O setor automóvel passa por momentos desafiantes, não só em termos de negócio mas também de Gestão de Pessoas. O recrutamento tem sido um grande desafio, mas Sofia Melo acredita que aquilo que as pessoas valorizam não mudou: um bom ambiente de trabalho e boas condições salariais. 

Entrevista a Sofia Melo, Human Resources manager da Delfingen

 

Desde quando a Delfingen está em Portugal? Como tem evoluído a presença no nosso país e também os desafios?

A Delfingen é uma empresa multinacional de origem francesa, fundada em 1954. Está presente em 21 países e em Portugal desde 2003. Em 2007 o Grupo Delfingen adquiriu a empresa portuguesa Suleve e instalou-se em Lever até 2011, ano que se mudou para Seixezelo. Mais recentemente, devido ao crescimento do negócio, expandiu as suas instalações adquirindo um segundo espaço, em Grijó.

Como outras empresas da indústria automóvel, o maior desafio tem sido a instabilidade do setor, que obriga a uma grande flexibilidade em termos de gestão de pessoas e do negócio.

 

E em concreto no que diz respeito à Gestão de Pessoas, como têm evoluído mais recentemente - do pré-pandemia para agora - os desafios?

Os últimos dois anos têm sido absolutamente excecionais. Além da pandemia, atravessamos a crise dos semicondutores, os “chips” e, mais recentemente, o conflito armado na Europa também tem tido um impacto significativo no nosso negócio. 

O maior desafio foi, indubitavelmente, conseguir manter o emprego das nossas pessoas. O negócio sofreu quebras e paragens, os volumes de encomendas foram muito inconstantes nestes últimos anos.

 

Com quantos colaboradores contam atualmente e qual é o desafio mais premente na sua gestão?

Somos cerca de 200 colaboradores. 

O maior desafio tem sido conseguir recrutar pessoas com experiência e sentido de compromisso.

 

Como tem evoluído a vossa estratégia neste âmbito?

Temos procurado diferenciar-nos de outras empresas ao implementar ou melhorar os nossos benefícios, de forma a atrair e reter talento. 

 

Que prioridades de ação definiram em termos de Gestão de Pessoas? Que iniciativas têm promovido?

Anualmente, a Delfingen faz um inquérito de satisfação a todos os colaboradores, com o intuito de continuar a alinhar estratégias que correspondam às suas reais necessidades e expectativas. 

Uma das ações em concreto neste último ano foi a aposta na formação profissional para reforço de conhecimento e competências.

 

A pandemia veio trazer outras prioridades ou novas formas de fazer as coisas? O que mudou irreversivelmente?

A pandemia pouco mudou a nossa realidade. Obviamente, todas as medidas recomendadas pela Direção Geral da aúde (DGS) foram adotadas e estipulada a sua obrigatoriedade. Atualmente apenas mantemos a recomendação de uso de máscara em casos de sintomas de doença respiratória e, nos cargos que assim o permitem, a possibilidade de trabalho remoto. 

O teletrabalho foi implementado mas, porque a maioria dos nossos postos de trabalho implicam a presença no terreno, não representou uma mudança significativa.

 

E as pessoas, diria que mudaram? Valorizam coisas diferentes, agora?

Em tempos de crise as pessoas valorizam coisas diferentes, mas é um efeito momentâne. Agora que a situação está mais normalizada, percebe-se que pouco, ou nada, mudou.

 

O que os profissionais - e os vossos em concreto - mais valorizam atualmente?

Um bom ambiente de trabalho e boas condições salariais continuam a ser os fatores mais valorizados. 

 

Quais os vossos principais trunfos para atrair e reter talento? O que acredita que vos distingue?

A Delfingen é reconhecida no mercado precisamente pelo seu bom ambiente de trabalho. Grande parte dos novos colaboradores chegam até nós referenciados pelas nossas equipas, o que por si só representa um bom indicador deste fator. 

A empresa continua a reger-se por valores familiares e tem verdadeiramente o bem-estar das pessoas como prioridade. De referir ainda que tem uma política de divisão de lucros por todos os colaboradores, e isso continua a ser um ponto de atração para o mercado de trabalho e de valorização por parte dos nossos profissionais. Temos um seguro de saúde robusto que constitui um benefício significativo e nos distingue das outras empresas no mercado. 

Além disso, a Delfingen tem uma fundação homónima, criada em 2007, que atua em cinco pilares fundamentais: habitação, deficiência, educação, saúde e ambiente. Desenvolve trabalhos de apoio aos colaboradores mais necessitados.

 

Estão a recrutar? 

Em 2020, a Delfingen adquiriu o negócio da empresa alemã Schlemmer e foi feita a transferência parcial desse negócio para Portugal. Por esse motivo, o sector da injeção de plástico está em sério crescimento e, sim, estamos a recrutar.

 

Sobretudo que perfis?

Pelo que referi, colaboradores com experiência e competência técnica em injeção, desde operadores a engenheiros.

 

Têm sentido dificuldade em “encontrá-los”?

É um sector muito específico, o que aumenta as dificuldades no recrutamento. Apesar disso, temos conseguido reforçar a equipa com candidatos que correspondem às nossas necessidades e expectativas.

 

Onde e como recrutam?

Recrutamos por duas vias: recrutamento direto, feito pela nossa equipa de Recursos Humanos, e recrutamento com apoio de entidades externas, como a Randstad, uma parceria que já conta com vários anos. 

A Delfingen também promove o recrutamento interno e abrimos concursos sempre que surge uma oportunidade.

 

Quais as competências que considerem imprescindíveis hoje em dia?

Transversal a qualquer perfil, procuramos colaboradores com sentido de compromisso, responsabilidade e com competência técnica, podendo a última ser resultado de experiência ou formação.

 

A curto/ médio prazo, que objetivos pretendem alcançar, em termos de Gestão de Pessoas?

Acima de tudo, pretendemos continuar a prestar um serviço de excelência aos nossos colaboradores, clientes e fornecedores, garantindo a nossa sustentabilidade. 

O sector automóvel é muito exigente e é preciso investir na atração e motivação da nova geração de profissionais para que não haja escassez de mão-de-obra. Pretendemos estabilizar as nossas equipas, manter os nossos talentos e, mais do que nunca, apostar no desenvolvimento de uma cultura de alto desempenho.

entrevista a:
this is a woman
this is a woman

sofia melo

diretora de recursos humanos, delfingen