As empresas de recursos humanos são talvez as únicas em que depois de consumada a venda, o “produto” pode dizer que “não”, ele próprio pode desistir. Esta é uma especificidade que não deve servir apenas de piada do sector, mas que nos deve levar a reflectir para o verdadeiro valor do “produto”: as pessoas.

Mantendo a analogia, para que qualquer destes processos de “compra e venda” sejam positivamente efectuados é preciso acrescentar valor não apenas ao cliente, mas também ao candidato. E não me refiro apenas nas áreas de executive search ou recrutamento e selecção, refiro-me sempre às pessoas, aos recursos humanos e não a meros vínculos, porque mesmo em trabalho temporário ou outsourcing é fundamental que o candidato tenha as competências técnicas e sociais para o desenvolvimento da função. Ele vai ser a marca do cliente, vai integrar a sua força produtiva, quer seja por muito ou pouco tempo, ele é um gerador de valor, por isso esta selecção é crítica para o sucesso de qualquer negócio, independentemente da função ou do tipo de contrato.

O desafio de gerir pessoas é constante, eu vivo-o internamente como qualquer gestor e externamente, neste triângulo que pretendemos continuamente fechar, entre empresas e candidatos. Desenganem-se os que procuram fórmulas matemáticas para este match. Há critérios, mas acima de tudo há um profundo know-how de ver além de currículos ou frases feitas em entrevistas. Enquanto gestores, todos sabemos as consequências de um mau recrutamento, um impacto que vai além do custo financeiro e que afecta também o clima organizacional.

Mas, porque quando olho para a minha carreira vejo que o meu sucesso esteve sempre ligado ao valor das pessoas com quem trabalhei, sinto que é um privilégio trabalhar num sector que junta aos desafios económicos, desafios sociais e demográficos. Talvez por ser tendencialmente optimista e por termos uma cultura empresarial tão ligada ao valor das pessoas, encaro estes mesmos desafios com respostas inovadoras e sempre no sentido de ajudarmos a responder aos mesmos com soluções estruturadas e vistas de uma forma conjuntural. Temos como missão moldar o mundo do trabalho e como director-geral é um orgulho poder contribuir para essa mudança aqui em Portugal. 

 

José Miguel Leonardo
Director-geral da Randstad Portugal