Uma das tendências que tem vindo a marcar o mercado de trabalho é a relevância cada vez maior atribuída a políticas de Diversidade, Equidade & Inclusão, não só numa perspetiva de atração de talento mas, também, como vetor na sua retenção. Não é novidade que, à data, os profissionais procuram muito mais do que o salário. Procuram organizações comprometidas, com valores, e onde, idealmente, até exista um alinhamento de propósito – individual com o da empresa. 

A mais recente edição do estudo Workmonitor 2024, promovido pela Randstad, evidencia isto mesmo: mais de um terço dos inquiridos (38%) não aceitaria um emprego se não concordasse com as opiniões da liderança da organização, e se a empresa não estiver alinhada com os seus valores ambientais e sociais. E mais ainda, a grande maioria (66%) afirma que os valores e propósito do seu empregador são um critério relevante para si.

Ora, já são algumas as empresas que reconhecem esta preocupação e que, por isso, procuram marcar uma posição a este nível – através do desenvolvimento de práticas e políticas que promovam a igualdade de oportunidades, que potenciem um ambiente de trabalho diverso e onde os colaboradores possam, diariamente, trazer para o trabalho, aquilo que são a 100% enquanto pessoas.

workmonitor 2024 - repensar a ambição
workmonitor 2024 - repensar a ambição

Quando questionados, sobre as práticas de equidade mais relevantes para si, em contexto organizacional, o Workmonitor revela que os inquiridos destacam, significativamente (65%), a equidade salarial de género, 45% evidencia uma preocupação com licenças parentais e 42% reforçam a importância de uma força de trabalho diversa.

Naturalmente, aquilo a que assistimos, é que este é um caminho ainda em construção. Não há organizações perfeitas, e as empresas são feitas de pessoas (que têm, apesar do racional, os seus receios, estereótipos e formas díspares de encarar temas diversos). E, por isso, ainda são 26% os inquiridos que reconhecem que não se sentem confortáveis em partilhar os seus pontos de vista pessoais, em contexto organizacional, com receio de julgamentos e de serem discriminados.  Inclusivamente, um quinto dos respondentes reconhece que assume uma postura/personalidade diferente pessoal e profissionalmente. Quando analisamos numa ótica geracional é curioso verificar que a maioria dos inquiridos confessa que não partilha, ou esconde, aspetos pessoais no trabalho (baby boomers 45%, gen X 51%, millennial 61%, gen Z 67%). 

Materializa-se a expressão: “faz o que eu digo, não faças o que eu faço”. É muito fácil, em teoria, procurarmos sedimentar todas estas questões mas, na prática, existem ainda, em muitas empresas e realidades, longos caminhos a percorrer a este nível. Não vivemos num mundo utópico e são vários os exemplos que continuamos a ter diariamente  dos desafios existentes, quanto a estes temas da diversidade & equidade, em contexto organizacional. Não obstante, o haver uma consciencialização do as is e de onde, efetivamente, queremos estar é o primeiro passo.

saiba tudo sobre as tendências do talento para 2024 com o workmonitor da Randstad

download do workmonitor

É importante vermos, como em tudo na vida, o copo meio cheio. Não é olhar para o que não somos capazes, mas sim para o que somos. É perceber, genuinamente, que as diferenças podem trazer vantagens, inclusivamente, vantagens competitivas, quando olhamos o tema numa perspetiva de negócio. As empresas servem, na sua maioria, consumidores. Consumidores que são igualmente diversos, que valorizam sentir-se representados. Nada como ter equipas que espelham pontos de vista diferentes, que tragam diferentes experiências para dentro da organização e possibilitem capitalizar esta diferença.

Empresas e colaboradores não estão dissociados. Os colaboradores não esperam que todos estes temas sejam da responsabilidade exclusiva dos seus empregadores. O Workmonitor 2024 revela que as pessoas querem fazer a sua parte e contribuir para promover as melhorias e mudanças necessárias. São as pessoas a verdadeira força das organizações, e isso não é segredo para ninguém.  São as pessoas que fazem a diferença e as equipas que impulsionam projetos promovendo o desenvolvimento das empresas que representam.

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sofia valentim
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sofia valentim

manager, professionals