De acordo com dados divulgados esta manhã pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), no segundo trimestre de 2020, 54% das pessoas empregadas revelaram que estavam expostas a fatores de risco para a saúde mental no local de trabalho. Comparativamente com 2013, representa um aumento de 17,2 pontos percentuais (pp).

Do conjunto de fatores individualizados no inquérito, foram identificados com maior frequência a forte pressão de prazos ou a sobrecarga de trabalhos (43,1%) e o contacto com pessoas problemáticas mas não violentas (clientes, pacientes, alunos) (37,1%).

Por outro lado, 82,2% das pessoas empregadas indicaram que estavam expostas a fatores que podiam afetar a saúde física no seu local de trabalho, mais 6,6 pp do que há sete anos. Os movimentos repetitivos da mão e do braço foram os mais frequentemente referidos pelos inquiridos (66,3%).

Os dados do INE indicam ainda que no segundo trimestre deste ano ou nos doze meses anteriores, 165,1 mil trabalhadores em Portugal, com idades compreendidas entre os 15 e os 74 anos, tiveram pelo menos um acidente de trabalho durante esse período, representando 3,2% da população empregada. Em 2013, esta percentagem foi 4%.

A ocorrência de acidentes de trabalho continua a ser referida principalmente por pessoas dos 35 aos 44 anos (3,5%) e mais por homens (3,7%) do que por mulheres (2,6%).

Em 2020, os trabalhadores da construção já não foram os mais afetados pela ocorrência de acidentes de trabalho nos doze meses anteriores à entrevista, registando-se uma diminuição do risco de acidentes nesta atividade, de 5,8% em 2013 para 4%.

O estudo do INE revela igualmente que, em 2020, 482,5 milhares de pessoas dos 15 aos 74 anos tiveram algum problema de saúde causado ou agravado pelo trabalho, menos 56,7 milhares de pessoas do que em 2013.

Os problemas de saúde continuam a afetar principalmente as mulheres, 7,8%, em comparação com 5,9% no caso dos homens. A existência de problemas é mais frequente a partir dos 55 anos de idade. Os problemas ósseos, articulares ou musculares no seu conjunto foram identificados em 2020 como os mais graves por 59,9% da população com pelo menos um problema de saúde relacionado com o trabalho.

Recorde-se que, em 2013, se assistia ao terceiro ano consecutivo de contração da atividade económica, tendo nesse ano o emprego registado uma redução de 2,6%, e que, no contexto da pandemia, a informação disponível para os três primeiros trimestres deste ano aponta para uma redução da atividade económica nesse período. 

No entanto, o funcionamento do mercado de trabalho apresenta características distintas, sendo de sublinhar o elevado volume de pessoas empregadas a trabalhar a partir de casa ou em regime de lay-off simplificado no segundo trimestre de 2020.

Em particular, a população empregada dos 15 aos 74 anos a trabalhar a partir de casa ascendeu a mais de um milhão de pessoas, quase ¼ da população empregada daquele grupo etário, o que poderá ter constituído um dos fatores para a redução da incidência dos acidentes de trabalho em 2020.