Um inquérito da Gartner revela que as prioridades dos CEO estão lentamente a mudar para enfrentarem os novos desafios do mundo dos negócios.

 

O inquérito “CEO and Senior Business Executive Survey 2019”, realizado pela Gartner a 473 CEOs e executivos seniores (de empresas com 44 milhões de euros ou mais e 60% com 900 milhões de euros ou mais em receitas anuais), no quarto trimestre de 2018, analisou questões empresariais, assim como algumas áreas de impacto tecnológico.

O estudo revela que o crescimento continua a estar no topo da sua lista das prioridades para este ano e o próximo. A mudança mais notável, em comparação com os resultados do ano anterior, é que um número crescente de CEOs vê as prioridades financeiras como importantes, principalmente as melhorias na rentabilidade.

«Após uma queda significativa no ano passado, as referências ao crescimento aumentaram este ano para 53%, depois de terem estado nos 40% em 2018», afirma Mark Raskino, vice-presidente e analista na Gartner, no artigo publicado na empresa de pesquisa e consultoria. «Isto sugere que os CEO mudaram o seu enfoque para o desempenho táctico à medida que o futuro se revela menos promissor.»

Ao mesmo tempo, também aumentaram as menções a prioridades financeiras e gestão de custo e de riscos. «Contudo, não vemos os CEO a cortar significativamente nos custos em diversas áreas de negócio. Têm noção dos desafios económicos crescentes e procedem com cautela – não se estão a preparar para uma recessão», acrescenta o responsável.

 

Novas oportunidades de crescimento

Os resultados do inquérito revelam que uma solução popular para épocas de crescimento lento é olhar para outras localizações geográficas. As respostas mencionaram outras cidades, estados, países e regiões, assim como “novos mercados” com alcance geográfico (embora um novo mercado possa também significar em termos de sector, ou virtual).

«É natural procurar outras localizações para assegurar o crescimento quando os mercados tradicionais e domésticos estão saturados ou em queda», explica Raskino. «Contudo, este ano, o factor internacional desse alcance é complicado e composto por uma mudança na paisagem geopolítica. Vinte e três por cento dos CEO vêem o impacto significativo dos recentes desenvolvimentos nas tarifas, quotas e outras formas de controlo comercial nos seus próprios negócios. Outros 58% dos CEO estão preocupados com esta questão, o que sugere que mais CEO calculam que terá impacto nos seus negócios, no futuro.»

Outra forma de diminuir a queda no crescimento e nas margens é procurar a diversificação – o que cada vez mais significa a aplicação de negócios digitais para oferecer novos produtos e canais geradores de receitas. O estydo indica que 82% dos inquiridos confirmam ter uma iniciativa da gestão ou um programa de transformação para tornar as suas empresas mais digitais – uma subida dos 62% de 2018.

 

Confiança na tecnologia

A gestão de custos subiu das prioridades dos CEO, da 10.ª posição, em 2018, para 8.ª, actualmente. Quando inquiridos sobre os seus métodos de controlo de despesa, 27% dos gestores citaram a capacitação da tecnologia, assegurando o terceiro lugar após medidas para as pessoas e para a organização, como os prémios e a gestão de despesas e do orçamento. Todavia, quando questionados quais as acções de produtividade e eficiência, os CEO sentiram-se mais inclinados para pensarem na tecnologia como uma ferramenta:47% dos inquiridos mencionaram a tecnologia como uma das duas principais formas de melhorar a produtividade.

 

Competências digitais para todos os executivos

Os resultados do inquérito mostram ainda que os CEO temem que alguns dos cargos executivos não tenham competências digitais sólidas ou até suficientes para enfrentarem o futuro. Em média, os CEO acreditam que as vendas, o risco, a cadeia de abastecimento e os recursos humanos são as áreas que mais precisam de competências digitais.

Assim que todos os líderes executivos se sentem mais confortáveis na esfera digital, terão de ser desenvolvidas novas capacidades para executar as suas estratégias de negócio. Quando inquiridos sobre as competências digitais que a empresa precisa de desenvolver mais, 18% dos CEO nomearam a gestão de talento, seguido de perto por capacitação tecnológica e digitalização (17%) e centralidade de dados ou gestão de dados (15%).

«As decisões centradas nos dados são uma mudança cultural e adequada essencial num sistema de gestão que espera prosperar na era digital. Os executivos devem ser um exemplo e encorajar e apoiar a centralidade e a literacia dos dados nas suas unidades de negócio e na organização como um todo», conclui Mark Raskino.