Diariamente, entram na nossa base de dados centenas de novos candidatos. Queremos conhecê-los melhor, saber se terão interesse nas ofertas de emprego que temos para lhes propor, saber se conseguimos ajudá-los a encontrar a oportunidade que procuram.

Renovamos a cada dia esta curiosidade de saber quem são os candidatos que nos procuram, que talento têm, que boas conversas teremos com eles. Abrimos fichas de candidatos e CV’s, e, numa boa parte dos casos, ficamos sem saber muito mais sobre estas pessoas. Nos casos mais positivos, conseguimos obter a lista das experiências profissionais que já tiveram, mas, nos menos positivos, que são ainda uma parte considerável deste talento incógnito, temos acesso apenas a alguns dados pessoais e às funções que procuram.

Porquê?

Frequentemente, são os candidatos que nos elucidam, quando os contactamos. “Tenho apenas o 12º ano.” “Ainda não tive qualquer experiência de trabalho.” “O que é suposto colocar num CV se nunca trabalhei?”

Identificas-te com estas questões? Também achas que, por nunca teres trabalhado, não terás nada que interesse a uma empresa para colocar no teu CV? A primeira boa notícia é que tal não é verdade. A segunda é que, depois de leres as sugestões que te deixamos, terás dificuldade em preencher apenas 1 página do teu CV. Queres apostar?

de humanos para humanos, parte 1

Quando envias o teu CV, mesmo que a empresa para a qual estás a candidatar-te tenha algumas ferramentas de suporte à primeira triagem dos candidatos, há uma probabilidade elevada de o teu CV vir a ser aberto por uma pessoa. Se tal acontecer, qual a primeira impressão que queres deixar? Já ouviste dizer que só há uma boa oportunidade de causar uma primeira boa impressão? Pois então, esforça-te para que a primeira impressão sobre ti seja a melhor possível.

Para isso, esmera-te no formato que escolheres para o teu CV - há infinitas sugestões à distância de uma pesquisa na internet e, em breve, também partilharemos contigo algumas alternativas - no tipo e tamanho da letra, que deve ser sóbria e legível, na formatação do texto, que deve ser cuidado e uniforme ao longo de todo o CV.

Os pequenos detalhes são importantes para passares desde o primeiro segundo a imagem de que te empenhaste para apresentares um CV organizado e esteticamente agradável. 

de humanos para humanos, parte 2

Até tens jeito para a estética e ultrapassaste com distinção a primeira etapa na construção de um CV. Vamos, então, aprofundar a nossa relação com a pessoa que lerá o teu CV pela primeira vez, e decidirá que passarás à próxima fase?

O que lhe dirias se, em vez de lhe enviares o teu CV, pudesses apresentar-te pessoalmente em apenas 30 segundos? Pois bem, é exatamente isso que tens de escrever nas primeiras linhas do teu CV! Quem és e que valor podes acrescentar à empresa? Neste parágrafo, deves focar-te naquilo que leste no anúncio de emprego e adequar o teu discurso ao que é mais valorizado para a função  em questão. Se a empresa procura capacidade de comunicação e orientação para o cliente, o que poderás dizer sobre essas tuas habilidades? Se, por outro lado, a capacidade de organização e planeamento e o espírito crítico são as competências mais importantes para a função, como descreverias essas tuas capacidades e que experiências te permitiram desenvolvê-las?

Mas isto significa que tens de ter várias versões do mesmo CV, para as várias ofertas a que te candidatas? Sim, claro. Ou falas com todas as pessoas da mesma forma, no teu dia a dia? É um exercício de empatia que deve começar com a questão - “como penso acrescentar valor à empresa e lidar com os seus clientes, produtos ou serviços?”.

Se conseguires provocar um brilho nos olhos da pessoa que ler o teu CV, através do entusiasmo e da motivação que transmitirem as tuas palavras, estarás mais perto de conseguir o teu objetivo: a entrevista.

competências, as tão famosas competências

Não é por acaso que cada vez mais se fala em competências, deixando para segundo plano palavras como “funções” ou “profissões”. O mundo do trabalho está em constante mudança e a tecnologia tem vindo a acelerá-lo ainda mais. Funções e profissões desaparecem e outras são criadas. Para responder a esta rapidez, é necessário que a tua bagagem profissional inclua competências, de preferência o mais diversificadas possível, até porque todas poderão vir a ser úteis para alguma função que hoje ainda nem existe.

Mais uma boa notícia, certo? Mesmo “apenas” com o 12º ano ou tendo acabado uma licenciatura sem qualquer experiência profissional, ao longo da tua vida, foste adquirindo competências nos mais variados contextos - hobbies, voluntariado, atividades curriculares ou familiares. Estas competências são música para os ouvidos das empresas, que procuram cada vez mais profissionais que possam ajustar-se a diversas funções, à medida que estas vão evoluindo.

Por ser tão importante, vamos falar mais sobre este tópico nos próximos parágrafos. Para já, o que é importante reter é que o teu CV deve apresentar com clareza as tuas competências e como as adquiriste e desenvolveste. Para além de estares a falar uma linguagem comum à empresa para a qual te candidatas, ainda poderás adequar as competências que apresentas no teu CV àquelas que são relevantes para a função. Recordas-te do primeiro exercício de empatia do ponto anterior? O princípio é o mesmo.

hobbies - apenas diversão? voluntariado - apenas boas ações?

Estas são fáceis, se leste o artigo até aqui. Vamos então a um quizz?

Gostas de ler durante horas?

1) Que competência poderás ter desenvolvido graças a esta atividade?

Já sabes? Ótimo! Então, agora, vamos ao que interessa para o teu CV:

2) que competência poderás ter desenvolvido graças a esta atividade e que poderá ser muito útil para a empresa para a qual te estás a candidatar?

Outro exemplo: praticas algum desporto? Em equipa ou mais solitário? Repete as questões 1) e 2).

Último exemplo: costumas apoiar alguma instituição na distribuição de alimentos a pessoas sem abrigo? As próximas questões já conheces.

Depois deste exercício, que pode e deve ser feito antes de te lançares na redação do teu CV, já sabes o que tens a fazer. Ler com atenção o que diz o anúncio de emprego na secção de requisitos, competências ou responsabilidades, selecionar da tua listagem as competências que te farão mais falta para executar com sucesso a função, e realçá-las no teu CV. Para isso, deves incluir os teus hobbies e/ou as ações de voluntariado em que participas ou participaste, com a indicação das competências que desenvolves ou desenvolveste nessas atividades.

e na escola, “apenas” estudo?

Bem, uma boa parte do tempo espera-se que sim, e ainda bem, porque esta é daquelas atividades que enriquecem, sem dúvida, as competências para o mercado de trabalho. Exemplos? Dominas um idioma? Sabias que esta é das competências mais valorizadas nas mais diversas áreas? Participaste ativamente em iniciativas estudantis? Qual foi o teu papel? Liderar? Organizar a equipa e as diferentes tarefas? Criar o plano de ação? Pois é, já estamos a falar de palavras muito usadas em anúncios de emprego e ainda nem temos um emprego! Vamos a mais um? Foste reconhecido por alguma conquista durante o período escolar? Um artigo que escreveste ou um trabalho que realizaste? O que disseram sobre ti, quando reconheceram essa conquista?

Como espero que tenhas percebido, ao longo do artigo, as hipóteses de fazer o teu CV destacar-se no meio de milhares, são inúmeras. A tua experiência não inicia com a experiência profissional, começou a construir-se desde o início da tua vida e o mais desafiante pode ser reconhecer isso. Para tal, parar e refletir durante algum tempo sobre o que vais desenvolvendo ao longo do teu percurso, é um exercício muito recomendado antes de te lançares na redação do teu CV.

Já agora, é também um exercício fundamental para decidires o teu futuro profissional, ao longo de toda a tua carreira, mas este é tema para outros artigos. Por agora, comecemos pelo princípio.

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Ligia mendes
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talent acquisition manager

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