A pandemia – e a exposição constante a notícias negativas – está a aumentar o stress e a ansiedade dos profissionais, afectando a produtividade. Ao mesmo tempo, também tem impacto na cultura organizacional. Mas há estratégias comprovadas (e simples) que os gestores podem implementar que encorajam um pensamento positivo e melhoram o moral dos colaboradores. Isso mesmo defende Paola Cecchi-Dimeglio, presidente da Iniciativa de Pesquisas de Liderança Executiva para Mulheres e Minorias na Advocacia, na MIT Sloan Management Review.

As pesquisas mostram-nos que, mesmo em épocas normais, a exposição constante a notícias negativas pode ter um forte impacto na nossa saúde mental. No meio de uma crise médica e humanitária como a pandemia de COVID-19, as pessoas não só enfrentam novos desafios nas suas vidas profissionais e pessoais, como também estão sujeitas a uma enorme quantidade de manchetes preocupantes. Entre outras coisas, as notícias negativas aumentam o nível de cortisol, a principal hormona do stress do nosso corpo. E mudam significativamente a disposição e a mentalidade de um indivíduo – principalmente se houver tendência para enfatizar os elementos de sofrimento, morte e outros componentes emocionais da história. Um inquérito da Associação Americana de Psicologia descobriu que, ainda antes da COVID-19, mais de metade dos norte-americanos afirmavam que as notícias causavam stress, e muitos reportavam ansiedade, fadiga ou insónias como resultado.

Não obstante, existem acções concretas que os líderes podem seguir para combaterem os efeitos das notícias negativas e melhorar o moral dos colaboradores, por vezes com intervenção mínima.  

Com base em pesquisas realizada em algumas empresas com as quais trabalhou durante o surto de COVID-19, Paola Cecchi-Dimeglio identificou algumas práticas organizacionais e comportamentos de liderança para os gestores ajudarem a promover o bem-estar dos seus colaboradores:

  • Seguir o líder.

Os líderes das empresas têm uma plataforma única para demonstrar um comportamento optimista e ajudar os colaboradores a evitarem o burnout, principalmente agora. Pesquisas mostram que os humanos tendem a copiar o comportamento dos outros, principalmente dos que estão em posição de autoridade. Como líderes, tentem lembrar-se da importância da forma de comunicar.

  • Apoiar a partilha activa de notícias positivas.

Os gestores devem sugerir que os colaboradores definam tempo extra para lerem, partilharem e discutirem notícias positivas. Tal como aconteceu na experiência descrita neste artigo, os colaboradores podem agendar festas de streaming de vídeos do YouTube, quer sejam do SGN ou escolhas pessoais. As pessoas podem ter já canais informais definidos nas suas plataformas de comunicação internas, mas outra ideia útil é criar um novo canal dedicado apenas à partilha, votação e discussão de boas notícias. Isto ajuda a focar o propósito do canal e manter as conversas numa direcção positiva.

  • Encorajar oportunidades regulares de ligação social.

Por exemplo, as equipas podem ter reuniões virtuais regulares ou “happy hours” abertas a todos à sexta-feira à tarde, das 16h às 18h. O objectivo seria substituir algumas das pequenas formas pelas quais as pessoas se ligavam facilmente a outras no escritório antes da crise. Pesquisas mostram que passar tempo social com os colegas pode melhorar o estado de espírito, mesmo que o encontro seja virtual.

  • Orientar os colaboradores para programas de saúde mental comprovados.

Várias organizações possuem benefícios que podem ser usados para aconselhamento e apoio à saúde mental, e os empregadores devem relembrar os seus colaboradores da sua disponibilidade durante esta fase. Os empregadores podem também estimular estes esforços ao procurar peritos para webinars em tópicos como mindfulness, meditação e gestão de stress. Pesquisas anteriores mostram que a meditação, a terapia baseada no mindfulness e práticas semelhantes podem ajudar a diminuir sintomas somáticos e a reduzir a ansiedade.

  • Ajudar os colaboradores a desenvolverem rituais de pausa.

Com a mudança para o trabalho remoto, é cada vez mais importante que os colaboradores encontrem equilíbrio nas suas vidas profissionais e pessoais. Encorajem os colaboradores a identificarem acções que significam o início e o final do seu dia. Estes hábitos ajudarão a fazer a transição do trabalho para casa, mesmo que estejam no mesmo local. Adicionalmente, para ajudarem a reforçar a distinção e o equilíbrio entre o profissional e o pessoal, as empresas podem usar horários partilhados, onde os membros das equipas identificam horários de trabalho e fusos horários individuais, e quais as melhores alturas para reuniões, responsabilidades parentais e outras informações úteis para trabalhar melhor em conjunto.