A Aon divulgou os resultados do Global Risk Management Survey, relatório onde empresas de todo o mundo identificam os riscos que consideram afetar mais a sua atividade. De acordo com as conclusões obtidas para Portugal, a desaceleração/recuperação lenta da economia é o risco que mais preocupa as empresas locais, sendo este uma consequência direta do segundo maior risco identificado neste ranking: o risco pandémico.

 

Além de se posicionar como a principal ameaça para as empresas portuguesas, a desaceleração económica é também percecionada pelos inquiridos deste relatório como um dos riscos que maiores perdas poderão trazer aos negócios, ficando atrás do risco de pandemia. Apesar disto, apenas cerca de 25% das empresas estão a implementar medidas para o mitigar.

Carlos Freire, o recém-nomeado CEO da empresa de serviços nas áreas de risco, reforma, saúde e pessoas, analisa: «Estas conclusões poderão justificar-se pela significativa volatilidade e incerteza em relação à forma como as economias irão reagir ao cenário pós-pandemia, o que reforça a imperatividade de cada empresa desenvolver e implementar uma estratégia de gestão de risco capaz de reduzir o impacto que os riscos originados ou escalados pela pandemia podem trazer ao seu negócio.»

No top 10 dos riscos para as empresas portuguesas em 2021, constam ainda:

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Já a nível global, o Global Risk Management Survey revela que o risco cibernético / data breach lidera, pela primeira vez, a tabela dos riscos que mais afetam as empresas, tendo alcançado a nível global a posição mais alta desde o início desta análise, em 2007.

Para os mais de dois mil gestores de risco que participaram na concretização da nova edição do maior estudo bienal da Aon – incluindo portugueses – a escalada do cibercrime, que na edição anterior do Global Risk Management Survey se encontrava na sexta posição, justifica-se tanto pelo papel primordial que a tecnologia desempenhou durante a pandemia, como pela aceleração da transformação digital das empresas, que originaram um acentuar dos ataques cibernéticos e episódios de violação de dados em todo o mundo – com os sectores financeiro, segurador, tecnológico, de serviços profissionais, de telecomunicações, media e entretenimento sido os mais lesados nesta área.

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Atrás do risco cibernético, o Global Risk Management Survey deste ano destaca ainda no top 3 dos principais riscos para as empresas os riscos de interrupção do negócio e a desaceleração / lenta recuperação da economia. Ao mesmo tempo, e como consequência da pandemia, o risco no mercado de commodities e escassez de matérias-primas registou a sua classificação mais alta de sempre, alcançando a quarta posição – uma realidade hoje visível, sobretudo, pela crise energética que o planeta atravessa.

Tal como em Portugal, também entre os principais riscos identificados existe um fator comum: a sua relação com a atual pandemia. Segundo o relatório, o impacto da COVID-19 veio mostrar que o mundo está mais volátil e interligado do que nunca e que não é suficiente as empresas focarem-se apenas num evento, mas sim no impacto que vários fenómenos interligados podem ter num mercado globalmente conectado.

 

O novo estudo da Aon alerta ainda que o foco dado pelas empresas ao risco pandémico e às suas consequências levou a que «subvalorizassem alguns riscos de extrema importância no atual cenário, nomeadamente os riscos associados ao ambiente e sustentabilidade».

Apesar do crescente awareness e do seu impacto em custos financeiros – em 2020, os desastres naturais ocorridos em todo o mundo resultaram em cerca de €220 mil milhões em prejuízos económicos, segundo o Weather, Climate & Catastrophe Insight: 2020 Annual Report, um outro estudo da Aon – o Global Risk Management Survey demonstra que o risco ambiental (18.ª posição), os desastres naturais (22ª posição), as alterações climáticas (23.ª posição) e as estratégias do risco de CRS - Corporate Social Responsability / ESG - Environmental, Social, and Governance (31ª posição), continuam ainda a vigorar em posições de pouco destaque no ranking dos principais riscos.

Sobre este último, a sua subvalorização pode estar relacionada com o facto de ser considerado predominantemente uma exposição reguladora, ou um factor de danos à reputação, ambos incluídos no top 10., considera-se.

 

Realizado de dois em dois anos desde 2007, o Global Risk Management Survey da Aon fornece dados e insights para permitir uma melhor tomada de decisão em torno do risco num ambiente de negócios cada vez mais volátil e complexo. A edição deste ano reuniu mais de 2300 inquiridos em 60 países e 16 sectores de atividade para identificar os principais riscos e desafios que os gestores enfrentam nas suas organizações.