- Estrangeiros ocupam principalmente funções em setores com escassez de mão de obra ou que os portugueses tendem a não procurar;
- Em 2024, os imigrantes contribuíram com 3.645 milhões de euros e receberam apenas 687 milhões, resultando num saldo positivo de 2.958 milhões de euros;
- Quase 30% dos estrangeiros trabalham em funções não qualificadas;
- A população estrangeira triplicou em 10 anos.
A migração tem sido uma das temáticas centrais no debate público em Portugal, frequentemente associada a ideias feitas que nem sempre se confirmam nos dados. Para clarificar o impacto real da população estrangeira no mercado laboral português, a Randstad Research apresenta o estudo “Mitos e Realidades sobre a Migração e o Mercado de Trabalho”, onde confronta 10 das perceções mais comuns com dados oficiais do INE, IEFP, Eurostat e Segurança Social.
A imigração tem sido, nos últimos anos, um dos principais motores de rejuvenescimento demográfico, resposta à escassez de talento e sustentação do sistema de proteção social em Portugal. Em 2023, o número de estrangeiros residentes ultrapassou pela primeira vez 1 milhão de pessoas, representando 9,8% da população – três vezes mais do que em 2013. Mas será que os imigrantes retiram empregos aos trabalhadores nacionais? Serão menos qualificados? É verdade que sobrecarregam o sistema de Segurança Social? Este estudo analisa essas e outras questões com base em dados concretos dos organismos oficiais.
1.Os imigrantes ocupam os empregos dos portugueses
Mito. Os dados mostram que os estrangeiros ocupam principalmente funções em setores com escassez de mão de obra ou que os portugueses tendem a não procurar. Exemplo disso é a agricultura (6,2% estrangeiros vs. 2,4% portugueses), a hotelaria (18,3% vs. 8,7%) e as atividades administrativas e os serviços de apoio (20,8% vs. 9,8%).
2. Os imigrantes que vêm para Portugal têm qualificações mais baixas
Mito. Em Portugal, 31,6% dos estrangeiros têm ensino superior, valor superior à média da União Europeia (27,4%). Por outro lado, apenas 24,8% têm até ao ensino básico, contra 40,6% na média europeia. Estes dados mostram que o país tem vindo a atrair uma população qualificada.
3. Os portugueses estão mais sobrequalificados do que os estrangeiros para o tipo de trabalhos que realizam
Mito. Os estrangeiros em Portugal estão mais sobrequalificados para os trabalhos que realizam do que os trabalhadores portugueses. Enquanto a taxa de sobrequalificação para a população total é de 15,7%, esta percentagem dispara para 42,8% para a população estrangeira.
4. Os imigrantes sobrecarregam o sistema de Segurança Social
Mito. Em 2024, os imigrantes contribuíram com 3.645 milhões de euros e receberam apenas 687 milhões (em prestações sociais), resultando num saldo positivo de 2.958 milhões de euros. Longe de serem um encargo, são um contributo essencial à sustentabilidade do sistema de Segurança Social.
5. Os estrangeiros estão mais tempo desempregados do que os portugueses
Mito. A taxa de desemprego de longa duração é 16,7 pontos percentuais inferior entre estrangeiros: em 2024, apenas 20,2% dos desempregados estrangeiros estavam nessa situação, comparando com 36,9% na população total.
6. A migração em Portugal não é um fenómeno recente, estando a alcançar valores sem precedentes.
Realidade. A população estrangeira triplicou em 10 anos. Em 2023, eram 1.045.398 residentes legais, um crescimento de mais de 33% num só ano. Esta tendência confirma que a imigração é, hoje, um dos principais motores do crescimento populacional em Portugal.
7. Os imigrantes estão mais concentrados em “trabalhos não qualificados”
Realidade. Quase 30% dos estrangeiros trabalham em funções não qualificadas, o dobro dos portugueses (14,5%). Apesar do nível de escolaridade, muitos não conseguem aceder a funções correspondentes às suas competências.
8. A população imigrante em Portugal é mais jovem do que a população portuguesa
Realidade. Mais de 55% dos imigrantes têm entre 20 e 44 anos, enquanto apenas 29% da população portuguesa se encontra nessa faixa etária. A imigração está, assim, a compensar o envelhecimento acelerado da população.
9. A taxa de desemprego dos estrangeiros em Portugal é mais elevada do que a dos portugueses nativos.
Realidade. No primeiro trimestre de 2025, a taxa de desemprego entre estrangeiros era de 11,9%, quase o dobro da população total (6,6%). Esta diferença está associada a maior presença em setores sazonais e à falta de políticas de integração eficazes.
10. A contratação temporária e a tempo parcial é superior para trabalhadores estrangeiros
Realidade. 35,8% dos estrangeiros têm contratos temporários, mais do dobro da população total (15,9%). Também o trabalho a tempo parcial é mais comum entre trabalhadores migrantes. Estas duas realidades podem ser explicadas pelo facto dos profissionais estrangeiros serem mais jovens e estarem no mercado português há menos tempo do que os trabalhadores nacionais.
“Enquanto empresa especializada no mercado de trabalho, acreditamos que decisões informadas exigem uma leitura rigorosa da realidade. Este estudo demonstra, com base em dados concretos, que os trabalhadores migrantes são uma força vital para a economia portuguesa — contribuindo para o rejuvenescimento demográfico, preenchendo lacunas no mercado de trabalho e assegurando a sustentabilidade do sistema de proteção social. Ao promover uma compreensão mais informada, queremos combater mitos e valorizar o papel essencial que estas pessoas têm no desenvolvimento do país.” – Isabel Roseiro, Diretora de Marketing da Randstad Portugal.
O estudo completo pode ser consultado aqui: http://randstad.pt/randstad-research/migracao-e-trabalho-em-portugal-mi…