A COVID-19 não abalou a confiança dos portugueses na segurança laboral. Esta é a principal conclusão do estudo (In)Segurança no Trabalho, realizado pela Universidade Europeia. Apesar de o nível de insegurança laboral dos portugueses não ser muito significativo, ele varia de acordo com género, idade e escolaridade.

O estudo da Universidade Europeia, de autoria dos professores Ana Sabino, Francisco Cesário, Isabel Moço e Sílvia Lopes, que analisou a percepção de insegurança no trabalho e no emprego, num cenário de pandemia COVID-19 em que progressivamente se regressa ao trabalho e à vida pessoal. Considerando a “Segurança face à continuidade/manutenção do emprego” (Segurança Quantitativa) e a “Segurança face às condições e conteúdo do trabalho” (Segurança Qualitativa), demonstrou que é a população activa mais jovem que revela níveis mais elevados de insegurança laboral.

Segundo os resultados da pesquisa, os 1.519 inquiridos revelam alguma percepção de insegurança no trabalho de natureza qualitativa (média = 2,62) e de natureza quantitativa (Média = 2,12), sendo que os participantes mais jovens (com idade inferior aos 25 anos) são os que reportam um nível de insegurança laboral qualitativa (média = 2,89) e quantitativa (média = 2,73) mais elevada.

Como seria de esperar, os indivíduos com vínculos laborais temporários (com contrato a termo certo por empresas de trabalho temporário e contrato a termo) apresentam uma percepção de insegurança laboral, tanto qualitativa, como quantitativa (média = 3,42, média = 3,15, respectivamente) mais elevada. Também sem surpresa, os inquiridos que não estão em teletrabalho revelam major insegurança laboral qualitativa (média = 2,78) e quantitativa (média = 2,31) do que os restantes participantes.

Olhando para o género, destaca-se que, da população inquirida, as mulheres apresentaram uma percepção de insegurança laboral, de natureza qualitativa, significativamente mais elevada do que os homens (média = 2,66 e 2,55, respectivamente). As habilitações também parecem ter um efeito atenuador na percepção de insegurança laboral quantitativa, uma vez que os participantes no estudo com doutoramento diferem significativamente dos restantes participantes, por apresentarem um valor inferior no que se refere a esta variável (média = 1,89).

No que diz respeito ao estado civil, os participantes solteiros demonstraram maior insegurança laboral, tanto qualitativa (média = 2,79), como quantitativa (média = 2,34 do que os restantes conjuntos de participantes.

De uma forma geral, segundo o estudo da Universidade Europeia, a maior parte da população inquirida sente-se segura no trabalho face à ameaça da pandemia (média = 3,80) e acredita que a empresa na qual trabalha manterá todos os postos de trabalho (média = 3,54) e que assegurará as condições de segurança no trabalho necessárias face às ameaças da COVID-19 (média = 4,02).

Neste aspecto, os homens parecem crer menos do que as mulheres que a empresa reduzirá os postos de trabalho (média = 2,63 e 2,74, respectivamente), e sentem-se mais seguros no trabalho (média = 3,89 e 3,75, respectivamente).

Pós-pandemia

Num ambiente macroeconómico pós-pandemia, de uma forma geral, o estudo “(In)segurança Laboral” demonstrou haver alguma tranquilidade no que respeita a dimensões como o regresso ao posto de trabalho ou manutenção e/ou perda de emprego, indicadores que pareciam revelar maiores registos de insegurança.

Fazendo o balanço entre uma postura mais pessimista – que não permite aproveitar oportunidades nem gerar mais-valias, e outra mais optimista – em que se aceita mais o risco e se investe mais, o que se constata e que existe optimismo em relação à segurança nas condições de trabalho e no emprego.

O estudo analisou uma amostra aleatória de pessoas empregadas, tendo reunido um total de 1519 respostas válidas.

O relatório integral “(In)segurança Laboral” está disponível para consulta neste deste link.