, sendo uma empresa qualquer não referindo exemplos. Mas pensando numa empresa, na perspectiva global, achas interessante esta mobilidade global dos profissionais que estão na empresa como forma de progressão e talvez até mais interessante do que talvez até recrutar novas pessoas no país-mãe, neste caso?

  • Paula Pereira

Eu não tenho dúvidas de que é uma mais valia o fato de haver a possibilidade de conhecer uma realidade diferente da nossa. Aliás, nós só temos a ganhar com essa diversidade de conhecimento proveniente da mesma empresa que tem em diferentes pontos do globo formas de trabalho que são diferentes. A diversidade traz-nos grandeza e traz-nos outras formas de trabalho que muitas vezes até são mais produtivas do que aquelas que nós já cá temos. Portanto, tudo aquilo que vem para melhorar é uma mais valia para qualquer empresa. E é isso que eu destaco como aspecto positivo de qualquer experiência internacional, é o conhecimento de uma realidade que é diferente e que nos pode trazer mais valias e pontos de vista que são diferentes, que nós à primeira vista até não estamos a valorizar mas que efetivamente são uma mais valia para nós. Portanto, os povos são naturalmente e culturalmente diferentes e não há o melhor nem o pior são apenas também diferentes formas de trabalho e nós temos que aproveitar o mais positivo que há de cada um. Portanto, essa diversidade efetivamente é uma mais valia. Tu colocavas-me, desculpa, outra questão relacionada com...

  • Sofia Cansado

Ou seja, acho que acabaste por responder. Portanto, porque aqui o interessante, tu estavas a referir era mesmo as empresas às vezes ainda é preferível e até mais vantajoso ter pessoas nossas, estou a falar na empresa mas pronto. Pegando num exemplo de uma empresa modelo é mais interessante ter pessoas internas numa perspectiva global. Eu, por exemplo, passar de Portugal para a Índia, se trabalhando numa empresa qualquer, do que por exemplo recrutar alguém no país? É uma vantagem esta mobilidade na empresa de um país para outro?

  • Paula Pereira

Eu acredito que sim. Tudo depende também daquilo que é pretendido do outro lado, não é? Portanto, a possibilidade de uma pessoa de cá ir trabalhar para uma outra zona do globo pode ser super enriquecedor para a própria pessoa, porque vai buscar conhecimento de uma outra região, vai buscar métodos de trabalho de outra região. E há sempre alguma coisa de positivo para aproveitar. Se nós formos colocar alguém local, portanto, para quem está do lado de cá não é enriquecedor de facto ou pelo menos a partilha de conhecimento não é tão grande ou potenciada, do que se for uma pessoa daqui para lá.  esta a minha perspectiva relativamente a esta questão que me colocas, efetivamente. Portanto, há um ganho de facto em haver mobilidade de pessoas, por diferentes regiões da Globo, por todas as culturas. Apesar de ser mesmo a mesma empresa e de serem os mesmos serviços, a serem apresentados aos clientes, as formas de trabalho são diferentes. E é como eu digo, a diversidade das diferentes formas de trabalho vão-nos potenciar o conhecimento, vai tornar consciente aquilo que são outras realidades e nós vamos trazer aquilo que é o melhor. É este no fim de contas, e no fim do dia, o objetivo se calhar quando há esta possibilidade e uma experiência ao nível internacional. É captar o que há de bom para a nossa realidade.

  • Sofia Cansado

Sim, e os dois lados ganham, a empresa ganha.

  • Paula Pereira

Exactamente. É uma relação win-win, sem dúvida nenhuma. Em que todas as partes aqui envolvidas ganham, ganha a pessoa e ganha também a própria empresa com o conhecimento que é aqui colocado também, que a pessoa traz de uma experiência a nível internacional. Sem dúvida, nenhuma.

  • Sofia Cansado

Sim, porque esta parte de mobilidade interna, de todas estas formas como a empresa pode ter, ajudar na progressão de carreira. Acabamos por falar no final do dia de retenção de profissionais. Tu acreditas que as empresas hoje em dia olham para a progressão de carreira como uma forma de retenção? Ou na verdade ainda não faz parte do plano?

  • Paula Pereira

Olha, eu acho que se não olham tem que olhar, porque o tema "retenção" mais do que nunca, é um tema do dia-a-dia e, portanto, não apostar na retenção é francamente perder potencial também a nível interno. Porque com a pessoa vai muitas vezes o conhecimento e há danos colaterais muitas vezes provocados pela não retenção ou pela falta de oportunidade de progressão de carreira. Portanto, é necessário que as empresas tenham essa visão crítica ou essa visão estratégica de aposta na retenção, porque de facto a saída de pessoas da empresa por que não tiveram uma possibilidade de crescimento pode ser muito crítica, extremamente crítica. Eu diria que qualquer pessoa que efetivamente aposte na saída da empresa, é potenciar aqui uma perda de não só de conhecimento, mas de produtividade para a própria empresa. Portanto, tem que haver uma preocupação genuína nesse sentido, senão há deve haver essa aposta.

  • Sofia Cansado

Sim. Lá está, essa perca que tu falas para as empresas, quer dizer há um profissional ali bem experiente, tem uma curva de aprendizagem já feita e portanto a progressão só ia valorizar esta parte, do que ter uma nova pessoa que volta ao "0" ou não ter, porque às vezes não há a possibilidade de substituir.

Eu acho que...

  • Paula Pereira

Esse é um investimento. Portanto, há um investimento também feito pelas próprias empresas na pessoa, na própria formação da pessoa e portanto é necessário valorizar também tudo aquilo que foi o investimento feito na pessoa e também no retorno que houve. É a tal coisa, no fundo é como estarmos aqui a deitar dinheiro fora, se não estivermos a pensar estrategicamente na retenção das pessoas. Isso não é potenciarmos a progressão de carreira.

  • Sofia Cansado

Sim. Eu acho que também há aqui sempre uma parte e não fugindo ao tema da progressão mas estamos a falar de carreiras. As empresas ao pensar também na retenção dos profissionais, quando falamos também na progressão de carreira, também estamos aqui falar nos próximos objetivos de um profissional e olhando para cada pessoa, para cada profissional, as empresas também devem ver o plano desta pessoa? Talvez esteja à procura, neste momento, de algo mais, com horários mais flexíveis, ou por outro lado para se manter na empresa quer ter a possibilidade de trabalhar remotamente. Achas que isso deve ser algo a ter em conta também pelas empresas?

  • Paula Pereira

Eu acho que sim e acho que deve haver uma comunicação muito clara e transparente de parte a parte. Aliás essa deve ser uma das funções da parte da gestão da empresa, ou das equipas, é haver uma preocupação genuína com aquilo que são as expectativas das pessoas também, em termos de progressão ou até outros temas que possam haver, como tu dizes e bem, que é nós termos a capacidade internamente da empresa ao facilitar diferentes formas de trabalho, por exemplo, e se não olharmos a isso, essa pode ser uma fonte de desmotivação da pessoa e se calhar está ao alcance de qualquer um de nós. Portanto, deve a empresa ou deve a gestão preocupar-se sim, com aquilo que são as ambições da pessoa em termos de progressão, claramente, e tem que haver aqui um alinhamento estratégico por forma a promover a motivação de quem está a trabalhar nas empresas, sim.

  • Sofia Cansado

Concordo contigo. Acho que na verdade quando nós falamos aqui das empresas, e há duas semanas falámos com a Olga sobre os profissionais, mas não dá para falar de um sem o outro, quando falamos de progressão na carreira é aqui uma relação de par a par.  A empresa por um lado que está a investir no profissional mas o profissional também está a investir em si próprio e, por consequência, na empresa.

  • Paula Pereira

Sim, sem dúvida. Há aqui uma relação direta de parte a parte. Portanto, a pessoa também traz ganho para a empresa e há que reconhecê-lo. A pessoa além de estar a investir em si própria, está também a contribuir para o crescimento da empresa e nada como um profissional que está motivado e que está alinhado com aquilo que é o plano de progressão de carreira. É claro que ele vai estar mais motivado e vai também trazer níveis de produção ou de produtividade mais elevados. E isto é transversal. Creio eu que a qualquer função ou qualquer patamar, podemos estar a falar de níveis hierárquicos menos elevados ou mais elevados. Tem que haver este alinhamento e esta preocupação genuína, sim.

  • Sofia Cansado

Sim. Falámos de retenção, falamos de formação, mobilidade interna. Mais algum ponto que queiras destacar aqui na progressão.

  • Paula Pereira

Eu creio que essencialmente, ou falámos no essencial e que efetivamente pode haver aqui um investimento quer da empresa, quer do próprio profissional também para lá chegar. Tem que haver comunicação muito clara, de parte a parte, para que ambas as partes possam estar alinhadas no mesmo sentido. A progressão de carreira é um tema que deve preocupar as empresas. Da mesma forma, que é um tema que passa muitas vezes por uma ambição de qualquer colaborador e tem que haver esta preocupação genuína com este tema. Porque é, como eu digo, nada como um profissional motivado e alinhado com aquilo que é a estratégia da empresa para que os resultados surjam e todas as empresas no fim do dia são também resultados que são proporcionados pelas pessoas que trabalham nas empresas. As empresas são feitas de pessoas e, portanto, tem que haver de facto aqui esta preocupação.

  • Sofia Cansado

Exatamente. Essa frase é mesmo o fim da nossa conversa. "As empresas são feitas de pessoas".

  • Paula Pereira

 É isso.

  • Sofia Cansado

Paula, muito obrigada por teres estado comigo hoje a falar sobre progressão de carreira nas empresas.

  • Paula Pereira

Obrigada eu, Sofia.

  • Sofia Cansado

Obrigada também a quem nos ouve. Voltamos daqui a duas semanas. Já sabem que temos o nosso podcast nos popcasts da RFM. Temos a nossa rubrica "Segunda-feira é um bom dia para trabalhar" e continua a acompanhar-nos nas redes sociais e até ao próximo episódio. Obrigada.

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