Hoje falamos sobre sobre bem-estar.

Mais especificamente sobre bem-estar no âmbito profissional. Decidi que a melhor forma de refletir sobre o tema seria levá-lo o mais a sério possível, começando por promover as condições para o meu bem-estar enquanto vos escrevo.

E aqui estou eu: final de dia, a assistir a um pôr do sol, um copo de vinho branco bem gelado ao lado e um banda sonora adequada ao cenário.

Mas na verdade, o que é o bem-estar? E o que é necessário para o alcançar?

E penso: não sei. Na realidade, este cenário de fim de dia de verão promove o meu bem-estar. But one size doesn’t fit all e este meu equilíbrio não terá o mesmo efeito que provavelmente tem, por exemplo, no meu vizinho do lado. Mas eu sei do que gosto e com o que me identifico e naturalmente vou procurar ambientes e pessoas que partilhem os mesmos interesses e que retirem o mesmo gosto de determinadas situações ou atividades que eu. E quando as coisas são naturais, fluem.

Parece simples. Então porque é que na prática isso não acontece? Acredito que a linha que separa a forma como encaramos a nossa vida pessoal e a profissional é ténue. E os grupos, o contexto em que estamos inseridos tem tanto peso na vida pessoal como na vida profissional.

Vou dar-vos um exemplo, quando estou a ajudar um candidato a preparar-se para uma entrevista muitas vezes oiço a questão “E dicas, Catarina?”. A resposta é sempre a mesma “seja você próprio”, porque se isso não acontecer, corre o risco de dar as respostas que o cliente quer ouvir, ser selecionado, integrar a empresa e mais tarde, inevitavelmente deixará de se identificar com o projeto, com a cultura, com a organização. E, por isso, o melhor conselho que posso dar é para serem vocês próprios em entrevista. 

É verdade que o candidato está a ser avaliado. Mas porque é que a empresa também não deve ser avaliada pelos candidatos? Porque para que a relação funcione para os dois lados, tem de existir um match cultural e de valores entre ambos. Não corram atrás de um emprego, corram atrás de um emprego que faça sentido para vocês. Isto é a base para as pessoas conseguirem alcançar o bem-estar onde trabalham.

As empresas têm uma preocupação constante e crescente com os colaboradores e o seu bem-estar. Tivemos muitas provas disso durante o último ano e meio, sobretudo na primeira quarentena. Vimos empresas que faziam acompanhamento diário aos colaboradores, que aproximaram a gestão de topo das equipas operacionais, que disponibilizaram material e budget para aquisição de material de escritório e muitos mais exemplos. Mas cada colaborador encaixou a ação da empresa de forma diferente. Algumas pessoas valorizaram o que a empresa proporcionou, outras pessoas não se identificaram e outras reconheceram muito mais as ações de outras empresas que não as deles. Claramente há um bem-estar corporativo no caso do primeiro grupo de colaboradores. Mas isso não significa que não exista identificação com a empresa e consequente sensação de bem-estar por parte dos restantes grupos. 

O bem-estar não é fixo. É algo que muda não só de pessoa para pessoa mas é mutável consoante a fase da vida em que nos encontramos. O meu sentido de bem-estar no trabalho começou com foco total em aprender. E, por isso, quando a certa altura da minha carreira deixei de me sentir desafiada pela empresa onde estava, deixei de me identificar e mudei para uma outra que me deu o que procurava, o que precisava naquela fase da minha vida. Anos mais tarde, quando tive a minha filha tudo mudou novamente. Priorizei a minha filha e uma organização que fosse flexível, que promovesse o worklife balance tão importante naquela altura. Hoje estou numa fase em que preciso de ter equilíbrio entre a vida familiar e profissional. Quero poder gerir o meu trabalho e a minha vida com a máxima de total autonomia e total responsabilidade.

Depois deste enquadramento consigo responder, o que é o bem-estar? Para mim equilíbrio, satisfação pessoal, satisfação profissional. Como se alcança? O segredo do bem-estar está dentro de cada um, não há fórmulas, não há receitas. Cada um deve procurar o seu caminho, há quem diga que só se vive uma vez, eu não concordo com esta frase. Acredito que só se morre uma vez, mas que se vive todos os dias. E todos os dias podemos procurar o nosso bem-estar, o nosso equilíbrio.

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catarina ferreira
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catarina ferreira

manager sales & marketing, professionals lisboa, randstad portugal