• Sofia Cansado

Olá! Sejam bem-vindos ao podcast #EVERYDAYHERO. Hoje vamos falar sobre aqui um combate que existe há muitos anos - competência vs. experiência. O que é que na verdade se valoriza num currículo? Comigo, para falar sobre esta pergunta existencial, tenho o Filipe Pinheiro. O Filipe é Consultor de Inhouse, na Randstad, e está aqui para esclarecer estas dúvidas. Não é, Filipe? Bem-vindo!

 

 

  • Filipe Pinheiro

É verdade. Obrigado, Sofia. E, antes de mais, obrigado pelo convite. Sim, vamos tentar aqui explorar aqui esta parte das competências e da experiência e, pronto, dar aqui um bocadinho a minha opinião, sobre o que acho que é mais importante nesse sentido.

 

  • Sofia Cansado

Muito bem. Antes de passarmos para esta parte, gostava que falasses um bocadinho de ti para quem nos ouve.

 

  • Filipe Pinheiro

Ora bem. Então eu, a minha experiência começando pela parte académica, inicialmente estava com ideias de tirar gestão, porque era um curso que também tinha interesse por causa da minha facilidade em lidar com números por aí fora, só que algo me puxou para a parte de sociologia. Portanto, acho que a sociologia acabou por ser um curso que eu achei super interessante, porque estava a dar-me algo, ou seja, estava a aumentar as de competências, acrescentava-me e acabei por optar ficar em Sociologia, fiz só licenciatura e depois comecei logo no mundo profissional, onde iniciei na parte bancária. Só que ao final de 2 anos percebi que não era só os números que eu precisava, precisava também de contacto mais com pessoas, embora na parte bancária também o exista, mas não tanto. E então houve esta oportunidade de começar aqui na Randstad, onde estou desde 2018 e até então, e espero continuar durante muito mais tempo, porque é mesmo a área onde eu me identifico, que é a lidar com pessoas, ajudar as pessoas e poder fazer algo que me enriquece tanto profissionalmente, como pessoalmente.

 

  • Sofia Cansado

Muito bem. Passaste aqui dos dados às pessoas, não é.

 

  • Filipe Pinheiro

Exatamente. Basicamente no fundo foi isso. Embora também haja dados aqui no nosso trabalho do dia-a-dia, não é, a parte administrativa.

 

  • Sofia Cansado

Claro, claro. Acho que só falta o teu Fun Fact.

 

  • Filipe Pinheiro

O meu Fun Fact, então, o que é que acontece, sou daquelas pessoas que acorda às 05h30 da manhã para ir ao ginásio, para depois vir trabalhar, então, para ter tempo para vir trabalhar. Portanto, ao início foi muito difícil, mas acho que é tudo uma questão de hábito, acho que é tudo mesmo uma questão de entrar na rotina. Obviamente que agora no verão custa menos, mas no inverno, quando nós vamos com aquele quentinho, saímos daquele quentinho da cama e encontramos um carro congelado e temos que descongelar, acaba por ser um bocadinho difícil mesmo.

 

  • Sofia Cansado

É aí que tu pensas: vale a pena?

 

  • Sofia Cansado

Pois, no fundo é isso. Mas sim, acaba sempre por valer a pena.

 

  • Sofia Cansado

Muito bem. É aqui uma prova de resiliência, Filipe.

 

  • Sofia Cansado

É verdade.

 

  • Sofia Cansado

Entrando aqui no tema, nós acabamos sempre por ter esta pergunta, não é, o que é que afinal conta mais num currículo? Será as minhas competências ou a minha experiência profissional? Há sempre estas dúvidas, especialmente quando pensamos em pessoas que estão agora a entrar no mercado de trabalho e, portanto, experiência não têm tanto ou pessoas que têm muita experiência profissional, mas que depois não adquiriram competências, que se calhar são as mais importantes neste momento. Portanto, agora deixo-te este combate. Quem é que ganha?

 

  • Filipe Pinheiro

Eu acho que ganham as duas. Cada uma delas à sua maneira. Ou seja, a experiência é sempre importante, no sentido de nós sabermos fazer, sabermos fazer aquilo, sabermos atuar sobre aquela determinada função ou ter noção daquilo que já passámos por aí fora. Mas as competências também é super importante. E as competências aqui eu acabo por associar um bocadinho à parte dos soft skills. Ou seja, algo que nós podemos, primeiro nasce connosco não é, não podemos obrigar a alguém a saber a trabalhar sob pressão. Isso também é algo que acaba por ser da natureza de cada um de nós, mas que é super importante para determinadas funções perceber as competências que essa pessoa tem. Portanto, acho que no fundo nenhuma delas ganha e ambas se complementam e, portanto, a experiência é boa para eu saber fazer, as competências é bom para eu saber acrescentar. Portanto, no fundo eu acho que é um bocadinho por aí, que existe estes dois pontos.

 

  • Sofia Cansado

Acaba por ser um jogo em equipa, vá.

 

  • Filipe Pinheiro

Exatamente. No fundo é isso.

 

  • Sofia Cansado

Tu achas, então, se nós precisamos de valorizar as duas, na verdade, a estrutura do currículo, o típico currículo, não falo daquelas estruturas já feitas, falo daquelas que nós normalmente aconselhamos a fazer. E os consultores aconselham as pessoas a fazer diariamente. Tu achas que o currículo devia dividir os dois temas, ou seja, um bloco só sobre competências e um bloco só sobre experiência?

 

  • Filipe Pinheiro

Acabava por ser interessante, sim. Porque, aí está, quando chega um currículo até nós é importante perceber a experiência. É importante perceber quais foram as empresas onde trabalhavam, qual era o tipo de função, para perceber se já teve alguma função idêntica. Embora obviamente que de empresa para empresa, trabalho para o trabalho, embora seja a mesma função, há sempre processos que são diferentes, não é, e é importante uma pessoa tenha capacidade, competências para essa adaptação a processos diferentes e a situações diferentes. Mas sim, era interessante ter uma parte inicial, perceber a experiência do candidato e também, a seguir, a parte das competências, para perceber aquilo que poderá acrescentar, aquilo que não é ensinado e que poderá ser uma mais valia para aquela função. Portanto, acho que era super interessante fazer essa divisão dos dois temas. Obviamente que também não é descabido fazer uma junção das duas, ou seja, se porventura colocar lá a experiência e também as competências que foram adquiridas com essa experiência. Mas acho que, se calhar, numa parte final do currículo é sempre importante é colocar aquelas competências que não foram adquiridas com a experiência, mas sim que nós sabemos que as temos, porque nós somos assim ou porque a parte do soft skills que eu falei anteriormente, ou seja, que sou uma pessoa empática, que acaba por saber trabalhar em pressão, tenho um pensamento criativo por aí fora e colocar isso no currículo acho que também seria interessante. Porque é sempre uma mais valia para nós percebermos aquilo, as valências daquele candidato e perceber se, por ventura, aquilo que nós procuramos, se encaixam ou não.

 

  • Sofia Cansado

Mas é engraçado o que tu estás a dizer. Ou seja, fazer aqui não só ter a experiência, muitas vezes dizemos a nossa experiência, mas não dizemos o que é que ganhámos com aquilo. E resumir que desta experiência, eu ganhei competências A, B e destas C e D é muito interessante. Significa até que conseguimos provar que tiramos sempre algum resultado de todas as experiências que temos.

 

  • Filipe Pinheiro

Certo. Acho que sim, que é importante. Porque, aí está, existem competências que nós nascemos com elas. Mas depois existem competências que ao longo da nossa jornada profissional que vão ser acrescentadas e que nós, se calhar, nem sabíamos. Um exemplo muito prático: durante a faculdade, eu quando fazia uma apresentação de um trabalho, não tinha o à vontade, sentia demasiada pressão, por aí fora. Neste momento, acabo por dar formação aos colaboradores, porquê? Porque foi algo que foi, fui aprimorando na minha vida profissional e que essa competência acabou por ser algo que eu não tinha e que foi acrescentado. Portanto, é sempre importante dizer as iniciais que nascem connosco e aquelas que vão sendo construídas ao longo do nosso percurso profissional.

 

  • Sofia Cansado

E falando em faculdades, escola, cursos. Para quem está agora à procura do primeiro emprego e não pensando, ou seja, até ao momento qual é que é a experiência de educação. Ou seja, se simplesmente terminou o 12.º ano e está à procura de um emprego, ou depois de um curso técnico, ou depois de uma licenciatura. Estou à procura do meu primeiro emprego, como é que eu me posso valorizar profissionalmente, sabendo que à partida esta parte da experiência já está em falha.

 

  • Filipe Pinheiro

É assim, tem esta primeira fase que é parte do CV em que é importante então, uma vez que não há experiência, salientar a parte das competências que o candidato, que a pessoa considera que as tem. Depois numa segunda parte, no momento da entrevista, acho que aquela pergunta básica que é feita das qualidades e dos defeitos, acho que seria importante fazer uma resposta com exemplos. Ou seja, eu, como o entrevistador, se oiço alguém dizer que acha por exemplo na parte dos defeitos, diz "olha, o meu defeito que é o mais habitual, sou teimoso", eu se calhar entendo essa teimosia como uma parte de não aceitar novas orientações, novas indicações, directrizes, por aí fora. Mas, se calhar, aquilo que realmente quis dizer era que era teimoso no sentido de ser persistente, de querer atingir o objectivo e, portanto, se não houver essa comunicação poderá levar aqui a um mal entendido e que acaba por estragar um bocadinho a entrevista. Portanto, acho que tanto na parte das qualidades como nos defeitos, era importante dizer "tenho esta qualidade porque nesta situação eu tive, ou fiz desta forma, ou resolvi desta forma, ou achei que deveria ter sido feito assim, por aí fora. E com estes exemplos nós percebemos primeiro o que é que realmente a pessoa quer dizer com aquela qualidade ou com aquele defeito e, ao mesmo tempo, perceber que "ok, ele teve aquela reação naquela situação. Portanto, acho que era interessante porque nós, se calhar, nesta empresa temos situações idênticas. E, portanto, acho que para quem procura um primeiro emprego e, está numa entrevista, não consegue explorar muito bem a parte da experiência porque não a tem, não é, e portanto, explorar essa parte das competências de soft skills que acha que tem, porque derivado de diversas situações que possam ter ocorrido na sua vida, tanto académico ou mesmo na vida pessoal, que possam ter salientado essas competências. Acho que é basicamente nesse sentido.

 

  • Sofia Cansado

Mostrar estes cenários sempre a nosso favor, mesmo nestas perguntas mais difíceis que temos sempre numa entrevista.

 

  • Filipe Pinheiro

Pode ser a favor, ou pode não ser a favor. Aqui o importante é ser honesto, no sentido, eu tenho uma função que precisa de alguém que trabalhe sob pressão, ok, e porque é um trabalho super com pressão e a pessoa ao dizer: "- olha, eu qualidades sei trabalhar sob pressão. - Ok, mas que pressão é que trabalhaste?" Se calhar, não era uma pressão tão exigente como aquela que eu tenho. Pode ser um início, pode ser o início de algo que depois pode ser construído, ou então pode ser a pressão dele é completamente diferente da minha ideia de pressão, basicamente é nesse sentido. É importante a pessoa ser honesta para perceber realmente se se enquadra ou não, que é para não estarmos no fundo a perder tempo, porque acaba por não ser, se calhar, a função que se enquadra para aquele candidato. Mas existem outras, depois podemos sempre ajudar, não é.

 

  • Sofia Cansado

Sim. Ao final do dia também é importante reter isso. Pode não ser aquela oportunidade, mas há sempre mais oportunidades.

 

  • Filipe Pinheiro

Exatamente. No fundo é isso. Sim.

 

  • Sofia Cansado

Eu acho que só me falta aqui uma pergunta, que é quase uma provocação. Mas de certeza que vais conseguir responder da melhor forma. O que é que é melhor: competências sem experiência ou experiência sem competências? 

 

  • Filipe Pinheiro

Ora bem. Eu, no cliente onde estou, normalmente com os candidatos, e até mesmo com os colaboradores, aquilo que eu digo é: nós a nível de formação, nós damos. A pessoa pode demorar uma semana, pode demorar um mês. O importante aqui é mostrar disponibilidade, mostrar vontade e mostrar ser uma pessoa que está a fazer o seu trabalho e que não acaba o trabalho e fica à espera de novas ordens, mas que as procura, ou seja...

 

  • Sofia Cansado

Proativo.

 

  • Filipe Pinheiro

Exatamente. Ser uma pessoa proativa, que vá à procura e que tenha um compromisso com a empresa. Ou seja, onde é que eu quero chegar com isto? A formação, a parte de ensinar como fazer a função, isso mais cedo ou mais tarde, a pessoa vai aprender. Pode demorar mais ou menos. Agora a parte de existir estas competências, é que não é algo que, acaba por ser algo que tem de ser mostrado logo no início.

 

  • Sofia Cansado

Tem de partir do profissional.

 

  • Filipe Pinheiro

Exatamente. E, portanto, eu acho que no meu ponto de vista, é mais importante competências sem experiência, porque a experiência nós podemos, aí está, podemos falar de um primeiro emprego. Acho que todos nós por algum trabalho que iniciámos, não tivemos experiência e que tivemos que salientar com as nossas competências e começar por algum lado. Acho que no fundo é isso.

 

  • Sofia Cansado

Sim. E são boas notícias, não é, porque mesmo que eu não tenha experiência neste momento, eu sei que tenho competências que posso adquirir, mesmo que não as tenha, posso trabalhar nelas.

 

  • Sofia Cansado

Exatamente. No fundo é isso. Porque, aí está, a experiência nós vamos adquirir sempre na nossa vida profissional. Aliás, se fosse ao contrário, experiência sem competências, estávamos tramados porque não havia profissionais a iniciar no mundo do trabalho. E, portanto, acho que o importante é nós sermos fiéis a nós próprios, sabermos perfeitamente quais são as nossas competências e tentarmos encontrar uma função que se adequa às nossas competências, pronto. No fundo é isso. Se eu não... No fundo é a minha função, neste caso na Randstad na parte dos recursos humanos, se eu não gostar de lidar com pessoas acho que estava no sítio errado. E, portanto, não fazia sentido estar a trabalhar na Randstad. Para quem trabalha na Randstad acho que existe esta... Na Randstad, neste caso na função onde eu estou, existe esta necessidade de ter esta competência, de lidar com pessoas, querer ajudar, por aí fora.

 

  • Sofia Cansado

Filipe acho que é isto, especialmente, porque acabamos com boas notícias para quem não tem experiência, as competências são sempre valorizadas e são sempre trabalhadas. Portanto, obrigada por teres estado aqui comigo hoje. Acho que este combate acaba por ser um empate, não é? Competências e experiência sempre lado a lado?

 

  • Filipe Pinheiro

Sim. É sempre muito importante as duas, aí está. Mas não é nenhum drama não haver experiência, desde que exista sempre as competências iniciais e as competências depois adquiridas com a experiência.

 

  • Sofia Cansado

Filipe, obrigada por teres estado aqui comigo hoje. Obrigado também a quem nos ouve. Nós voltamos daqui a 15 dias com mais um episódio. Portanto, estejam atentos e até lá podem sempre rever todas as nossas três temporadas do Podcast. Obrigada.

 

 

estamos no spotify!

ouve aqui