Um estudo realizado e publicado pela Deco Proteste revela que 3 em cada 10 portugueses estão em risco de esgotamento ou exaustão, a nível profissional. E metade sente falta do apoio dos chefes em situações de stress.

 

O inquérito, realizado a 1146 portugueses (entre Janeiro e Fevereiro de 2018, maioritariamente a trabalhadores por conta de outrem, com contrato de trabalho), revela que, destes 31% que admite estar em risco de burnout, 58% são mulheres. E 67% afirmam estar muito insatisfeitos com o seu trabalho.

O conteúdo das suas funções e a (im)possibilidade de progressão na carreira (63%), o (não) reconhecimento pelo bom trabalho (50%), a remuneração (50%) e a  (má) relação com os superiores hierárquicos (24%), são algumas das explicações para o descontentamento. 

 

Segundo os dados apurados pela Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor, as profissões que apresentam maior risco são os empregados de lojas e supermercados, (43%), os profissionais de saúde, não médicos (39%), trabalhadores de serviços administrativos (37%), trabalhadores fabris (30%) e profissões ligadas ao ensino (28%).

 

O estudo revela ainda que 71% dos inquiridos diz ter pouco ou nenhum apoio das suas áreas de recursos humanos e mais de metade (52%) afirma ter falta de apoio dos patrões ou supervisores, em situações de stress laboral. Já 25% tem a mesma queixa em relação aos colegas, sendo que, destes, 51% apresentam riscos de burnout.

 

Actividades monótonas, ambientes de trabalho caóticos, falta de apoio social e desequilíbrio entre a vida pessoal e profissional são outros factores que, de acordo com a Deco, potenciam o stress laboral, muitas vezes, associado a absentismo e à mudança de emprego.

Dos inquiridos, 8% faltaram ao trabalho em média 12 dias no último ano, devido ao stress, sendo que a percentagem de mulheres nesta situação (10%) é quase o dobro da dos homens. E a percentagem dos trabalhadores do sector público (15%) é três vezes superior à dos trabalhadores do privado. 

De acordo com os dados publicados pela Deco Proteste, cerca de um terço dos inquiridos (35%) admitem que o trabalho afecta negativamente a qualidade de vida (33%), a saúde (35%), e também a vida pessoal e familiar (26%) e social (24%).

Para contornar o problema, a maioria (78%) tomou medicamentos e 55% optaram pela prática de exercício físico.

 

A Deco alerta que as intervenções para prevenir e tratar esta síndrome não estão bem estudadas, estando demasiado centradas no indivíduo e em pequenos grupos. E, com base em alguns estudos, aconselha a promoção de um ambiente mais participativo, um maior apoio das chefias e dar aos colaboradores uma maior sensação de segurança, controlo e recompensa.

Já em relação aos trabalhadores, defende-se que devem identificar os factores que causam o stress e discuti-los com os supervisores, mudar a atitude face ao trabalho e praticar actividades de que gostem fora do meio laboral.