«A vida antes da internet era drasticamente diferente. Mas, um dia, até a internet pode tornar-se tão antiquada como nos parece agora escrever cartas. A razão é o metaverso. E pode ser aplicado aos mais diversos domínios, nomeadamente à formação, oferecendo uma experiência totalmente imersiva com possibilidades infinitas e uma eficácia sem precedentes.» Quem o afirma é Sergei Vardomatski, fundador e membro do Conselho de Administração da HQSoftware, que, com base nas aprendizagens resultantes da criação de programas de formação no metaverso, identificou cinco lições, que partilhou na Forbes: 

 

1. As especificações técnicas do metaverso são mais difíceis de construir

Há três papéis principais envolvidos no processo de construção de aplicações para a formação no metaverso:

- Um especialista na matéria;

- Um especialista em métodos de aprendizagem;

- Uma equipa técnica de implementação.

O que descobrimos é que as questões de comunicação chegam quase ao mesmo nível, quer a equipa seja interna ou não, mesmo que a equipa técnica esteja totalmente integrada com “o cliente” — que, neste caso, é o “perito em aprendizagem”. Na verdade, as equipas “internas” não demonstraram muitas vantagens. Não importa se o perito é interno ou subcontratado, as experiências de realidade virtual (RV) têm demasiado conteúdo visual para serem facilmente descritas ou especificadas, principalmente quando os membros da equipa trabalham remotamente. Por conseguinte, os orçamentos de desenvolvimento crescem frequentemente para além do orçamento inicial devido aos frequentes pedidos de mudança.

 

2. Requisitos técnicos em ascensão

A maioria das empresas que consideram implementar a RV ou construir soluções no metaverso já compreendem que, tecnicamente, as capacidades da RV são impressionantes. Já é possível criar experiências realistas e simular vários processos em pormenor.

Há uns anos, a RV era apenas pinturas estereoscópicas; agora, podemos aprender a reparar maquinaria pesada ou realizar cirurgias dentro de simulações. Os requisitos para as soluções de RV estão a aumentar acentuadamente, por vezes excedendo as capacidades atuais.

 

3. Já existem soluções prontas a usar, mas são inconvenientes

Sim, a formação no metaverso já está disponível, mas estará pronta para todas as contrariedades? A formação da força de trabalho, as reuniões e as conferências podem ser realizadas com ferramentas espaciais e similares, mas normalmente os movimentos são desajeitados, a interação com objetos é inconveniente e é impossível personalizar soluções para as suas próprias necessidades. Pessoalmente, descreveria essas soluções como “cruas” — ainda não proporcionam aos utilizadores a capacidade de experimentarem interações reais com objetos.

As soluções prontas a usar não se adequam a todos os casos de formação. Os materiais e os fluxos de trabalho devem ser adaptados especificamente para o domínio de estudo. Além disso, os programas de formação devem seguir cenários particulares para uma melhor compreensão. Assim, se um tutorial puder ser unificado, todas as actividades práticas devem ser personalizáveis.

 

4. O metaverso é apenas a combinação de ferramentas de RV?

No fim, temos de chegar a acordo sobre isto: O metaverso é apenas um grande ecossistema de diversas ferramentas de RV, combinadas. Sim, o metaverso oferece oportunidades, ambientes e ferramentas de formação, e praticamente qualquer outra atividade nunca vista. Mas se olharmos para além da superfície, continua a ser a boa e velha RV.

O metaverso incorpora também muitas outras ferramentas, como o blockchain e a realidade aumentada (RA), mas o seu núcleo é a RV. Lembre-se também que o metaverso não é uma ferramenta, mas uma experiência, e permite-nos livrar-nos das limitações dos dispositivos de RV.

Portanto, mesmo que o metaverso seja um novo conceito, a RV não é, e muitas empresas já sabem como construir programas de formação de RV. Isso já é um bom começo.

 

5. O conceito de metaverso coloca uma fasquia alta; é possível atingi-a?

Os vídeos que apresentam o metaverso revelam uma fasquia realmente alta. Cada simulação parece impossivelmente realista e oferece um número incrível de ferramentas. Se estivermos a fazer formação dentro de uma simulação, então cada objeto será interativo.

Infelizmente, ainda não é 100% possível. A Intel acredita que para implementar todas as possibilidades, o metaverso necessita de uma capacidade computacional mil vezes maior. Mas também não são más notícias. Ainda podemos criar soluções de formação extraordinárias e incrivelmente eficientes em RV. Mesmo coisas tão importantes e sensíveis como técnicas cirúrgicas podem ser ensinadas em RV.

No fim de contas, o metaverso é um conceito incrível com muito potencial. Num futuro próximo, espero que obtenha cada vez mais reconhecimento e aceitação, bem como investimento e atenção por parte dos grandes nomes.