- O emprego no setor da saúde humana e do apoio social registou um crescimento de 11% nos últimos seis anos e representa quase 10% do emprego total em Portugal.
- As entidades privadas de saúde cresceram 45% em dez anos e são responsáveis por empregar 63,6% do total dos profissionais.
- Os salários apresentaram os aumentos mais expressivos de toda a economia portuguesa e estão 13,6% acima da média nacional.
A Randstad Research apresenta uma nova radiografia ao mercado de trabalho no setor da saúde, com base nos dados mais recentes do INE, Eurostat e IEFP. O estudo analisa a evolução do emprego, remunerações e estrutura empresarial num setor que representa 9,7% do total do emprego em Portugal, confirmando-se como um dos maiores empregadores do país.
Os dados mostram que o mercado de trabalho na área da saúde vive um dos períodos de maior expansão da última década. O setor da saúde humana e apoio social empregava 524,5 mil pessoas no 2º trimestre de 2025, o que representa mais 51,9 mil postos de trabalho do que em 2019, um crescimento de 11% em seis anos.
A subcategoria “atividades de saúde humana”, que inclui hospitais, clínicas e consultórios, continua a ser o principal motor do emprego na área da saúde, concentrando 62% do total.
Entre 2021 e 2024 registou-se um crescimento constante de profissionais em todas as categorias profissionais: os médicos e médicos dentistas apresentaram o maior crescimento percentual (+9%) indicando um investimento na especialização e nas áreas clínicas. Por sua vez, farmacêuticos e enfermeiros registaram crescimentos de 7%, o que, embora seja percentualmente menor, representa um maior aumento em termos absolutos. Assim, em 2024 existiam 63.965 médicos, 85.499 enfermeiros, 10.786 farmacêuticos e 12.490 médicos dentistas.
O número de profissionais de saúde a trabalhar por conta própria (trabalhadores independentes) tem vindo sempre a aumentar desde 2010, em particular depois de 2018, ascendendo a 35,2 mil pessoas em 2024. Este facto mostra a predominância deste tipo de vínculo no funcionamento do setor da saúde em Portugal, que depende cada vez mais de profissionais liberais (médicos, enfermeiros e técnicos de diagnóstico e terapêutica).
O desemprego na área da saúde é residual e concentrado nos profissionais menos qualificados. Em agosto de 2025, estavam registadas 20.286 pessoas desempregadas na área da saúde, o equivalente a 6,7% do desemprego nacional.
Em termos de qualificações, o setor apresenta forte polarização, com 16,1% de quadros superiores, 22,3% de trabalhadores qualificados e 27,3% semiqualificados. Isto demonstra que, embora o núcleo médico e técnico continue central, as funções de apoio e cuidado direto ganham peso num contexto de envelhecimento populacional e maior complexidade das respostas sociais.
A saúde é o setor mais feminizado da economia portuguesa: 82% dos profissionais são mulheres.
O setor privado emprega 63,6% do total dos profissionais e cresceu 45% em dez anos
O setor privado emprega 63,6% do total dos profissionais da área da saúde (284,8 mil trabalhadores por conta de outrem). Já o setor público é responsável pelo emprego de 163,3 mil pessoas (36,4% do emprego total do setor). Isto evidencia que, embora o setor público seja crucial para a prestação de serviços de saúde em Portugal, a maior parte do emprego (referente apenas a TCO) é oferecido por entidades privadas.
O número de empresas ligadas à saúde e apoio social continua a crescer e registou uma expansão significativa na última década. Em 2023, existiam 118.558 entidades do setor da saúde, mais 2,2% do que no ano anterior e 45% acima do nível de 2013. Destas entidades, as que oferecem serviços na área da saúde humana representam 94,6% do total, mas o apoio social é o segmento que mais aumentou a base empresarial, impulsionado por microestruturas de proximidade e serviços domiciliários.
Salários dos profissionais da saúde aumentaram mais de metade na última década
A remuneração média na área da saúde atingiu 1.978 euros em junho de 2025, mais 18,7% do que no ano anterior e 54,8% acima dos valores registados em 2016.
Este é um dos aumentos mais expressivos de toda a economia portuguesa e coloca as remunerações do setor 13,6% acima da média nacional.
Esta evolução reflete a maior valorização das funções técnicas e clínicas, o impacto das políticas públicas de reforço salarial no Serviço Nacional de Saúde e o esforço das entidades privadas para reter profissionais num mercado com escassez de talento.
Na análise de Luísa Cardoso, Business Unit Manager responsável pela àrea de Healthcare, da Randstad, “o setor da saúde é hoje um verdadeiro pilar económico. A taxa de emprego e o aumento expressivo das remunerações revelam não apenas a relevância social do setor, mas também a sua capacidade de gerar valor e estabilidade. A valorização salarial, a recuperação do apoio social e a crescente presença privada são sinais de um setor em transformação, que precisa de continuar a investir em formação, retenção de talento e inovação organizacional. A escassez de profissionais, o envelhecimento da força de trabalho e o desequilíbrio de género são desafios estruturais, que exigem políticas ativas de qualificação, rejuvenescimento e maior diversidade no emprego.”
Para mais informações, consulte www.randstad.pt/randstad-research.