O mercado laboral está sempre a mudar e o perfil do trabalhador que as empresas querem tem assistido a algumas mudanças nos últimos anos. "Com a diminuição do desemprego, a globalização do mercado e as alterações na pirâmide demográfica, somos cada vez mais um mercado, 'candidate drive', são vários os perfis e as áreas funcionais em que a procura supera largamente a oferta", afirma Nuno Pistacchini Troni, director professionals, Outplacement, Human Consulting e RPO da Randstad Portugal, prosseguindo: "Continuamos, contudo, a ser um país com baixo custo salarial, direccionado para o sector dos serviços e com pouca mobilidade. Com a digitalização e a automação, o saber fazer algo, os 'skills técnicos' vão passar a ser cada vez mais secundários dando lugar à capacidade de resolução de problemas complexos, pensamento crítico, criatividade, liderança, flexibilidade cognitiva e inteligência emocional."



Relativamente ao trabalhador, o que deseja numa empresa? A prioridade, para todos os níveis de senioridade, continua a ser "salários e benefícios", o que é uma tendência que se verifica a nível mundial. Mas existem diferenças geracionais e um millenial "dá prioridade a oportunidades de progressão de carreira e formação, enquanto os perfis acima dos 45 anos privilegiam estabilidade, saúde financeira e forte gestão. 



Questionado sobre quais os sectores de actividade que mais estão a apostar nos recursos humanos, Nuno Pistacchini Troni responde que "do ponto de vista de quem tem as melhores práticas de recursos humanos e com maior enfoque na felicidade dos seus colaboradores destacaria o sector da saúde, tecnologias de informação e FMCG". Sobre a importância que as empresas estão a dar hoje aos recursos humanos, replica: "Crescente." E explica: "Caminhamos a passos largos para um mercado candidate driven em que ao contrário dos anos de crise, são os colaboradores que decidem qual vai ser o seu próximo passo de carreira. As ofertas são muitas, o mercado está cada vez mais global, pelo que hoje o sucesso de uma empresa passa muito mais pelo engagement do que pelo recrutamento. Uma das áreas a que as empresas têm dado particular atenção é o employer branding, tornarem-se cada vez mais atractivas para os colaboradores e candidatos e temos, em Portugal, excelentes exemplos e casos de sucesso." 



No que diz respeito à forma como um bom gestor de RH pode ajudar a melhorar uma empresa e a vida dos colaboradores, Nuno Pistacchini Troni afirma que colaboradores com "forte ligação emocional a uma empresa" produzem mais e melhor do que colaboradores que estão na empresa apenas por necessidade. "Um bom gestor de RH desenvolve e implementa práticas de RH para reter e desenvolver os colaboradores, tendo também em conta os objectivos e especificidade da empresa. A gestão deste binómio diferencia os bons dos muitos bons", salienta. 



E quais são os principais desafios de um gestor de RH, actualmente? Que características deve ter um profissional desta área? Para o responsável da Randstad Portugal a coexistência de gerações distintas no mesmo local, com aspirações e necessidades distintas é um dos grandes desafios. "A gestão da 'marca' da empresa oferece também vários desafios, especialmente pela quantidade e difusão da informação disponível. Gosto pela dimensão humana é uma característica óbvia, negociação, organização, multitasking, comunicação, capacidade de influência e mobilização, gestão de conflitos, pensamento estratégico e gestão da mudança serão outras. Uma que me parece fundamental e, por vezes, pouco destacada é a gestão das 'zonas cinzentas'". 

in Jornal de Negócios