• Portugal é o 2.º país mais envelhecido da União Europeia, com 38% da população acima dos 55 anos e projeções que apontam para quase metade até 2050.
  • Os profissionais séniores representam 20% da força de trabalho nacional, com taxas de atividade e emprego superiores à média portuguesa.
  • Por cada 10 profissionais que saem para a reforma, entram menos de 7 jovens, o que reforça a necessidade de políticas para prolongar a vida ativa e valorizar o talento sénior.

A Randstad Research apresenta hoje um relatório dedicado ao talento sénior (55 a 64 anos) e ao seu papel no mercado de trabalho português.

O estudo analisa a evolução demográfica e laboral deste grupo etário, destacando o peso crescente dos profissionais séniores e o impacto estrutural que terão na economia nacional nas próximas décadas.

Portugal enfrenta atualmente um duplo desafio: o envelhecimento acentuado da população e a dificuldade em reter talento em setores estratégicos. Neste contexto, o talento sénior surge como protagonista, sendo simultaneamente parte da transformação demográfica e uma resposta essencial à escassez de profissionais qualificados.

Quase metade da população portuguesa terá mais de 55 anos em 2050

A estrutura demográfica portuguesa revela uma tendência clara de envelhecimento. Em 2024, 38% da população nacional tinha mais de 55 anos, e as projeções indicam que, até 2050, esse valor subirá para 46%, o equivalente a quase metade dos habitantes do país. No mesmo período, a população com menos de 30 anos deverá diminuir em mais de 600 mil pessoas, passando a representar apenas um quarto do total nacional.

No contexto europeu, Portugal destaca-se como uma das sociedades mais envelhecidas. Com 38,1% da população com mais de 55 anos, ocupa o 2.º lugar na União Europeia, apenas atrás da Itália, e acima da média comunitária (35,5%). Mesmo em 2050, com a descida para o 4.º lugar, o país continuará bem acima da média europeia (45,9% vs 41,6%), permanecendo entre as nações onde o desafio demográfico será mais premente.

O grupo sénior duplicará, assim, em relação ao grupo dos mais jovens, invertendo o perfil demográfico do país.

Esta realidade tem um impacto no mercado de trabalho. Os profissionais com mais de 55 anos já representam uma parcela substancial dos profissionais ativos, e a sua importância deve continuar a crescer dada a evolução do emprego e o contexto demográfico.

Um em cada cinco trabalhadores portugueses tem entre 55 e 64 anos

Os profissionais séniores representam hoje 19,6% da população ativa, o valor mais alto de sempre. Em 2024, 1,07 milhões de pessoas com mais de 55 anos estavam ativas, o que significa que uma em cada cinco pessoas no mercado de trabalho pertence a esta faixa etária.

A população empregada nesta faixa etária também alcançou um máximo histórico, com 19,8% do total de empregados, mais 6,2 pontos percentuais do que há uma década. Em termos absolutos, o número de trabalhadores séniores quase duplicou em dez anos.

A composição por género é equilibrada (50,4% mulheres e 49,6% homens), refletindo o peso crescente da longevidade feminina no emprego.

Maiores vulnerabilidades no desemprego e na reintegração

Apesar dos progressos, os profissionais séniores enfrentam barreiras mais elevadas à reintegração laboral.  Em 2024, havia 63.500 desempregados com mais de 55 anos — menos do que em 2014, mas com um peso crescente no total de desempregados (de 14,2% para 18,1%).

A situação é particularmente crítica no desemprego de longa duração: 28,8% dos desempregados há mais de um ano têm mais de 55 anos, o valor mais alto entre todos os grupos etários.

Por cada 10 profissionais que saem para a reforma, entram menos de 7 jovens

A taxa de renovação geracional, que compara o número de jovens (10–19 anos) com o de adultos entre os 55 e 64 anos, mostra um desequilíbrio estrutural da força de trabalho.  

Portugal apresenta a 4ª pior taxa da UE (68%), o que significa que, no futuro próximo, o país não terá substituição natural para as saídas por reforma, existindo apenas 7 jovens para cada 10 profissionais prestes a deixar o mercado de trabalho. 

Este défice estrutural de talento acentua o desafio demográfico e obriga Portugal a depender de forma crítica do prolongamento da vida ativa dos seus profissionais séniores, bem como da imigração de jovens trabalhadores, para evitar uma contração da sua força de trabalho.

“Portugal enfrenta o envelhecimento populacional como o seu maior dilema de sustentabilidade social e financeira, com a pressão sobre a Segurança Social e a Saúde a atingir níveis críticos. Contudo, a solução não reside apenas em cortes ou reformas restritivas, reside sobretudo na ativação estratégica de uma economia orientada às atividades, produtos e serviços que devem ser desenvolvidos para satisfazer as necessidades e potenciar o consumo destes profissionais, refere Érica Pereira, diretora da área de Professional Talent Solutions da Randstad. “O talento sénior deve ser visto como um contributo de receita e inovação. Ao promover o emprego sénior, o consumo ativo e a longevidade saudável, estamos a alargar a base contributiva e a reduzir a dependência, transformando a demografia numa alavanca para a equidade intergeracional”, acrescenta. 

Para mais informações, consulte www.randstad.pt/randstad-research.