A Janssen assume-se como uma organização cada vez mais diversa,  inclusiva e saudável, tendo como objectivo tornar-se a companhia mais saudável do mundo em 2020. Nesse sentido fez, em Portugal, um investimento de mais de cinco milhões de euros em novas instalações, que refecte também a vontade de continuar a crescer no País.

Filipa Mota e Costa, directora-geral da Janssen Portugal, fala sobre os desafios do sector, em geral, e da empresa, em particular, sobretudo em termos de Gestão Pessoas, dando a conhecer as principais apostas, com vista a alcançar o objectivo de se tornarem na “healthiest workforce” a nível mundial.

Como tem evoluído a presença da Janssen em Portugal?

A Janssen, companhia farmacêutica da Johnson & Johnson, chegou a Portugal em 1983. Temos como missão desenvolver tratamentos inovadores, dando resposta a necessidades médicas não preenchidas. Desde então, o nosso portfólio tem vindo a evoluir ao longo do tempo, trazendo inovação para o doente em várias áreas terapêuticas, estando hoje e focados nas áreas de Oncologia, Neurociências, Hipertensão Pulmonar, Imunologia e Infecciologia.

Se hoje somos uma das três maiores companhias farmacêuticas presentes no país, isso deve-se ao nosso portfólio, mas também às nossas equipas que igualmente souberam evoluir. Com mais de 150 colaboradores, temos hoje um activo de uma enorme diversidade e riqueza, tanto a nível geracional como de background académico e profissional.

Mas não nos restringimos às áreas mais operacionais. Em 2018, Portugal voltou a ser considerado um core country na área de I&D do grupo Johnson & Johnson. Esta aposta no nosso país permite um acesso precoce a medicamentos inovadores, uma actualização científica dos profissionais de saúde, com poupanças para o Serviço Nacional de Saúde.  É, pois, um investimento que queremos ver perdurar e que gostaríamos de ver reforçado assim as condições o permitam.

Actualmente, quais são os principais desafios, quer para o sector onde actuam, em geral, quer para a vossa empresa, em particular?

Em Portugal, um dos grandes constrangimentos é o longo tempo que leva até a população ter acesso à inovação: Portugal tem um dos períodos mais longos da União Europeia. Apesar dos esforços das entidades responsáveis, a aprovação de reembolso para medicamentos inovadores demora cerca de 20 meses no País, pondendo chegar aos 38 meses, se falarmos de medicamentos hospitalares. São tempos de aprovação que excedem o que está previsto na lei e, largamente, a média da UE. 

A investigação procura dar resposta às doenças mais complexas e é preciso uma maior cooperação entre as autoridades e as companhias farmacêuticas para se encontrarem formas de acesso mais colaborativas, mais ágeis e orientadas pelos resultados dessas terapêuticas, de forma a garantir a sustentabilidade do sistema.

Depois existe ainda a questão da dívida hospitalar. A dívida dos hospitais é insustentável, mostra que a Saúde está subfinanciada em Portugal e acaba por se financiar nos fornecedores, o que é uma grande distorção, e projecta uma imagem que não é adequada a um País que pretende ter um discurso atractivo para investimento. Enquanto portuguesa isso também me preocupa.

É importante que a sociedade tenha consciência dos ganhos por via dos medicamentos. A título de exemplo, desde 1990, os medicamentos inovadores evitaram em Portugal mais de 110 mil mortes e a esperança de vida foi prolongada até 10 anos. Este é dado é de um estudo recente da McKinsey feito em Portugal e que demonstra uma pequena parte do benefício do medicamento para a sociedade. 

O que definem como objetivos prioritários, em termos de negócio?

Prevenir, tratar e curar são três objetivos a que nos propomos sempre. E desse ponto de vista o acesso à inovação tem de ser uma realidade. Acreditamos que a inovação com valor em saúde deve estar acessível aos portugueses, pois faz a diferença na vida de muitos doentes e de muitas famílias.

É, por isso, fundamental que Portugal tenha melhores níveis de equidade e de acesso ao medicamento e que agilize, tanto quanto possível, os procedimentos para avaliação e adopção de inovação, de modo a que consigamos cumprir com os prazos previstos na lei.

Qual o posicionamento que a Janssen Portugal assume no Grupo Johnson & Johnson?

Em Portugal, a Janssen destaca-se por ser uma relevante fonte de talento: 20% dos nossos colaboradores estão actualmente em funções internacionais. É o reconhecimento externo da qualidade dos nossos colaboradores que trabalham sedeados em Portugal, com funções internacionais. 

Qual a importância da área da Gestão de Pessoas assume no negócio?

A  Gestão de Pessoas é uma área fundamental para nós, pois consideramos os colaboradores o nosso maior activo. São eles que nos permitem alcançar estes palmarés de que falava. Pensando nos nossos colaboradores, desenvolvemos diversos programas que temos implementado na promoção do seu bem-estar, e que criam um ambiente de incentivo à produtividade e ao se desenvolvimento profissional e pessoal.

Neste âmbito, que prioridades assumem? 

Temos a meta de nos tornarmos na Healthiest Workforce a nível mundial, em 2020. Em 2018, reforçámos esse compromisso com a inauguração do nosso novo edifício-sede. 

Todas as instalações foram criadas em linha com as melhores práticas de saúde e bem-estar, espaços de trabalho adequados ao tipo de tarefa ou actividade, incluindo mobiliário ergonómico, ginásio, organização do espaço, vending machines com alimentos saudáveis e diversas iniciativas que promovem a actividade física, mesmo dentro do escritório.

Uma das nossas prioridades é a flexibilidade de trabalho. Queremos possibilitar uma melhor conciliação entre as várias dimensões da vida e, por isso, implementámos diversas políticas de flexibilização do trabalho, para que cada um encontre a resposta mais ajustada às suas necessidades e ao seu estilo de vida.

Tao importante como estas políticas e condições, algo que faz parte da nossa identidade é a criação de um ambiente que estimule e valorize o feedback. Temos vários mecanismos e programas implementados para estimular a voz do colaborador, e onde as suas sugestões, opiniões e ideias são escutadas. Não só queremos aproveitar toda esta informação útil, como queremos que os colaboradores saibam o quanto a valorizamos.

Falou nas novas instalações em Portugal, que inauguraram em Setembro passado. O que justificou o investimento de mais de cinco milhões que foi feito?

Este investimento reflecte  a nossa vontade de continuar a crescer em Portugal. Já atingimos um posicionamento sólido neste mercado, e acreditamos ter o potencial para continuarmos a desenvolver a nossa actividade e, cada vez mais, a criar um impacto positivo junto da sociedade portuguesa.

O que destacaria como mais inovador nas novas instalações?

Quisemos ter um modelo de instalações únicas e sustentáveis para uma experiência de trabalho segura, saudável e inspiradora. O novo edifício proporciona uma experiência de trabalho com um conceito saudável: “Healthy Eating, Healthy Movement, Healthy Mind e Healthy Work”. A Janssen adoptou um modelo de trabalho ergonómico, em linha com a sua estratégia de promoção da sua saúde; desde secretárias elevatórias, cantina com opções saudáveis, e até um ginásio que oferece um programa de aulas e que pode ser usado a qualquer hora do dia.

Trabalhamos no modelo “Flex Space”, onde o colaborador procura o tipo de espaço que melhor se adequa à tarefa que tem a realizar; pode então ser um open space, uma focus room ou uma sala de reuniões. Não existem lugares fixos, o que promove a interacção entre equipas e a redução da dependência de materiais físicos.

Implementámos também uma cultura mais “verde”, com uma abordagem praticamente paper free e que nos tem tornado cada vez mais próximos dos meios digitais, e cada vez menos dependente dos recursos físicos.

Fizemos todas estas adaptações nas novas instalações dando prioridade a materiais e serviços portugueses, tendo 89% dos nossos fornecedores sido locais.

Essa aposta veio também promover novas formas de trabalhar…

Estas mudanças vieram promover uma abordagem que é muito mais direccionada para o planeamento estratégico do próprio trabalho, o que veio melhorar muito a nossa produtividade. Hoje, cada um conhece melhor o sítio e o momento certo para desempenhar cada tarefa, de forma a ser mais eficiente. E os sistemas de rede internos que implementámos permitem a articulação entre as equipas e a integração das soluções, resultando numa maior rapidez na resolução de problemas.

Qual foi a reacção dos vossos colaboradores?

Como disse Fernando Pessoa “primeiro estranha-se, depois entranha-se”. As mudanças raramente são fáceis, e para nós  não foi excepção. Começámos a preparar a mudança de hábitos um ano antes da mudança efectiva. Criámos grupos de trabalho e testemunhámos verdadeiros casos de sucesso na “gestão de mudanças”.

Hoje já todos trabalhamos sem secretária fixa e vemos os benefícios desse modelo: a redução do consumo de papel, a conveniência dos arquivos maioritariamente digitais e o aumento de mobilidade e motivação no local de trabalho.

Que iniciativas são mais valorizadas pelos colaboradores?

Os nossos colaboradores valorizaram bastante as medidas tomadas em prol de uma vida mais saudável. Desde o Energy Space  - o ginásio que temos dentro das instalações e onde podem participar em aulas com instrutores -, às sessões semanais de ginástica laboral, e as diversas opções de acompanhamento médico oferecidas pela empresa, tais como consultas de fisioterapia de desabituação tabágica, entre outras.

Qual a importância que este tipo de apostas assume?

Sabemos que, ao criarmos uma companhia mais saudável, estamos também a promover uma cultura de saúde que vai além dos colaboradores, estendendo-se às suas famílias, e que é uma forma de “liderar pelo exemplo”.

Na Janssen, apostar na saúde dos colaboradores é investir no nosso maior activo: se os nossos colaboradores estiverem bem, a empresa estará bem.

Quais os pilares estratégicos da vossa política de Recursos Humanos?

O desenvolvimentos dos nossos colaboradores é uma das nossas prioridades –  não só a nível profissional, como no que toca à sua realização pessoal e à sua capacidade produtiva, o que se liga, indubitavelmente, à sua motivação e bem-estar. Por exemplo, lançámos o programa de “Early Talent” para os colaboradores mais jovens, e o programa de “Manager Leadership Capabilities” para líderes de equipa, que procuram facultar os colaboradores com ferramentas essenciais para o seu desenvolvimento profissional.

Somos uma organização cada vez mais diversa,  inclusiva e saudável – e temos o objectivo de nos tornarmos a companhia mais saudável do mundo em 2020.

Quais são, actualmente, os vossos principais desafios em termos de Gestão de Pessoas?

O nosso principal desafio passa hoje pela integração das várias gerações de colaboradores. O que procuramos é o equilíbrio entre uma geração mais jovem, mais digital e tecnológica, com vontade de abraçar várias experiências, e uma outra geração que guarda uma enorme experiência e conhecimento do sector e do mercado.

O nosso objectivo é criar um ambiente onde toda esta diversidade seja aproveitada e rentabilizado o que de melhor tem cada geração. Se soubermos aproveitar o melhor de cada um, atingiremos garantidamente o sucesso.

O desenvolvimento e a realização profissional dos nossos colaboradores é um outro aspecto prioritário. É um caminho nunca terminado, em constante evolução, e sempre possível de ser melhorado. Procuramos continuamente novas formas para garantir que cada colaborador possa atingir o seu potencial connosco, criando condições para expandir esse potencial, e que cada um de nós viva em alinhamento dos seus objcetivos pessoais, com os objectivos definidos para a sua função. 

Que tendências perspectivam?

Sabemos  que a motivação dos nossos colaboradores não depende só do tempo que passam no escritório. Como disse, para a Janssen, é importante garantir que os colaboradores mantêm um equilíbrio saudável entre as componentes laboral e pessoal, e essa é uma tendência que temos vindo a aprofundar e melhorar. Queremos criar as condições para a plena realização dos nossos colaboradores, e contribuir para a sua qualidade de vida. E acho que esta deveria ser uma tendência de qualquer empresa, de qualquer sector.