O 2.º trimestre de 2021 mostrou uma recuperação de 45% nas colocações em trabalho temporário comparativamente ao mesmo período em 2020. Os dados são do Barómetro do Trabalho Temporário, realizado pela APESPE-RH - Associação Portuguesa das Empresas do Sector Privado de Emprego e de Recursos Humanos – e o ISCTE (Instituto Universitário de Lisboa)

 

Concretizando, relativamente aos mesmos meses de 2020, existiu um crescimento nas colocações de trabalho temporário com mais 6.500 pessoas em Abril (+27%); 12.700 pessoas em Maio (+68%) e 9.600 pessoas em Junho (+46%), num total de mais 28.800 colocações.  No entanto é feira a ressalva de que, «apesar do índice de Trabalho Temporário ter vindo a melhorar, estes valores devem ser analisados num contexto de comparação com o período homólogo de 2020, no início da pandemia».

 

As principais conclusões deste barómetro são:

 

  • No total, o aumento no número de colocações no 2.º trimestre de 2021 face ao mesmo período do ano anterior foi de +45% (64.047 em 2020 vs 92.847 em 2021). Apesar do crescimento em relação ao período homólogo do ano passado, ainda há uma quebra relativamente às colocações do 1.º trimestre de 2021 (96.099).

 

  • O Índice do Trabalho Temporário (Índice TT) subiu em todos os meses de 2021, com exceção de Junho, mas ainda assim com um valor elevado em relação a meses anteriores (1,46). Abril, Maio e Junho revelam assim um índice superior aos períodos homólogos anteriores, já durante a pandemia.

 

  • O valor do Índice TT atingiu em Maio o valor mais elevado dos registos efetuados (1,67). Este tem vindo a subir progressivamente desde Maio do ano passado, quando registou o valor mais baixo da série (0,50), com exceção de ligeira queda em Dezembro de 2020 e Junho de 2021.

 

  • Relativamente à caracterização dos trabalhadores temporários, continuou a verificar-se uma pequena descida da contratação de trabalhadoras do género feminino (44,7% em Abril e Maio e 44,2% em Junho – cerca de 45% no 1.º trimestre).

 

  • Ao nível da distribuição etária, a percentagem de trabalhadores com menos de 30 anos continua a mais representativa: 48% em Abril e Maio e 47,8% em Junho. As restantes faixas etárias mantêm-se estáveis (entre os 30-49 anos a percentagem situa-se sempre nos 43%, enquanto que acima dos 50 anos se situa nos 9%).

 

  • O ensino básico mantém-se o nível de escolaridade predominante nas colocações efetuadas (67,5% em Abril, 66,9% em Maio e 66,3% em Junho). Segue-se o ensino secundário (entre 25,3% e 26,6%) e a licenciatura (aproximadamente 6%).

 

  • As empresas de “Fabricação de componentes e acessórios para veículos automóveis” continuam a ser as que mais recorreram ao trabalho temporário no 2.º trimestre de 2021, mas com quebra gradual em relação ao semestre anterior (entre 16% a 14%), passando de 13% em Abril para 11,2% em Maio e 9,6% em Junho. As empresas de “Fornecimento de refeições para eventos e outras atividades de serviço de refeições” assumem o 2.º lugar com ligeiro crescimento de abril (5,9%) para Junho (6,8%).

 

  • Na distribuição do trabalho temporário por principais profissões, no 2.º semestre de 2021 destacam-se os “Empregados de aprovisionamento, armazém, de serviços de apoio à produção e transportes” (cerca de 21%), “Outras profissões elementares” (cerca de 20%) e “Trabalhadores qualificados do fabrico de instrumentos de precisão, joalheiros, artesãos e similares” (entre 11%-12%).

 

Afonso Carvalho, presidente da APESPE-RH), faz notar que «os barómetros permitem constatar que o nível de contratos de trabalho temporário reduziu drasticamente entre 2019 e 2021». E ressalva que «é importante relembrar que as taxas de penetração mais elevadas são em países com maior desenvolvimento económico e baixas taxas de desemprego. Tal demonstra a importância económica deste sector, que em Portugal tem das percentagens de penetração mais baixas a nível mundial, segundo dados da World Employment Confederation, e deve ser estimulado.»