• Produção de veículos cresce 1,7% no início de 2025 e sustenta aumento do emprego no setor automóvel;
  • Segmento da produção puxa pelo emprego e pelos salários do setor;
  • 3 de cada 4 profissionais do setor são homens (77% do emprego);
  • Portugal supera a média da União Europeia no peso do setor automóvel no emprego nacional.


A Randstad Research divulga uma nova radiografia ao mercado de trabalho no setor automóvel, com base nos dados mais recentes do Eurostat, INE e Segurança Social. O estudo analisa a evolução do emprego, salários e estrutura empresarial de um setor que, apesar de representar apenas 3,9% do emprego total, tem um forte efeito multiplicador na economia nacional e se afirma como motor de inovação tecnológica e qualificação profissional.
No 1.º trimestre de 2025, o setor automóvel empregava 203,2 mil pessoas, com uma ligeira subida de 0,2% face ao trimestre anterior. Este crescimento é impulsionado, sobretudo, pela produção de veículos automóveis, que aumentou 1,7% nos primeiros três meses do ano, contrastando com uma quebra de 0,5% no comércio, manutenção e reparação de veículos.
A estrutura do setor revela duas realidades distintas. O segmento do comércio, manutenção e reparação representa 64,6% do total de empregos (131,2 mil pessoas), enquanto a produção automóvel, mais especializada, emprega 72 mil pessoas (35,4%), com maior concentração geográfica e tecnológica.
Apesar do seu peso relativo no emprego total, Portugal supera a média da União Europeia (UE) no peso do setor automóvel no emprego: no 1.º trimestre de 2025, estava 0,7 pontos percentuais acima da média da UE, apenas atrás de países como Alemanha, Polónia e Eslováquia.
Ao contrário de setores mais dependentes do turismo, o setor automóvel apresenta baixa sazonalidade. Em fevereiro de 2025, representava apenas 2% do total de desempregados registados nos Centros de Emprego (6.046 pessoas), com uma tendência distinta entre as atividades: no caso da comercialização de veículos o desemprego diminuiu e totalizava em 2.528 pessoas e na produção aumentou para 3.518 pessoas.
Regionalmente, o Norte lidera em volume de desemprego no setor, mas é no Centro que o setor automóvel representa maior proporção face ao desemprego total regional (2,9%). Já Lisboa apresenta a maior disparidade entre as duas principais atividades do setor.

Salários crescem 8,1% e reforçam atratividade do setor
A remuneração média no setor automóvel cresceu 61,9% nos últimos 20 anos e 8,1% só no último ano, refletindo a necessidade crescente de atrair talento. Em 2023, a remuneração média na produção atingiu 1.759,95 euros, enquanto no comércio foi de 1.426,67 euros. A diferença salarial entre os dois segmentos aumentou para 332 euros, refletindo a maior qualificação exigida na produção. 
Esta evolução salarial evidencia não só a procura crescente por talento qualificado, mas também a valorização do capital humano como fator competitivo.
Apesar deste crescimento salarial, o setor mantém uma distribuição de género profundamente desequilibrada: 77% dos profissionais são homens (156,5 mil) e apenas 23% são mulheres (46,7 mil), contrastando com a paridade de género no emprego nacional.
No respeita às qualificações, o setor caracteriza-se por uma forte presença de profissionais qualificados (43,7%) e semiqualificados (22,7%), impulsionando a formação contínua e o desenvolvimento técnico. Os quadros superiores, médios e chefias têm um peso mais reduzido, o que reforça o foco operacional e técnico da atividade.

Mais empresas no comércio, maior emprego na produção
Olhando para a composição de atividades do setor, de acordo com os dados mais recentes de 2023, o setor automóvel apresentou uma clara divisão. A atividade de comércio, manutenção e reparação contabilizava 33.449 empresas, com destaque para o comércio de veículos, que empregava 48.350 pessoas. Já a produção automóvel, apesar de concentrada em apenas 680 empresas, empregava 42.892 pessoas, sendo que 45 dessas empresas concentravam 33.162 empregos, refletindo a elevada escala industrial do setor.
Os dados permitem concluir que o segmento da produção automóvel se destaca no setor por gerar emprego estável e qualificado, oferecer remunerações superiores e desempenhar um papel estratégico na transição tecnológica e no reforço da base industrial nacional.
Na análise de Isabel Roseiro, Diretora de Marketing da Randstad, “O setor automóvel mostra sinais positivos de estabilidade e valorização profissional, especialmente no segmento da produção, onde os salários e a qualificação continuam a subir. No entanto, o desequilíbrio de género e a dificuldade em atrair talento jovem e diverso mantêm-se como grandes desafios. Para garantir a competitividade futura, o setor terá de investir em inclusão e formação contínua, acompanhando a transformação tecnológica e as exigências de um novo perfil de trabalhador.”

Para mais informações, consulte www.randstad.pt/randstad-research.