O trabalho flexível é, cada vez mais, um «factor decisivo para atrair novos talentos». É uma das conclusões de um estudo  do grupo International Workplace Group (IWG), que revela que 83% dos trabalhadores recusaria um emprego que não oferecesse flexibilidade.

 

Realizado junto de 15 mil pessoas oriundas de 80 países, incluindo Portugal, o estudo revela que mais de metade dos inquiridos (54%) diz que poder escolher o local onde fazem o seu trabalho é mais importante do que trabalhar numa empresa de prestígio, e para quase um terço (28%) é mais importante do que um aumento no subsídio de férias.

Conscientes desta realidade, de acordo com o “Global Workspace Survey”, 85% dos empresários têm vindo a adoptar a política de trabalho flexível nos últimos 10 anos, ou planeiam vir a fazê-lo. No entanto, nem todas as empresas foram bem sucedidas na adopção do conceito: 60% admitiu que a cultura organizacional constituí uma barreira para a implementação desta política de trabalho e 41% constatou que o medo é o maior obstáculo.

«O trabalho flexível é considerado por muitos como a nova norma para qualquer negócio e contribuiu para a captação de novos talentos, já que metade dos inquiridos afirmam trabalhar fora do escritório principal por, pelo menos, metade da semana», assinala Mark Dixon, CEO e fundador do IWG. «E para 70% das pessoas, a escolha do ambiente de trabalho é um fator chave na avaliação de novas oportunidades de carreira.»

Acrescenta ainda que, «actualmente, empresas de todo o mundo estão a enfrentar vários desafios». E alerta: «As empresas que ainda não consideraram os benefícios financeiros e estratégicos do espaço de trabalho flexível precisam de fazê-lo agora, caso contrário perderão terreno para a concorrência.»

Segundo o mesmo estudo, 77% das empresas estão a adaptar-se para melhorar a retenção de talentos, adoptando o trabalho flexível. Do ponto de vista dos colaboradores, 32% afirma mesmo que ter flexibilidade no trabalho é mais importante do que ter um cargo de maior prestígio, pois 78% acredita que contribui para um maior equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. Os resultados também mostram que o espaço de trabalho flexível é visto como um incentivo a um ambiente de trabalho mais inclusivo, com benefícios para os pais, trabalhadores mais velhos, pessoas que sofrem de stress ou que enfrentam problemas de saúde mental. Também a maioria dos inquiridos portugueses respondeu positivamente a esta questão (72%).

 

Mais felicidade e maior produtividade

Mas desengane-se quem julga que a flexibilidade laboral torna apenas os colaboradores mais felizes: 85% das empresas confirma que a produtividade aumentou e dois terços dos inquiridos (67%)  assinala, pelo menos, 21% de melhoria na produtividade. Em Portugal, 76% referem que as empresas que adaptam o ambiente de trabalho flexível são mais produtivas.

Em tempos de incerteza, fica também claro que as empresas estão a priorizar os custos, com 55% dos inquiridos a afirmar que pretendem ser mais eficientes já este ano. Mais de um terço das empresas tem planos expandir negócio e a maioria (64%) afirma que optaram pelo modelo de trabalho flexível «porque acelera a velocidade com que se chega a novos países». O espaço de trabalho flexível também foi escolhido para reduzir os gastos operacionais por 65%. O mesmo número de inquiridos afirma que adoptou este modelo para «ajudar a gerir riscos e a consolidar o portfólio».

Para 40% das pessoas, as deslocações para o trabalho são consideradas a pior parte do dia: 22% dizem que estão “regularmente atrasados” devido a interrupções nas viagens; quase metade (48%) trabalha durante as deslocações para o trabalho, sendo que no caso dos portugueses este número sobe para 60%; e quase metade (42%) considera que o horário laboral devia ter em conta o tempo despendido em viagens casa-trabalho.