Dados avançados pelo Observador, revelam que o sector da construção aponta para uma taxa de crescimento de cerca de 2,2% para o ano de 2021, valor ligeiramente inferior ao crescimento de 2,5% estimado para 2020, com o dinamismo da engenharia civil a compensar a contração prevista na construção residencial pela primeira vez desde 2014.

 

«Não obstante o ano de 2021 ser ainda um ano marcado pelos efeitos do surto pandémico, com elevado grau de incerteza, à semelhança do observado em 2020, prevê-se que a actividade do sector da construção mantenha uma evolução globalmente positiva», referem as associações dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN) e de Empresas de Construção, Obras Públicas e Serviços (AECOPS) em comunicado, citado pelo site noticioso.

Em concreto que respeita ao segmento da construção residencial, que em 2020 «manteve um nível de elevada procura nacional e internacional e continuou a beneficiar de um enquadramento macroeconómico marcado por taxas de juro historicamente baixas», as previsões para 2021 apontam, agora, para uma variação da produção entre -2% e 0%, com o ponto médio do intervalo a situar-se em -1,0%.

Já relativamente ao segmento da construção não residencial, o Observador avança que se prevê que a produção registe «uma quebra mais intensa que a ocorrida em 2020», estimando-se agora uma redução entre 2,1% e 0,1%, a que corresponde um ponto médio de -1,1%, mais do dobro da contração de 0,5% em 2020. Esta evolução negativa da produção do segmento resulta da diminuição da actividade da sua componente privada que, após a quebra de 2,0% de 2020, deverá contrair-se cerca de 3,0% em termos reais em 2021.

Em relação às obras públicas em edifícios não residenciais espera-se um crescimento de cerca de 2,0% para 2021, semelhante ao ocorrido em 2020, «beneficiando da evolução muito positiva do mercado das obras públicas ao longo de 2020, com crescimentos acentuados tanto no lançamento de novos concursos de empreitadas de obras públicas, como no volume de contratos celebrados».

A análise continua, destacando-se que, no segmento da engenharia civil, prevê-se que 2021 seja «um ano marcadamente positivo, com a duplicação da taxa de crescimento face ao ano anterior»: de +3,0% estimados para 2020 para +6,0% em 2021, no ponto médio do intervalo de previsão.

Acrescenta-se que, na base desta perspectiva favorável, está «o reforço do peso do investimento público no Produto Interno Bruto (de 2,5% em 2020 para 2,9% em 2021, segundo as previsões da Comissão Europeia), em resultado da esperada execução dos fundos comunitários inscritos no Portugal 2020 e do expressivo aumento dos montantes de empreitadas de obras públicas promovidos e celebrados em 2020.

As associações sectoriais fazem ainda notar que «o valor global dos cerca de 11 mil contratos de empreitadas de obras públicas celebrados ao longo de 2020 e que foram registados no Portal Base até 31 de Dezembro rondou os 3,1 mil milhões de euros, refletindo acréscimos de 10,1% em número e 32,9% em valor, face aos totais apurados em 2019».