Vários especialistas têm afirmado que a pandemia veio obrigar as empresas a dar um salto tecnológico de 5 a 10 anos. Mas para que esta evolução seja efectiva, é preciso mais do que disponibilizar novas ferramentas digitais. Serão também precisas novas competências. Assim, na 32.ª edição do Barómetro Human Resources questionou-se o painel de especialistas sobre como está a sua empresa neste âmbito.

No momento actual, a maioria das empresas (72%), tem mais de 40% de colaboradores a exercer funções para as quais é relevante possuir competências digitais: 29% garante que essa percentagem se situa entre os 80% e 100%, estando os restantes 43% divididos de forma igual entre os 40 a 60% e os 60 a 80%). De referir ainda que não chega a 6% as empresas inquiridas que têm menos de 10% dos colaboradores a desempenhar funções que não exigem competências digitais. O que demonstra que, hoje em dia, ter competências digitais já não é um factor distintivo, é algo essencial em praticamente todas as funções.

Esta tendência deverá intensificar-se, visto que os números aumentam quando o horizonte é o próximo ano: 38% (ou seja, mais 9 pontos percentuais) garante que entre 80 a 100% dos colaboradores terão funções para as quais são imprescindíveis as competências digitais, e no “intervalo” entre 60 a 80% também sobre quatro pontos percentuais (de 21 para 24%). E ninguém perspectiva que mais de 5% das pessoas tenham funções que não impliquem estas competências. 

Por outro lado, não deixa de ser interessante (ou preocupante) notar que, apesar de os números demonstrarem uma intensificação da digitalização das empresas, 27% do total de colaboradores das empresas que exercem funções para as quais é relevante possuir competências digitais (já vimos que a maioria) não possui qualquer formação nas áreas das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Só uma minoria (13%) possui formação superior nesta área, sendo que 56% tem formação de nível não superior (técnica, portanto). 

Sobre o âmbito onde os especialistas identificam maior necessidade de desenvolvimento de competências digitais nas suas empresas, podendo escolher até três diferentes, destacam-se as ferramentas de produtividade e colaboração (60%). Segue-se a análise de dados (52%) e a cibersegurança (35%). No espectro oposto, como áreas onde as empresas não sentem tanta necessidade de desenvolvimento destas competências, surgem a programação de conteúdos web mobile (8%), a programação para web (10%) e a gestão de redes informáticas (13%). Estes resultados podem significar uma de duas coisas: ou são áreas onde já contam com profissionais altamente especializados, ou então não são áreas prioritárias em termos de apostas das empresas.

A pergunta seguinte trouxe um dado curioso: o âmbito onde os inquiridos identificaram maior necessidade de desenvolvimento de competências – ferramentas de produtividade e colaboração – não surge no top 3 como área para a qual pensam contratar no próximo ano (15%).  Como área prioritária para fazer contratações para o próximo ano destaca-se, com 37%, a análise de dados, seguindo-se a cibersegurança (27%) e o e-commerce e CRM, com 17% cada. Mais uma vez, regista-se uma percentagem elevada (17%) de inquiridos que não sabem (ou não respondem).