Nos últimos oito anos, a Brunswick triplicou o número global de colaboradores e, em Portugal, são já 750. Joana Bernardo garante que são eles o principal ativo da empresa – e acredita que a disputa pela talento será o grande tópico desta década. É por isso que neste empresa naval e de lazer a preocupação com as pessoas não se extingue no departamento de Recursos Humanos.

 

Entrevista a Joana Bernardo, Human Resources Manager – Portugal e Polónia, da Brunswick Boat Group

como tem sido a evolução da Brunswick em Portugal? Quais os principais marcos?

A Brunswick está presente em Portugal desde 2007, num percurso pautado pelo crescimento sustentado e exponencial. Mais concretamente, nos últimos oito anos, duplicamos o nosso output, diversificámos o nosso portefólio com novas marcas e modelos, e triplicámos o número global de colaboradores.

Ao longo dos anos, e perante momentos disruptivos como um incêndio em 2011 que destruiu uma das nossas naves produtivas, a Brunswick prosperou, tendo implementado várias alterações de sucesso ao seu plano estratégico.

Em perspetiva, em 2020, produzimos cerca de 1750 barcos e em 2021 estamos a caminho de produzir mais de 2500 barcos.

 

em termos de negócio, que objetivos pretendem alcançar no nosso país?

O nosso objetivo a médio prazo será aumentar a nossa capacidade instalada para produzir 4000 barcos em 2023. Atualmente, em resultado das provas dadas pela equipa de Portugal, que conseguiu ganhar uma posição de destaque na Brunswick Corporation, encontramo-nos numa fase de expansão e investimento significativo das nossas instalações e áreas sociais.

 

qual a importância que Portugal assume no grupo?

Portugal está a evidenciar-se dentro do grupo Brunswick como uma fábrica prioritária para o grupo em termos de produção de embarcações para todo o mercado europeu e asiático e africano.

a COVID-19 terá impactado o vosso negócio. Como responderam a essa vicissitude aos desafios acrescidos que trouxe?

A COVID-19 veio inexoravelmente impactar todos os negócios que conhecemos e, pela sua natureza inesperada, avassaladora e destrutiva, todos tivemos de nos adaptar e reorganizar em tempo record. Neste sentido, a pandemia veio testar a nossa resiliência e provar que uma equipa sólida e coesa consegue fazer frente ao maior dos desafios.

A Brunswick Portugal focou os seus esforços na preservação da saúde e bem-estar de todos os seus colaboradores, organizando toda a sua operação e dia-a-dia no sentido de garantir a segurança de todos, rapidamente assegurando meios para a realização de teletrabalho em todas as funções possíveis e, no caso de funções produtivas cujo regime presencial é incontornável, colocando em prática protocolos rígidos e sistemáticos de salvaguarda do bem-estar e saúde de todos os colaboradores e parceiros.  

 

com quantas pessoas contam atualmente?

Mais de 750 colaboradores.

 

quais são os principais desafios na gestão dessas pessoas? Alguma particularidade que advenha do sector em que atuam?

Sendo uma indústria de mão-de-obra manualmente intensiva, localizada numa área geográfica de “pleno emprego” e com pouca expressão em termos de vendas a nível local/nacional, o maior desafio prende-se com a visibilidade da marca e a atração e retenção de talentos, a todos os níveis. Encontrar os recursos certos, com o mindset e competências ajustadas aos nossos valores, e, simultaneamente, adaptarmo-nos às exigências das novas gerações de talento tem sido o nosso principal foco.

 

como dão resposta a esse desafio?

Nos últimos dois anos, a Brunswick tem vindo a reforçar as suas ações de Employer Branding, aproximando-se dos seus potenciais e atuais colaboradores e, conjuntamente, de forma a colmatar as lacunas em termos de competências técnicas, escassas no mercado de trabalho onde atuamos, tem apostado – cada vez mais – no desenvolvimento e formação dos seus colaboradores internamente.

 

que competências/perfis procuram? o que consideram imprescindível que exista "de base" e o que trabalham através da formação?

As soft skills são – sem margem para dúvidas – a base imprescindível dos perfis que recrutamos, onde o alinhamento de valores individuais e corporativos se destaca como o elemento basilar que assegura uma relação laboral frutífera e duradoura. Assim, estas são as características imprescindíveis no recrutamento e seleção de qualquer novo elemento que pretenda juntar-se à família Brunswick, dado que as competências técnicas podem e serão desenvolvidas através de formação.

 

onde e como recrutam? têm adotado novos modelos de contratação?

Apesar de a pandemia ter agudizado esta necessidade, já realizávamos entrevistas para quadros médios e superiores à distância, de forma a garantir chegar a uma pool de candidatos relevante e ajustada às necessidades do nosso negócio.

Dada a descentralização dos recursos potenciada pelo trabalho remoto, o recrutamento à escala global torna-se agora mais expressivo para determinadas funções. Contudo, dada a natureza industrial da grande maioria das nossas funções, o formato de recrutamento e seleção continua a assentar num modelo híbrido, procurando sempre adaptar-nos, com inovação e rapidez, ao mercado laboral em constante transformação.

 

diria que o sector em que atuam é atrativo para trabalhar?

Na realidade, o sector naval e de lazer a que nos encontramos ligados não está a ser impactado negativamente pela pandemia. Muito pelo contrário. Demonstra assim que é um sector com maior expressão e com tendência de crescimento, o que, por si só, é um forte atrativo.

 

a a Brunswick, em particular, que argumentos tem para atrair e reter talento?

Desde logo a perspetiva de estabilidade no trabalho, numa empresa com mais de 25 anos no mercado português, 175 anos de história global, liderança destacada no sector de atuação, e o crescimento sustentado e repleto de novos desafios e aprendizagens. Tudo isto torna a Brunswick uma aposta segura e aliciante.

 

a Joana acumula a responsabilidade da Gestão de Pessoas em Portugal com a Polónia. Que desafios acrescidos isso traz?

A gestão internacional de pessoas à distância, na medida em que a adaptação e respeito pelas diferenças culturais, foi, e é, sem dúvida, a maior aprendizagem da gestão de dois países tão diferentes e singulares. De facto, hoje este modelo é cada vez mais comum e, face à pandemia, tornou-se ainda mais expressivo. Contudo, em 2012 era algo insipiente, exigindo o desenvolvimento de procedimentos e processos para ajudar as equipas a adaptar-se a este novo modelo de gestão remota, garantindo que todos se sentissem envolvidos e motivados.

 

em termos de cultura de trabalho ou por exemplo na "facilidade" de recrutamento, existem diferenças significativas entre os dois países?

Ambas as operações se situam em zonas geográficas com recursos humanos escassos, o que em termos de gestão de recursos humanos acaba por aproximar ambos os países. Contudo, a cultura de trabalho é realmente distinta, o que claramente enriquece o trabalho da equipa de Recursos Humanos.

 

que temas assumem como prioritários em termos de Recursos Humanos?

Numa empresa em que as pessoas são o seu principal ativo, o prioritário será trazer a gestão de Recursos Humanos de forma mais transversal para todas as áreas da empresa, transformando todos os seus líderes em verdadeiros gestores de pessoas, abandonando o paradigma de que o departamento de Recursos Humanos é o único departamento dedicado às pessoas. Com esta questão como central, a informatização e digitalização de todos os processos de RH e o foco de toda a equipa no desenvolvimento dos líderes de pessoas são os tópicos centrais para o nosso sucesso.

 

que tendências perspetiva, para o vosso sector e para o mercado de trabalho?

Dada a natureza transformadora e disruptiva que o mercado de trabalho tem apresentado ao longo dos últimos anos, na minha opinião, a disputa pelos talentos será o grande tópico desta década. Isto é, para qualquer sector e área de negócio serão necessárias estratégias sólidas mas flexíveis e bem alicerçadas, com políticas inovadoras e propostas de valor diferenciadas, por forma a garantir que fazem face às mudanças, cada vez mais, abruptas do mercado de trabalho e às exigências de toda uma nova geração de trabalhadores com expectativas e ambições distintas e muito particulares.

 

 

entrevista a

joana bernardo

human resources manager - portugal e polónia da brunswick boat group