• Sofia Cansado

Olá! Sejam bem-vindos ao podcast #EVERYDAYHERO. Hoje vamos falar sobre estabilidade profissional e também perceber se está sobrevalorizada. E, comigo, eu tenho a Ana Catarina Pereira. Ela é Team Leader de Outsourcing e a pessoa ideal para falar sobre este tema comigo. Olá, Ana Catarina!

  • Ana Catarina Pereira

Olá! Bom dia, Sofia. O meu nome é Ana Pereira, eu tenho 38 anos, trabalho na Randstad há 16 anos. Iniciei, portanto, o meu percurso profissional na área do Call Center, após terminar os estudos com 19 anos. E depois aos 21 anos, portanto, entrei na antiga Select, fiz uma candidatura à área de recrutamento, fiquei seleccionada e desde então tenho feito o meu percurso dentro da empresa, em várias áreas e em vários departamentos.

  • Sofia Cansado

E qual é que é o Fun Fact que tu trazes hoje?

  • Ana Catarina Pereira

Olha, o Fun Fact que eu te trago baseia-se aqui um bocado na área profissional, porque eu estudei a área de Ciências / Técnicas de Laboratório e nada tem a ver com Gestão de Recursos Humanos. Mas fiz todo o meu percurso, tive esta oportunidade na minha vida, na qual em nada me arrependo. Todo o meu percurso profissional nesta área é lidar com pessoas e não na área da química que foi para o qual eu estudei.

  • Sofia Cansado

Portanto, és mais uma convidada que tem aqui um caminho interessante de começar numa área e acabar noutra completamente diferente.

  • Ana Catarina Pereira

Sim.

  • Sofia Cansado

Ana, o tema da estabilidade é muito geral. Aliás, ainda antes de começarmos a gravar, estavas a dizer que isto dava para falar horas sobre o tema. Mas sabemos que estabilidade para mim, para ti e para quem nos ouve tem significados completamente diferentes. Portanto, qual é que é aqui o conceito mais neutro que tu encontras sobre estabilidade profissional?

  • Ana Catarina Pereira

Eu acho que isto aqui começa muito por cada pessoa e por cada geração. Para mim, na minha geração tem outro significado e tem outro valor. Certamente em gerações mais antigas, se calhar não é o melhor termo, mas ou mais jovens tem outro peso. As prioridades, a vida em questão, portanto, também é diferente. Olha, o conceito mais neutro para mim pode significar uma coisa, para ti pode significar outra, para o meu colega do lado pode significar outra.

  • Sofia Cansado

Sim, se calhar aqui a base de estabilidade acaba por ser aquilo que eu sinto que é a minha definição de estabilidade, não é, e para mim pode ser.

  • Ana Catarina Pereira

Cada um. Isto pode ser uma coisa individualizada e não haver aqui uma definição global.

  • Sofia Cansado

Sim, para mim pode ser algo como 3 anos em cada empresa e alguém de uma geração, por exemplo, geração X se calhar 10 anos já é um sentido de estabilidade. Acaba por mudar, até porque nós vemos diferenças muito significativas do que é que é até o próprio trabalho para cada geração, não é?

  • Ana Catarina Pereira

Sim, sim.

  • Sofia Cansado

Então, se, e até em jeito de provocação, o próprio título do podcast é que a estabilidade está sobrevalorizada, está "overrated". Está mesmo? Achas que está mesmo sobrevalorizada? Especialmente, se nós olharmos para as gerações?

  • Ana Catarina Pereira

Na minha opinião, sim. Eu acho que, neste momento, o mundo gira a uma velocidade estonteante. Esta nova geração, portanto, tem uma dinâmica que há 20 anos não existia. E o que é hoje, pode não ser amanhã. Pronto, não quer dizer que isso seja necessariamente bom ou mau, mas que pode sobrevalorizar a estabilidade. Já não há, penso eu, aquele conceito ou jovens hoje saem da faculdade, ou do que for, aquela sensação do emprego para a vida. Porque infelizmente as empresas também, muitas delas, não conseguem dar essa estabilidade, porque isto está tudo muito volátil. Mas os jovens também hoje não estão bem, amanhã fazem por estar, mas noutro sítio, não naquele.

  • Sofia Cansado

E, portanto, sentes esta diferença. Tu referiste os jovens, portanto, sentes esta diferença mais em gerações mais recentes, a geração Z do que, por exemplo, o Millennial que tem mais dificuldade em desligar e passar à próxima empresa.

  • Ana Catarina Pereira

Eu diria que sim. Posso estar errada, mas sim. Eu acho que as pessoas, ainda há aqui um conceito. Tentamos fazer um pouco melhor, ou tentarmos descobrir outras coisas dentro da mesma empresa, que possamos fazer e que possamos ter estabilidade. Nem sempre é possível, mas eu acho que hoje em dia a pessoa não está bem, simplesmente muda. Não interessa o que foi construído.

  • Sofia Cansado

Sim. E aliás, tu vês, por exemplo, no Employer Brand. Tu vês gerações mais recentes, o Randstad Employer Brand Research, mais recentes sempre com uma maior predisposição a sair, se os benefícios não estiverem lá, ou aquilo que eles mais valorizam não estiver lá. E depois vês Millennials, Geração X mais focados em "Ok, eu vou trabalhar com o que me dão" e depois tomam uma decisão mais tarde se vale a pena ficar ou não. Ou seja, há aqui grandes, grandes diferenças. E uma empresa que tenha todas estas gerações contempladas, acho que é muito desafiante.

  • Sofia Cansado

É muito desafiante, é. Sem dúvida nenhuma. Isto é tipo um cocktail, portanto, tens um bocadinho de tudo. Eu acho que é bastante desafiante e também tem que haver uma grande capacidade das empresas conseguirem trabalhar com esta discrepância de geração. Não é, necessariamente, mau. Também faz com que o trabalho não fique monótono e, portanto, este tipo de gerações, de pessoas, é termos capacidade de nos adaptar ao mundo actualmente que vivemos.

  • Sofia Cansado

E tu, como Team Leader, sentes em alguma parte este cocktail de gerações, como tu dizes? Ou ainda tens muito um padrão de geração? Por exemplo, a tua equipa é mais composta por Millennials ou sentes este cocktail?

  • Ana Catarina Pereira

Não, a minha equipa é mais composta por Millennials. Portanto, são pessoas que já estão, que trabalham connosco já há bastante tempo. Temos pessoas mais antigas sim, antigas em termos de antiguidade. Mas são pessoas que estão nesta função, ou nesta empresa, ou nesta casa, já com outras funções. Mas que já trabalham connosco, portanto, aqui há mais tempo. Não tenho a geração Z na equipa. Será sempre bem-vindo, como é obvio. A minha equipa é composta com elementos mais seniores, portanto, na empresa.

  • Sofia Cansado

É engraçado tu referires que estas pessoas estão há vários anos na empresa, mas que vão mudando de áreas, de funções. Ou seja, a estabilidade não é estagnação, certo?

  • Ana Catarina Pereira

Não, não, não, não, não, nada disso. Eu falo pela minha experiência, porque eu comecei muito miúda, portanto, eu tinha 21 anos quando entrei nesta casa. Eu procurava sim, um emprego com estabilidade, porque tinha esse foco. Eu precisava mesmo de ter aqui um emprego, estabilidade, sustentabilidade, portanto, não era uma coisa passageira. Portanto, uma pessoa também tem que fazer o seu caminho. E na altura também comecei como técnica administrativa de apoio a uma equipa e consegui fazer o meu caminho. Portanto, eu não fiquei estagnada naquela função há 16 anos. Portanto, estabilidade não é estagnação. Dentro da empresa, desde que também nos criem as oportunidades, e a gente também faça por isso, conseguir evoluir, conseguir acrescentar valor e desempenhar outras funções.

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  • Sofia Cansado

Sim. Eu acho que o curioso é isso mesmo, que é há aqui um mito por trás da estabilidade, especialmente de gerações mais novas, que é sempre a mesma coisa. Mas não é. Até porque todas as pessoas que por aqui passaram no Podcast têm experiências similares à tua, ou seja, experimentaram várias áreas, várias funções. Ou seja, não é, não é parada, é uma evolução. É na mesma casa, mas é uma evolução.

  • Ana Catarina Pereira

Sim, sim. Sem dúvida.

  • Sofia Cansado

E tenho aqui outra provocação. Tu achas que a flexibilidade, estabilidade trabalham em conjunto ou são opostos completamente?

  • Ana Catarina Pereira

Olha, eu ia te dizer que é um "nim". Eu acho que se podem trabalhar em conjunto, mas com algum equilíbrio. Não acho que sejam completamente opostos. O factor de haver estabilidade pode haver flexibilidade, como pode haver outras coisas, não é.

  • Sofia Cansado

Não estão separados.

  • Ana Catarina Pereira

Não. Eu acho que não, que não estão.

  • Sofia Cansado

Sim. Aliás, eu acho que a flexibilidade está mais que visto que é algo que pode ser adaptada a qualquer realidade de trabalho, não é. É só uma questão do setor, da empresa, do próprio profissional. Mas que não tem, não está relacionado com a estabilidade. Eu tinha aqui uma pergunta mais específica, até porque é muito interessante percebermos que a estabilidade varia de área para área. Consegues-me dizer quais é que são aqui os sectores onde a estabilidade é mais valorizada pelos profissionais? Seja a nível farmacêutico, banca. Sabemos que há sempre estes aqui mais tradicionais, não é. Saúde.

  • Ana Catarina Pereira

Sim. Nós temos aqui as profissões, digamos vá, tradicionais do nosso mercado. Eu acho que a área da banca mantém aqui, portanto, aqui a área da estabilidade, não é. Pode não ser sempre ali na mesma entidade. A área da saúde também. Tu tens certas zonas do país em que tens, por exemplo, muita indústria. Face à zona onde tu vives, a estabilidade de certeza que é mais valorizada, porque uma pessoa entra naquela área da indústria, no sector do calçado, do têxtil, mas que face também a zona geográfica, não há muita oferta de trabalho e as pessoas procuram aquela estabilidade e procuram aquele emprego para dar sustentabilidade, portanto, à sua vida pessoal e procuram aquele emprego para a vida. Portanto, eu acho que o setor também pode variar, mediante a área geográfica onde nós nos enquadramos. Acredito, por exemplo, a área do comércio em zonas, se calhar em Lisboa, não é tão valorizada, nos grandes centros, não é. Mas se tu fores, por exemplo, para Évora ou para Beja já é valorizada. Não sei se é bem esta a resposta, ou porque se enquadra, mas...

  • Sofia Cansado

Não, não. É um ponto interessante. Nem pensamos nessa parte da região. Mas é verdade, sei lá. O Algarve sofre muito sazonalidade e, se calhar, a estabilidade também é aqui um ponto importante. Para terminar, e até porque a estabilidade é uma coisa que depende dos profissionais também. Se eu procuro estabilidade no meu trabalho, como é que eu posso trabalhar para este efeito? Se é que posso trabalhar para esse efeito.

  • Ana Catarina Pereira

Eu acho que tem que ser uma coisa natural. O trabalhar para esse efeito ou não, na minha opinião, se conseguirmos fazer um bom trabalho, haver brio naquilo que fazemos, haver dedicação, procurar sempre acrescentar valor às nossas tarefas diárias. Portanto, na empresa, criar relações entre todos, acaba por estar um bocadinho interligado com a estabilidade. Não tem que ser estes pontos para tal, mas se fizermos de forma natural, naturalmente, desenrolar-se este fator. Agora sim, dedicação, acrescentar valor, brio poderá ser pontos que possamos ser reconhecidos e conseguirmos atingir aqui a estabilidade que procuramos no trabalho.

  • Sofia Cansado

Ou seja, deixar os resultados falarem mais alto.

  • Ana Catarina Pereira

Sim.

  • Sofia Cansado

Acho que é isso. Ana, eu acho que o tema da estabilidade é tão geral que é difícil dar aqui uma definição concreta e até passos concretos do que é que é a estabilidade, não é. Acho que é muito mais esta partilha de experiência.

  • Ana Catarina Pereira

É. Eu acho que não há nada, que não há tópicos concretos, portanto, aqui não há um significado. Isto não sai no dicionário o significado, portanto, de estabilidade. Acho que vai muito da vivência das pessoas, daquilo que procuramos, de geração em geração. Isto cada pessoa encara este tema, ou debate, de forma diferente. Pode haver muitas semelhanças, mas...

  • Sofia Cansado

É muito pessoal.

  • Ana Catarina Pereira

É muito pessoal. Eu acho que é.

  • Sofia Cansado

Ana, obrigada por teres estado aqui comigo a falar sobre este tema. Obrigado também a todos os que nos ouvem. Já sabem que voltamos de 15 em 15 dias com um novo episódio. Mas não deixem de ouvir os episódios mais antigos, até porque temos 3 temporadas muito interessantes que podem sempre revisitar. Obrigada e até ao próximo episódio.

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