De acordo com um estudo realizado pelo Instituto Português de Administração de Marketing (IPAM) sobre os hábitos dos portugueses face às compras de Natal, sim, há alterações acentuadas no comportamento dos consumidores este ano. 

O estudo revela que, em 2020, 30% dos portugueses pretende fazer as suas compras de Natal exclusivamente online, mais 23,9 pontos percentuais do que em 2019. Já em relação ao valor a gastar a diferença não é acentuada: os portugueses preveem gastar, em média, 374 euros nas compras de Natal (apenas menos 11 euros do que o ano passado - 385€).

Mafalda Ferreira, docente do IPAM e coordenadora deste estudo analisa: «Quando analisada a variação dos valores gastos ao longo dos anos em compras de Natal, verifica-se uma oscilação significativa. Em 2009, os portugueses previam gastar 490 euros, mas 11 anos depois, este valor diminuiu consideravelmente, fruto da conjuntura socioeconómica. Como resultado da pandemia e provável crise económica dos próximos tempos, estes resultados não surgem como estranhos, nomeadamente, no caso do aumento acentuado das compras exclusivamente online. Os portugueses estão com sentimentos negativos face ao consumo, que se acentuaram nesta época natalícia, e estes valores são um reflexo disso», acredita. 

Para melhor compreender a situação financeira das famílias, o IPAM procurou também saber se os portugueses iriam receber subsídio de Natal e concluiu que 28% dos inquiridos não o receberá nesta altura, o que terá um impacto negativo no comportamento face ao consumo nesta quadra. Dos que recebem subsídio de Natal, 15,6% prevê despender entre 51% a 75% desta quantia extra em compras, enquanto que 5,8% prevê gastar a totalidade do subsídio e 8% pretende poupar este valor. 

Comparativamente a 2019, 17% dos inquiridos admitiu que em 2020 irá gastar um valor inferior. Mas a maioria – 75% – partilhou que irá gastar o mesmo que no ano anterior. Entre os que vão gastar um valor inferior, os “cortes” nas compras serão feitos tanto para amigos como para familiares.

No que aos destinatários dos presentes diz respeito, sem surpresa as crianças são privilegiadas nos agregados familiares com filhos (55% dos inquiridos), em 100% dos casos. Nos restantes, 75% dos inquiridos destaca a intenção de compra de presentes para o cônjuge e, 62%, para os pais, irmãos e outros familiares. Apenas 30% dos inquiridos refere a intenção de comprar prendas para amigos.

Relativamente aos produtos a comprar, para as crianças até aos 12 anos as prendas preferidas serão brinquedos (48%), seguidas de roupas e sapatos (20%) e livros (8%). Para os adolescentes (entre os 12 e os 18 anos) as escolhas recaem na roupa/sapatos (32,1%), jogos eletrónicos (16%) e acessórios (8%). Já para os adultos, a opção mais escolhida para os presentes de natal são roupa/sapatos (30%), seguida de acessórios (21%) e livros (16%).

O local preferido para a realização de compras são os centros comerciais (20%), com o dobro das intenções de compra em centros comerciais e comércio de rua (10%). É aqui que se regista uma alteração profunda dos hábitos dos portugueses, com 30% a afirmar que fará compras exclusivamente online.

De referir ainda que a maioria dos portugueses (63%) faz as compras no mês de Dezembro, e quem compra antecipadamente fá-lo para evitar a concentração de pessoas e garantir a entrega dos produtos comprados online.

O estudo do IPAM teve lugar entre 27 de Novembro e 9 de Dezembro de 2020, com uma amostra composta por 470 indivíduos, maiores de 18 anos.