Cinco tendências que vão afectar o sector das TI

Não há grandes dúvidas de que a pandemia de COVID-19 mudou radicalmente a forma como temos trabalhado nos últimos meses. E todos os sectores estão a sofrer os efeitos da pandemia. As TIC não são excepção. Przemek Berendt, membro do Forbes Council e CEO da Talent Alpha B2B Human Cloud Platform, identificou, num artigo publicado na Forbes, cinco tendências que poderão ter impacto significativo no sector das TI.

1. Digitalização - Uma necessidade, não uma opção

A COVID-19 mostrou que sectores e empresas têm ficado para trás quando se trata da sua aptidão digital. As empresas já não podem "evitar o digital" e, de facto, um número crescente de empresas considera a digitalização como uma oportunidade de crescimento. Os sectores que procuram intensificar a adopção da tecnologia incluem cuidados de saúde, farmácia, serviços digitais, comércio electrónico, comércio alimentar, distribuição, telecomunicações e educação online.

No entanto, não são apenas as empresas que estão a tornar-se digitais. Os compradores online também estão a apoiar este processo. Segundo a Nielsen, o comércio electrónico nos EUA está a registar taxas de crescimento sem precedentes, com algumas categorias a registarem aumentos de 500%. Além disso, a investigação revelou que dos consumidores que fizeram as suas compras online, 33% estavam a fazê-lo pela primeira vez.

Algumas empresas são rápidas a perceber que podem começar ou acelerar a digitalização com uma base de clientes cada vez mais pronta a aceitar e a utilizar este processo. Algumas empresas tecnológicas, e especialmente empresas de TI, estão na vanguarda dos sectores que estão a recuperar rapidamente e a seguir em frente a partir deste evento cisne negro.

2. Terramoto de talento

A pandemia provou que as equipas que trabalham à distância podem fazê-lo de forma eficaz. Isto tem encorajado algumas grandes empresas tecnológicas, como o Facebook e o Twitter, a oferecer aos seus colaboradores a opção de trabalharem remotamente numa base permanente. Embora a implementação de cortes nos custos por parte de alguns sectores, incluindo o de viagens e o automóvel, signifique que um número significativo de peritos em TI será libertado para o mercado de trabalho, isto pode revelar-se temporário à medida que a estabilidade regressa após a pandemia.

Ainda que as tarefas mais fáceis possam ser automatizadas com sucesso, os projectos mais complexos continuarão a necessitar de pessoas experientes. Contudo, a lacuna tecnológica, que 86% dos líderes de Recursos Humanos viram como um desafio fundamental num inquérito do Gartner (com registo obrigatório) no início de 2020, irá manter-se. Esta questão é ainda demonstrada por uma análise da McKinsey que sugere que 8,6 milhões de pessoas no sector público da UE-28 não terão as competências digitais necessárias até 2023.

O fosso tecnológico será ainda mais exacerbado no sector privado, de acordo com a Everest. As empresas retomarão as operações com restrições orçamentais, ao mesmo tempo que precisam de avançar rapidamente com os processos de digitalização. Isto terá efeitos de arrastamento noutros sectores, como o da cibersegurança, que, de acordo com o The International Information System Security Certification Consortium, tinha uma lacuna de competências de 4,07 milhões de profissionais.

 

3. Simplificar um mundo demasiado complicado

O futuro a longo prazo do sector das TI parece brilhante. Contudo, o rescaldo da pandemia pode levar a mudanças no que os clientes e consumidores querem e, por sua vez, a um processo de simplificação, como previu Andreas Kluth, colunista da Bloomberg. Kluth calcula que uma simplificação dos sistemas fiscais, cuidados de saúde e outras áreas pode seguir-se num mundo pós-pandémico. Além disso, o distanciamento social pode concentrar a mente das pessoas nos seus valores e, consequentemente, nos seus níveis de consumo. Isto pode ser uma faca de dois gumes para o sector das TI: à medida que o ritmo da adopção digital acelera, alguns sectores podem ter um orçamento limitado para implementar essas mudanças devido a uma queda no consumo. Então, como competir com um orçamento limitado contra um número crescente de empresas por menos profissionais de tecnologia com as competências adequadas? Uma solução pode ser a Cloud Humana.

 

4. Da contratação para uma posição à contratação para um projecto

Embora exista uma lacuna tecnológica significativa e orçamentos limitados para a combater, existe uma solução que poderia ajudar uma empresa a chegar às pessoas com as competências adequadas, adaptadas a um projecto específico, quando necessário. Uma dessas soluções é a análise de talentos.

Segundo algumas pesquisas, as empresas que conseguem identificar e melhorar os pontos fortes do seu pessoal conseguem melhores resultados empresariais e sucesso no ambiente ágil. Para além disso, a análise de talentos pode reduzir tanto o tempo como os custos ligados ao recrutamento interno. Através desta metodologia, não são apenas as hard skills que são avaliadas, mas também as soft skills. Vários traços de personalidade, que são fáceis de avaliar, podem exercer uma influência considerável no grau de envolvimento no trabalho. É óbvio que as hard skills são fundamentais, mas podem tornar-se menos eficazes se o envolvimento com o cliente ou com o resto da equipa não for o que deveria ser.

De acordo com a Gallup, construir a uma empresa com base em competências meticulosamente avaliadas pode muito bem ser vital para o sucesso da mesma.

5. Criar um negócio sustentável e anti-frágil

"Se me enganas uma vez, a culpa é tua. Se me enganas duas vezes, a culpa é minha.” A COVID-19 mostrou que qualquer aspecto da economia global está vulnerável a um choque sistémico: de trabalhadores a serem temporariamente dispensados ou a perderem o seu emprego até à ruptura das cadeias de abastecimento. Para evitar os erros do passado, um novo paradigma para as empresas pode muito bem ser o de gerar um negócio forte, mas sustentável. Um modelo de negócio que não seja meramente resiliente, mas pró-activamente anti-frágil, e que possa responder a desafios como a diversificação, a deslocalização, as soluções flexíveis de pessoal e as mudanças rápidas, tem a oportunidade de prosperar.