O estudo “Inteligência Artificial no Sector Público”, desenvolvido pela EY com a Microsoft, revela que Portugal ainda se encontra numa fase de experimentação de soluções em áreas especificas da organização, enquanto que nos casos europeus estes já se encontram numa fase de inclusão de mais áreas na utilização de soluções de inteligência artificial (IA).

As instituições do Sector Público destacaram a importância de soluções de IA para melhorar o ambiente organizacional e recursos internos das organizações, ressalvando-se ser ainda necessário dimensionar as soluções e funções de IA a implementar. Dos dados analisados, 54% dos inquiridos portugueses revela que tem estruturas de IA limitadas face a 48% das instituições europeias, e 50% refere que não implementou IA em nenhuma área da organização em comparação à média europeia, com 28%.

Quando analisado o tema das competências na IA, verifica-se que mais de 50% dos inquiridos nacionais considera ter mais competências do que a maioria dos países europeus, no que se refere a tecnologia, dados, cultura, ética e talento.

Dados e tecnologia são duas das competências fundamentais para IA no Sector Público e, nesta análise, Portugal regista uma média de 3.8 face à média europeia com 3.4 no que diz respeito aos dados. E na competência tecnologia, Portugal regista uma média de 3.6 comparativamente a 3.1 da avaliação realizada nos restantes países europeus.

A maioria das tecnologias de IA usadas por empresas públicas são soluções limitadas, mas que permitem aumentar a eficiência e a qualidade do serviço, permitindo aos funcionários públicos concentrarem-se em tarefas que geram valor. É o caso do Instituto da Segurança Social, I.P. que utiliza tecnologias de Machine Learning através do chatbot estejam disponíveis sete dias por semana, durante 24 horas, e possam responder a questões práticas. A expectativa é que esta solução de IA acrescente valor ao ISS através da redução de tarefas rotineiras e tempo na resolução de burocracias, tornando-a mais eficiente e próxima do cidadão.

Apesar de as instituições do Sector Público estarem na fase inicial de implementação de soluções de IA, reconhecem a capacidade desta tecnologia na criação de valor: 5% dos inquiridos nacionais considera que tem um impacto significativo junto dos stakeholders face a 4% dos países europeus. Quando se pergunta como a inteligência artificial melhora a capacidade das organizações na resolução de problemas, as instituições portuguesas afirmam que 5% resolve questões complexas com recurso a IA e 36% refere-se à resolução de tarefas simples. Por sua vez, 4% dos inquiridos europeus afirma que resolve questões complexas e apenas 26% tarefas simples.

Este estudo analisou três pilares do Sector Público – Administração Pública, Saúde Pública e Transportes Públicos – e permitiu recolher as percepções dos decisores, as práticas de liderança e os principais use cases, tanto em termos de adopção actual como potenciais para o futuro. O sector da Saúde tem a maior taxa de adopção de IA, com 71% dos inquiridos a responderem que já implementaram um ou mais use cases de IA. Por sua vez, 70% dos entrevistados deste segmento afirma que já implementaram uma solução de IA.

O Centro Hospital Universitário de São João – CHUSJ – reconheceu o papel da IA na formação de futuros médicos ao equipá-los com as ferramentas necessárias para aumentar a eficiência e fornecer acesso mais rápido ao conhecimento. O projecto de codificação clínica é visto como um dos vários projetos de IA que vai liderar o desenvolvimento tecnológico do CHUSJ e permitir que mais processos internos sejam otimizados eficientemente.

O estudo “Inteligência Artificial no Sector Público” foi desenvolvido através de um inquérito realizado em 12 países europeus (Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, Holanda, Irlanda, Itália, Noruega, Portugal, Suécia e Suíça) junto de funcionários públicos que desempenham um papel de liderança no desenvolvimento e gestão das agendas de IA. Contou com a participação de mais de 200 empresas europeias – 23 das quais são portuguesas –, e foram analisadas três áreas do sector público – Administração Pública, Saúde e Transportes.