O paradoxo socrático, tantas vezes atribuído a Sócrates, representa uma frase dita por Platão sobre Sócrates. E integra em si tantas possibilidades.

A oportunidade do saber e a referência ao conhecimento mas também a potencialidade sobre o descobrir o que não se sabe.

Será algo que se adquire com a idade? Ou ainda se mantém outra frase, esta de cariz popular,  “burro velho não aprende línguas”?

Acredito, mesmo, que estamos no momento para deixarmos cair os “burros velhos” e fazermos renascer a visão filosófica de Sócrates. Podemos aprender sempre! Basta querermos. 

E será que queremos?

Quanto tempo investimos por dia numa nova aprendizagem? Qual a atenção que dedicamos a um/a colega que nos apresenta algo que desconhecemos? Qual o valor que damos, efectivamente, a uma acção de formação para a qual somos convidados ou em que nos inscrevemos? Qual o sentido crítico que assumimos quando estamos perante algum conteúdo novo ou diferente do que sabemos? Utilizamos todas as ferramentas que temos ao nosso alcance (livros, artigos, plataforma de aprendizagem, conversas, partilhas entre colegas, etc)?

Hoje pergunto tantas vezes onde ficou a nossa curiosidade? Onde está a capacidade de questionarmos, de queremos saber mais? Que caminho nos espera se a motivação para aprender se perde?

Se perdermos a disponibilidade para aprender perdemos a oportunidade de sermos melhores, de encontrarmos novas possibilidades, perdemos a capacidade de contribuir, de dar e receber, de desenvolver. Sempre! 

(*) Podemos assumir que 70% da nossa aprendizagem se faz no dia a dia, com base na experiência, na experimentação diária, na concretização. Mas o ganhar consciência sobre a aprendizagem feita faz-se com a partilha, o dar e receber informação, a potenciação de reflexão através da partilha de visão com outros, aqui estão 20% essenciais do nosso processo de aprendizagem, que muitas vezes não se considera. Os restantes 10% estão muito ligados às ferramentas tradicionais de aprendizagem, sessões de formação, cursos de especialização e plataformas de aprendizagem. Para chegarmos a estes 10% e para que tenham impacto temos que compreender o que aprendemos com a experiência e com a partilha e ganharmos o sentido crítico para traçar o caminho onde queremos chegar.

Falamos hoje como nunca falámos da volatilidade, da imprevisibilidade, da ambiguidade e da complexidade do mundo em que vivemos. Todos estes conceitos pressupõem movimento, agilidade, rapidez e flexibilidade. Respostas que não se encontram em ambientes  que não promovam uma aprendizagem ao longo da vida. Estamos sempre a aprender.

As empresas precisam potenciar a capacidade de criar estas respostas, de proporcionar as melhores soluções para as necessidades de aprendizagem não porque exista uma obrigatoriedade legal ou porque há que dar uma resposta específica ao desenvolvimento da competência A ou B, mas principalmente porque temos que promover uma cultura de agilidade na aprendizagem, promovendo a motivação para o saber, criando a necessidade.

Mas as melhores ferramentas só funcionarão se partir de cada pessoa investir em si, compreender a importância de não se fixar no “eu já sei” ou “isso nunca vou aprender” ou no célebre “sempre fiz assim”. 

Na Randstad mais de 80% da nossa população já disse sim a plataformas de aprendizagem, os cursos mais procurados estão relacionados com desenvolvimento pessoal e a possibilidade de escolha , segundo os utilizadores, promove a disponibilidade para aprender mais. Um caminho escolhido pelo próprio, sem qualquer imposição de regras ou de horários, que promove a construção de perspectivas. Um caminho que depois de iniciado se revela motivante, porque aprender é envolvente e porque, tal como Platão afirmava em relação a Sócrates, quanto mais aprender mais saberei que me falta aprender tanto.

 

escrito por
paula lampreia
paula lampreia

Paula Lampreia

learning, development & culture manager, randstad portugal