Sempre gostei do Snoopy, sempre me deliciei a observar como um cão, sem falar nem ladrar, unia crianças que partilhavam um saber de adultos, de experiência que não era própria da sua idade mas que deliciava miúdos e graúdos.

Num momento de reflexão cruzo-me com esta memória de infância em que vejo a Paty perguntar à Lucy “se não houver amanhã, tu foste feliz hoje?”. Pergunta simples… Foste?! Dei por mim a perguntar a mim própria e perante uma resposta que não foi imediata parei para fazer algo que há muito não fazia… parei para pensar, no aqui e agora, naquilo que fez a diferença no meu dia.

Ao ler a pergunta da Paty assumi, ao inicio, que a resposta seria  imediata se a quisesse dar a alguém, mas se me perguntassem “o que te fez feliz hoje?” talvez tardasse no que diria. Foi tanta coisa ou coisa pouca?

Waiter serving a drink to woman sitting at a table.
Waiter serving a drink to woman sitting at a table.

Quantas vezes fazemos o exercício de parar para pensar? Quantas vezes paramos? Por vezes nem em sonhos. Por vezes a ansiedade com que acordamos leva-nos até ao final do dia, numa rotina pegada de stress e pensamentos acelerados. Começa-se o dia com… “Despacha-te que temos que sair senão chego atrasada/o”, um café apressado antes da primeira reunião do dia, mudamos de reunião em reunião sempre com a sensação que a reunião seguinte vai começar mais tarde que o previsto e mesmo que todas as reuniões encadeadas comecem e acabem a horas, o final do dia chega com o sentimento de “não fiz nada do que precisava” que se perpetua naquela hora final do dia em que tentamos concentrar todas as tarefas que não conseguimos concluir. “Mais um bocadinho e já vou...” vamos respondendo perante os telefonemas insistentes de quem nos espera em casa. Trânsito no regresso a casa e a chatice de não conseguirmos responder a mais um ou outro email enquanto ali estamos parados… embora haja quem tente e por isso lá vem um toque no carro da frente e mais umas horitas para quem quer chegar a casa, já sem saber bem o que há para fazer. Mais um jantar a correr, mais um deitar dos miúdos em stress porque amanhã temos que levantar cedo de novo. Um computador ainda ligado nas últimas horas da noite, ou um telemóvel sempre ligado porque a exigência do mundo de hoje é que a resposta seja imediata “viste o meu mail?... Envie-te há um segundo… “.

Quantas vezes respirámos fundo no dia de hoje? Quantas vezes sorrimos e dedicámos tempo a escutar verdadeiramente o que nos foi dito pelo outro? Quanto tempo dedicámos a saborear o pequeno almoço logo pela manhã? Quanto tempo dedicámos a caminhar durante o período de almoço, sozinhos ou acompanhados com colegas que gostam de estar bem e de sorrir? Quantas vezes rimos durante o dia de hoje, com vontade, ou mesmo sem vontade (porque o cérebro não distingue o riso verdadeiro do falso e as endorfinas são na mesma libertadas). Quanto tempo parámos para nós, para estarmos connosco, para nos habituarmos a nós?

Após muitos anos e sim, já são muitos, a contactar com pessoas, a escutar especialistas em comportamento humano, a ler e reler  autores que mostram um caminho, que nos mostram que não precisamos inventar a roda, o caminho está criado, em todos estes anos a conclusão a que chego é uma… ser feliz depende de nós, totalmente de nós.

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Sermos felizes não depende nem do chefe, nem do colega, nem do marido ou da mulher, nem dos filhos… depende única e exclusivamente de nós. E é por isso que é desafiante, porque a responsabilidade é enorme.

Não somos árvores! Podemos mudar, mesmo perante o medo do novo, do diferente, mesmo que achemos que mais vale ficar com o seguro que mudar para o desconhecido, mesmo que doa , ao inicio, encontrarmo-nos connosco. Porque ser feliz não depende da empresa. Podemos trabalhar na melhor empresa do mundo e não nos sentirmos felizes e porquê? Porque a essência de compreender o nosso propósito, na vida, no trabalho, no todo é o que nos apoia num caminho feliz.

E todos sabemos que os caminhos felizes são feitos de dores, que não há mundos perfeitos, nem mesmo o do Snoopy (esse é quase), mas talvez regressarmos à simplicidade do darmos tempo ao pensamento talvez nos ajude a libertar de alguns fantasmas.

Por isso eu sei, que se o amanhã não existisse eu hoje fui feliz! E vocês?

Paula Lampreia
Paula Lampreia
Paula Lampreia

Paula Lampreia

hr business partner na randstad portugal