em resumo:

  • A fraude financeira em Portugal continua a crescer, com perdas médias de 428 € por consumidor em 2023.
  • A inteligência artificial é cada vez mais usada para detetar fraudes em tempo real e adaptar-se a novas ameaças.
  • Plataformas como a Feedzai, Darktrace e Featurespace estão a transformar a forma como bancos e fintechs portugueses combatem o cibercrime.
  • A IA permite respostas mais rápidas, menos falsos positivos e maior escalabilidade, mas levanta desafios éticos e legais.
  • O futuro passa por modelos explicáveis, governação de dados sólida e colaboração entre equipas de risco e tecnologia.

como podem as instituições financeiras combater a fraude quando os criminosos estão dois passos à frente?

Essa é, hoje, uma questão mais urgente do que nunca. A atividade fraudulenta em Portugal tem aumentado de forma acentuada, impulsionada pelo crescimento das compras online, fraudes em pagamentos e táticas cibernéticas cada vez mais agressivas. Segundo o Retail Report 2024 da Adyen, as empresas portuguesas sofreram perdas de 13 mil milhões de euros devido a fraudes em 2023, com perdas médias por consumidor a alcançar os 428 euros — quase o triplo em comparação com 2022.

Apesar destas perdas crescentes, apenas cerca de 53% dos retalhistas nacionais acreditam que as suas defesas contra fraudes são eficazes — uma queda preocupante face aos 59% registados no ano anterior.

Dados nacionais de pagamentos indicam que, na primeira metade de 2024, ocorreram cerca de 129 casos de fraude com cartão por cada milhão de transações, enquanto as transferências a crédito registaram 16 operações fraudulentas por milhão, com uma média de 3.118 euros por ocorrência. O phishing, a engenharia social e o roubo de identidade continuam a ser os principais vetores de ataque, com os criminosos a explorarem tanto vulnerabilidades tecnológicas como humanas.

A prevenção tradicional de fraudes - regras estáticas, revisões manuais e auditorias periódicas - já não acompanha o ritmo dos criminosos, que recorrem à automação, à IA generativa e a técnicas sofisticadas de engano. É necessário adotar uma solução inteligente: a inteligência artificial na prevenção de fraudes, capaz de analisar transações e comportamentos em tempo real, aprender com cada ataque e reagir rapidamente a novas ameaças.

Neste artigo, exploramos como a IA está a ajudar instituições financeiras portuguesas e internacionais a superar os cibercriminosos - desde plataformas avançadas de deteção a casos reais de sucesso - e discutimos os desafios éticos, técnicos e regulatórios que se avizinham.

como é que a IA deteta e previne o cibercrime no setor financeiro?

Os sistemas baseados em IA funcionam de forma distinta dos sistemas tradicionais baseados em regras. Eles:

  • utilizam machine learning para modelar dados históricos de transações e identificar padrões anómalos.
  • aplicam análises comportamentais para detetar desvios na atividade de clientes ou colaboradores.
  • recorrem a sinais de confiança de identidade, incluindo dados de dispositivo, localização e comportamento do utilizador, para combater o roubo de identidade.
  • utilizam IA explicável (explainable AI – XAI), tornando os processos de deteção mais transparentes e auditáveis.

Estes sistemas conseguem monitorizar transações em tempo real e interromper transferências suspeitas, mudando a prevenção de fraudes de uma abordagem reativa para uma abordagem verdadeiramente preventiva.

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que ferramentas de IA estão a transformar a deteção de fraudes na banca e fintech?

Uma nova geração de plataformas está a revolucionar a defesa contra fraudes:

  1. darktrace enterprise immune system: esta plataforma de auto aprendizagem constrói "padrões de vida" para cada utilizador e dispositivo, usando aprendizagem não supervisionada para detetar ameaças zero-day. Já é utilizada por mais de 3.000 empresas, com capacidades de Resposta Autónoma que neutralizam ameaças de imediato.
  2. featurespace: reconhecida pela sua Análise Comportamental Adaptativa, permitiu ao NatWest melhorar a deteção de burlas em 135% e reduzir falsos positivos em 75%.
  3. FICO falcon fraud manager: utilizado pelo Yapı Kredi, da Turquia, reduziu perdas por fraude em 98,7% ao longo de sete anos, com recurso a machine learning personalizado e pontuação em tempo real.
  4. feedzai, kount, fraud.net: outras plataformas líderes que combinam análise de big data, identidade de dispositivos e machine learning para fornecer pontuações de risco em tempo real e verificação de identidade.

quais são os benefícios e as limitações da IA na deteção de fraudes?

os benefícios.

  • deteção mais rápida: milhares de eventos analisados por segundo, permitindo intervenção imediata.
  • menos falsos positivos:a aprendizagem adaptativa reduz os bloqueios desnecessários de transações legítimas.
  • defesas escaláveis: capacidade para lidar com volumes crescentes de transações.
  • redução de custos: automatiza revisões manuais e reduz o esforço de investigação.
  • proteção proativa: os sistemas evoluem à medida que os atacantes inovam.

os desafios.

  • risco de enviesamento: os modelos podem visar injustamente determinados grupos, se não forem cuidadosamente auditados.
  • explicabilidade e conformidade: os reguladores exigem decisões transparentes. As ferramentas XAI ajudam a responder a esse desafio.
  • privacidade dos dados: o RGPD e as regras de partilha de dados exigem um tratamento rigoroso da informação pessoal.
  • implementação complexa: exige engenheiros de IA qualificados, estratégias de risco e validação contínua.

será a IA o futuro da defesa contra o crime financeiro?

A IA não é uma solução mágica, mas já está a moldar o futuro da prevenção de fraudes. À medida que o cibercrime evolui, com deepfakes e fraudes potenciadas por IA generativa, as defesas tradicionais tornam-se insuficientes. As instituições que prosperarão serão aquelas que:

  • investem precocemente em capacidades de IA e análise de dados;
  • garantem estruturas éticas e explicáveis que cumpram a legislação;
  • colaboram com outros setores para partilhar inteligência sobre ameaças;
  • se mantêm informadas e ágeis (os criminosos continuarão a inovar).

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