De acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE), o valor médio do rendimento bruto declarado deduzido do IRS liquidado por sujeito passivo foi de 8687 euros em Portugal, em 2017. Mas, entre municípios, os rendimentos variam entre os 5 481 e os 12 935 euros.

Dos 308 municípios portugueses, 64 apresentaram valores medianos do rendimento superiores à referência nacional, dos quais 15 verificaram valores acima de 10 mil euros, designadamente Oeiras (12 935€), Lisboa (11 212€), Cascais (11 130€), Entroncamento (10 648€), Alcochete (10 577€), Coimbra (10 566€), Almada (10 365€), Porto (10 327€), Vila Franca de Xira (10 313€), Évora (10 308€), Seixal (10 201€), Aveiro (10 129€), Marinha Grande (10 087€), Odivelas (10 078€) e Setúbal (10 043€).

Na cauda da lista, surgem seis concelhos, onde os rendimentos são os mais baixos a nível nacional, com valores anuais abaixo dos seis mil euros: Tabuaço (5998€),São João da Pesqueira (5949€), Santa Marta de Penaguião (5916€), Valpaços (5699€), Cinfães (5625€) e Resende (5481€). A diferença entre os valores de Oeiras e os verificados em Resende superam os sete mil euros.

Por sub-regiões, a Área Metropolitana de Lisboa (10 397€), a Região de Leiria (8895€), a Região de Coimbra (8826€), o Alentejo Central (8792€) e a Região de Aveiro (8742€) foram as que apresentaram os rendimentos medianos mais elevados e superiores à referência nacional, enquanto as sub-regiões do Alto Tâmega (6674€) e do Tâmega e Sousa (6984€) apresentaram os rendimentos medianos mais baixos, inferiores a 7 mil euros por sujeito passivo.

Relativamente ao coeficiente de Gini, indicador habitualmente utilizado para sintetizar o grau de desigualdade de uma distribuição de rendimentos, houve valores superiores à referência nacional em 34 municípios, dos quais 18 na região Norte, sete da Região Autónoma dos Açores, quatro na AML, dois na região Centro, dois na Região Autónoma da Madeira e um no Algarve.

 

os aumentos

Em relação a 2019, a Seresco revelou que, nos primeiros meses deste ano, o salário médio pago em Portugal subiu 118,56 euros. Destacou no entanto a disparidade em termos de género: enquanto o aumento médio em salários de homens rondou os 138,45 euros, o valor médio dos salários das mulheres não chegou aos 100 euros (93,38 euros), ou seja, menos 45 euros.

A análise da empresa especializada no processamento salarial e Recursos Humanos, baseada numa amostra de 2200 vencimentos mensais, destaca ainda que os maiores aumentos se fizeram notar nas funções de topo. No caso dos homens, os maiores aumentos nos salários verificaram-se em funções de Direcção e de Coordenação. Já nas mulheres, os crescimentos são referentes às funções de Vendas e de Customer Relations.

 

a nível global

Um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) revela que cerca de 10% dos trabalhadores concentram em si perto de metade do total dos salários a nível mundial. Por outro lado, os 50% mais mal pagos recebem apenas 6,4% do valor distribuído em ordenados.

Mais do que isso, os 20% dos trabalhadores que menos recebem (aproximadamente 650 milhões) ganham menos de 1% do total das remunerações laborais de todo o mundo. Segundo a OIT, este valor praticamente não mudou ao longo dos últimos 13 anos.

No quadro geral, a desigualdade salarial decresceu desde 2014, mas a OIT alerta que esta evolução não representa uma mudança real. Não diz respeito a reduções na desigualdade entre países mas, sim, a um aumento da prosperidade em economias emergentes de grande dimensão, como é o caso da China ou Índia. A nível nacional, a desigualdade parece estar, na verdade, a crescer.

Entre 2004 e 2017, a percentagem do total de ordenados pagos em todo o mundo com a classe média como destino caiu de 44,8 para 43%. No mesmo período de tempo, os 20% mais bem pagos viram a sua quota aumentar de 51,3 para 53,5%. Alemanha, Indonésia, Itália, Paquistão, Reino Unidos e Estados Unidos da América são os países onde os trabalhadores mais bem pagos passaram a receber ainda mais.