A Gelpeixe é uma empresa assumida e marcadamente familiar, que, apesar de já ter atingido os 200 colaboradores, mantém a cultura de informalidade, apostando numa gestão de proximidade ao colaborador, assente em seis valores, a que chamam de trevo da sorte: Família, Qualidade, Know-How, Sustentabilidade, Responsabilidade e Inovação. Conscientes dos desafios atuais, têm «investido muito na capacitação dos líderes», de forma a prepará-los para lidar com a mudança.

Com 41 anos de história, e sendo 100% nacional, a Gelpeixe emprega atualmente 180 pessoas. Como tem sido o vosso crescimento?

Ao longo destas mais de quatro décadas, o crescimento tem sido planeado numa base de sustentabilidade. O nosso objetivo primordial sempre foi o de ser melhor, fazer melhor, mantendo-nos fiéis aos nossos valores e princípios, garantindo a solidez da empresa, e não necessariamente em ser maior. O nosso crescimento está espelhado na árvore da vida que temos na entrada da empresa. Esta obra nasceu de um discurso do fundador, o senhor Francisco Tarré, que aquando da celebração dos 25 anos da empresa, comparou a Gelpeixe a uma árvore que foi plantada por ele e pelos filhos, e que foi crescendo, forte e robusta, com a ajuda de todos os que nela trabalharam e trabalham, sendo os colaboradores simbolizados pelas suas folhas. Esta árvore foi construída com recurso ao aproveitamento das paletes de madeira, que são utilizadas na nossa logística, e está preparada para crescer em número de ramos e folhas, sempre de forma sustentável.

Quais os fatores que têm sido fundamentais para assegurar esse crescimento?

Têm sido fundamentais a este crescimento um planeamento muito realista, uma gestão rigorosa e a decorrente solidez financeira, uma visão disruptiva do setor, tendo sempre por base uma cultura familiar muito forte e uma equipa verdadeiramente implicada com os valores e objetivos da empresa.

A transformação digital já não é futuro, é presente. De que forma tem influenciado a vossa atividade e o vosso dia-a-dia?

A transformação digital tem influenciado o nosso dia-a-dia em todas as vertentes. Começou com a reflexão sobre a maturidade digital da nossa organização, com o investimento em conhecimento e formação específica e na infraestrutura dos sistemas de informação e tecnologia. A par, temos desenvolvido algumas dinâmicas de inovação, com o intuito de repensarmos de forma global o modelo de negócio da empresa, e de que forma podemos gerar receita e margem num mundo digital, bem como o reequacionar de novas áreas de negócio. 

Nos setores mais operacionais, temos ganho eficiência organizacional com a substituição de processos de realização manual, alguns com risco para os colaboradores, por fluxos de trabalho automatizados. A nível global das áreas da empresa tem-se refletido na desmaterialização dos documentos, na melhor estruturação e disponibilização de dados e na criação de métodos mais ágeis de organização e de gestão colaborativa.

Os vossos colaboradores têm aceitado bem essas mudanças?

Tem sido um processo desafiante, como qualquer processo de mudança, mas tem sido muito bem aceite. Temos colaboradores de diversas gerações na empresa, e se para os millennials pensar digital já faz parte do seu ADN, para as gerações mais antigas o digital traz muitas vezes dúvidas e receios. Temos procurado envolver e desafiar todas as gerações neste projeto, investindo no seu desenvolvimento, por forma a estarem alinhados para unir conhecimentos e habilidades de uma forma positiva. E, de facto, o resultado tem sido muito positivo.

Mais concretamente em relação à gestão das vossas pessoas, o que tem mudado, motivado pelo digital?

Ao nível da Gestão de Pessoas, temos investido muito na capacitação dos nossos líderes, a todos os níveis. Estes têm de estar preparados para lidar com a mudança, promover a motivação e o engagement das equipas, e promover uma cultura verdadeiramente colaborativa. Temos introduzido novas ferramentas de comunicação e gestão colaborativa – Skype, Facebook, Instagram, Office 360, entre outras –, investido em muita formação e coaching e na criação de equipas multidisciplinares, com perfis diferentes, que contribuam para criar um clima de inovação com a conjugação de diferentes perspetivas.

E as vossas políticas de Recursos Humanos, como têm evoluído?

As nossas políticas de Recursos Humanos têm evoluído por forma a responder às necessidades dos colaboradores e da empresa, e estão também a beneficiar gradualmente da transformação digital, como é o caso da comunicação interna, o aumento do contacto com os colaboradores e a digitalização de alguns processos. 

Atualmente, o que assumem como prioritário neste âmbito?

Neste momento a prioridade assenta na Política de Desenvolvimento de novas competências. Face aos novos desafios, temos sentido a necessidade de criar novas funções, recorrendo à entrada de novos colaboradores, que tenham as competências e a experiência necessárias, ou pela capacitação de colaboradores internos com o perfil adequado aos novos desafios. Neste âmbito, temos também apostado no desenvolvimento de parcerias com diversas universidades, que nos têm possibilitado apresentar aos seus alunos alguns desafios da empresa, aos quais terão de responder. Destes têm resultado trabalhos interessantíssimos e até a integração em estágio ou recrutamento de alguns deles.

Que boas práticas destacaria na Gelpeixe em termos de Gestão de Pessoas?

Destaco a política de proximidade e acompanhamento ao colaborador, o pacote de benefícios sociais, a aposta no desenvolvimento dos colaboradores e as políticas de segurança, e saúde e bem-estar.

Dessas políticas, quais as mais valorizadas pelas pessoas?

A gestão de proximidade que fazemos, acompanhando os colaboradores em todos os momentos da sua vida profissional e pessoal, de forma a podermos corresponder como verdadeira família. E o pacote de benefícios sociais.

O que diria que distingue a cultura da Gelpeixe?

A cultura da Gelpeixe distingue-se pela sua raiz marcadamente familiar e pela gestão de proximidade ao colaborador, assente em seis valores a que chamamos o nosso trevo da sorte: Família, Qualidade, Know-How, Sustentabilidade, Responsabilidade e Inovação. Porque, para nós, a sorte faz-se, e assenta nestes valores. Mesmo tendo atingido já os 200 colaboradores, procuramos manter a cultura de informalidade, de fácil acesso e comunicação entre todos. 

Qual a importância que a Gestão de Pessoas assume no negócio?

A Gestão de Pessoas é fundamental, pois as pessoas são a alma deste negócio. 

Quais os maiores desafios, num e noutro caso?

Os maiores desafios na Gestão de Pessoas passam pelo desenvolvimento e capacitação das pessoas para os novos desafios e mudanças, que se refletirão necessariamente no futuro do negócio.

Entrevista a Emília Aguiar, directora de Recursos Humanos da Gelpeixe