Tendo em vista ser uma unidade rápida, ágil e flexível, que se consiga adaptar às mudanças do negócio, a Mitsubishi Fuso Truck Europe está a integrar nos seus quadros novos talentos. Para além das competências tecnológicas, não abdicam de um «bom set de soft skills».

Em Portugal, a Mitsubishi Fuso Truck Europe (MFTE), linha de montagem da FUSO (Grupo Daimler) de veículos light-duty trucks para o mercado Europeu, produz e exporta o modelo Canter para mais de 30 países. A fábrica em Portugal tem quase 40 anos e já ultrapassa as 500 pessoas.

Para os mercados europeus, a Canter é fabricada em Portugal, mais concretamente no Tramagal, desde 1980. Qual a importância que isto assume?
A Europa é o nosso principal mercado e somos a única fábrica da FUSO existente no continente europeu, pois a marca tem maior expressão na Ásia. A presença desta fábrica no Tramagal representa um marco para a região e para o país do qual muito nos orgulhamos.

Como tem evoluído a vossa presença no país?

A produção da MFTE em 2018 foi de 10 073 unidades e representou um volume de produção que já não era atingido há mais de 10 anos. Evidencia que o ciclo económico na Europa tem vindo a melhorar e os nossos números têm sido disso reflexo.

Nestes quase 40 anos, quais foram os principais desafios?

Em 40 anos muita coisa aconteceu, desde logo grandes transformações no país e no mundo. O nosso grande desafio tem sido continuar todos os dias a manter elevados padrões de qualidade que nos permitem ser uma unidade que, para além disso, se consegue adaptar e ser flexível para enfrentar as mudanças que o setor automóvel tem vindo a sofrer. A juntar a isto tudo, nunca esquecer as pessoas que ao longo dos anos têm feito da MFTE uma fábrica de referência no universo da FUSO/ Daimler, através do seu empenho e compromisso, a todos os níveis, fantástico.

Em concreto, e para este ano, quais os principais desafios que perspetiva, quer para o setor onde atuam, em geral, quer para a vossa empresa, em particular?


O setor automóvel está em grande transformação com a questão da redução das emissões de CO2, com a electrificação, entre outras, e como é óbvio pretendemos ter uma papel de liderança nesta mudança de paradigma. Para isso, lançámos em 2017 as bases daquilo que acreditamos que será o futuro da nossa unidade – a eCanter, o primeiro veículo de mercadorias totalmente eléctrico. Em 2018 produzimos cerca de 100 unidades.

Falou das pessoas… Quantos colaboradores têm atualmente em Portugal?

Neste momento, o nosso quadro de pessoal ultrapassa as 500 pessoas.

Qual a importância que a Gestão de Pessoas assume no vosso negócio?

A Gestão de Pessoas é um dos vectores estratégicos da MFTE, para além dos produtos e dos processos. Desenvolvemos, atraímos e retemos talentos que, em cooperação com pessoas  experientes, contribuem para o nosso crescimento.

Que prioridades assumem e quais os pilares estratégicos da vossa política de Recursos Humanos?

Queremos transformar-nos numa unidade rápida, ágil e flexível, que se consiga adaptar às mudanças do negócio. A indústria está a atravessar uma grande transformação – Indústria 4.0 – e para lhe dar resposta temos de ter as equipas dotadas e preparadas para estes novos desafios. Assim, estamos apostados em integrar nos nossos quadros novos talentos.

Como resultado desta nossa pretensão, em  2017/ 2018 criámos um Programa de Estágios Internacional onde 10 trainee’s tiveram a oportunidade de estar seis meses na MFTE e seis meses na nossa casa-mãe, no Japão. Desses, quatro tiveram a oportunidade de ficar a colaborar connosco.

Estamos a viver um momento em que as soft-skills estão de alguma forma a transformar-se nas hard-skills do futuro. Conscientes disso, queremos trazer essas “hard skills” para a nossa organização de uma forma transversal, através da colaboração com universidades e empresas de Tecnologia.

Em 2018, organizámos, para todos os colaboradores, um seminário a que chamámos Factory of Future.  Este acontecimento foi composto por um ciclo de conferências e várias demonstrações tecnológicas em torno das Smart Factory e Indústria 4.0, como parte integrante da estratégia Blue Sky 2020 – Fábrica do Futuro – Digitalização, Automação e Inovação dos Processos Produtivos.

Quando estão a recrutar, que competências/ perfil privilegiam?

Neste momento, procuramos claramente pessoas com formação em áreas Tecnológicas, com bons conhecimentos de programação e um bom set de soft-skills, como co-criação, solução de problemas, capacidade de adaptação, networking, comunicação, agilidade.

Têm tido dificuldades em encontrar essas características?

Atualmente, a grande dificuldade é sem dúvida os perfis de IT, onde a procura é muito grande. Todos os projectos que lançamos na organização necessitam de um perfil de IT.

 

Como estão a dar resposta a esse desafio?

Uma das possibilidades é virmos a desenvolver um projecto interno para dotar os actuais colaboradores de competências  de programação Low Code pois este know-how tem de estar presente em todos os departamentos da organização.

E Portugal, como acha que pode ser competitivo e atractivo para os melhores talentos?

Com a chegada da Web Submit a Portugal parece que as coisas estão diferentes e existe uma dinâmica nunca antes vista. Lisboa está na moda para as startups e todos os dias vemos notícias de novos centros tecnológicos a estabelecerem-se em Portugal. O setor automóvel não está fora, e mesmo o Grupo Daimler já abriu duas empresas com esse carácter, a Mercedes Benz IO e a DTB Tech & Data Hub. Para sermos competitivos e atrativos temos de ter estas grandes empresas a apostar no nosso país.

Que particularidades o setor em que atuam traz à forma como gerem as vossas pessoas?

No setor automóvel temos que ter o enfoque em garantir que produzimos produtos de alta qualidade. Para tal, tudo gira em volta da garantia que em todas as fases do nosso processo produtivo cada colaborador tenha as ferramentas que lhe permita fazer bem o seu trabalho. É para isso que trabalhamos todos os dias, para lhes garantir as melhores condições de trabalho e podermos ser uma empresa competitiva em termos de benefícios.

Estamos também a falar num setor onde a segurança dos nossos colaboradores é muito importante e onde cada vez mais estamos empenhados em conseguir minimizar na nossa organização aqueles trabalhos mais pesados, muito habituais no setor automóvel.

Tendo isso em conta, quais os principais desafios que enfrentam em termos de Gestão de Pessoas?

Conseguir que as diferentes gerações funcionem da forma mais harmoniosa possível. Estamos a falar de gerações que apresentam cada vez maiores diferenças na forma como vêem o trabalho, o desenvolvimento e a carreira. Esta é, sem dúvida, a pergunta para um milhão de dólares, que acredito que ainda poucos saibam como responder.

Estamos a querer integrar sangue novo na organização e estas dificuldades sentem-se todos os dias. É uma realidade para a qual estamos conscientes mas para a qual ainda não temos uma resposta objetiva.

 

Num mercado global e cada vez mais competitivo, o que diria que vos distingue?


A inovação, a procura constante de mais eficiência e a qualidade do produto final.